Amor de Presente

Capítulo 02

Thais

Só percebo que estou prendendo a respiração quando minha cabeça dá uma pontada.

 Esse deus é meu novo chefe?

   Respira menina, só respira.

 Ele me encara com seus olhos azuis como se pudesse ler a minha mente. E tomara Deus que ele não possa, senão está me achando a maior tarada do mundo!

 Eu fico séria retribuindo seu olhar, mas por dentro estou tentando me manter em pé. Não tem como não notar que de perto ele é mais lindo ainda. O rosto é perfeito, o nariz é reto e pequeno, sua boca é linda, os lábios são levemente cheios e parecem ser macios.

Como será o beijo dele? Com essa boca deve ser perfeito!

   Sinto minhas bochechas esquentando quando me dou conta do caminho que meus pensamentos estão tomando.

Quando toco a mão dele, sinto um arrepio subir pelas minhas costas, e se alojar no meu estômago. Ele tem um aperto de mão firme. Sua mão é macia e quente. Heitor segura a minha mão, que está gelada mais pelo efeito causado por ele do que pelo clima frio, e não à solta. Olho em seus olhos, e o reboliço em meu estômago se intensifica. Ele é lindo e alto, bem mais alto que eu, se bem que isso não é grande coisa se levar em conta meus 155cm e mais os 10 centímetros de salto.

Respiro fundo tentando me acalmar, o que só piora a situação. Além de lindo, o filho da mãe é cheiroso.

O pacote perfeito!... Perfeito para eu me meter em confusão!

Thais você já tem problemas que chega! Sem essa de ficar de gracinha com o chefe!

Puxo a minha mão e cruzo os braços.

Ele se afasta e encosta o quadril na mesa, se apoiando ali e cruzando os braços sobre o peito largo. Meu Deus, qual a necessidade de ser lindo?

Questiono sobre o Sr. Pedro e Cassandra, mas sinceramente nem ouço o que ele diz, porque os meus olhos insistem em passear por aquele corpo lindo. O terno cinza se acentua em toda a extensão do seu corpo. Os braços fortes esticam o tecido, repuxando-o. A calça envolve as pernas e se ajusta perfeitamente, e também repuxa o tecido quando ele cruza os pés na altura dos tornozelos. Lentamente volto o olhar para seu rosto. Quando nossos olhos se encontram sinto meu rosto esquentando e minhas bochechas pegando fogo.

Ótimo sua tapada, agora ele vai achar que você além de ser irresponsável por chegar atrasada é uma tarada!

Ele sorri novamente, fazendo meu estômago se agitar. Eu devia ter comido alguma coisa, agora estou com o estômago estranho querendo ganhar vida e pular para fora do meu corpo.

Heitor pergunta o meu nome e dá um passo em minha direção. Seus olhos me intimidam e eu respondo com um fio de voz. Sei lá onde minha capacidade de falar foi parar. Só sei que preciso sair daqui antes que eu derreta de vergonha ou pule no colo do meu novo chefe.

Saio da sala trombando com a porta e deixo aquela visão da perfeição masculina ali dentro. Ando pelo corredor sentindo meu corpo quente apesar das roupas molhada e do ar gelado.

Meu Deus, o que é isso que aconteceu aqui? De onde saiu esse deus? Dos meus sonhos, só pode ser. Eu sempre soube que se pedisse com fé Deus me ouviria.

O que você está pensando sua tonta? Ele é seu chefe, para de graça!

         Balanço a cabeça e volto para a recepção me sentindo uma retardada pela forma que meu corpo reagiu na frente do meu novo chefe. Quando foi que eu fiquei tão b***a? Ele é lindo, mas é meu chefe.

        Se bem que seria uma delícia beijar aquela boca perfeita....

Balanço a cabeça, desfazendo o pensamento.

Eu só posso estar ficando louca mesmo!

Ligo o meu computador e me sento olhando para os papéis esparramados sobre a minha mesa. Eu devia ter deixado a mesa arrumada ontem, mas eu também não devia ter me atrasado de novo, então...

Dou de ombros para mim mesma achando um máximo a minha justificativa. Segundo Victor, esse era o motivo para eu sempre me atrasar, eu sempre arrumo uma desculpa para me convencer de que não é tão grave assim.  Paro de arrumar os papéis e olho para frente. Rebeca me olha e ergue a sobrancelha perfeita, após alguns segundos revira os olhos e volta a digitar em seu computador.

Preciso justificar meu atraso!

 Vou ter que voltar na sala dele... Vou ter que olhar para aquele corpo de novo… Como foi que meu trabalho passou a ser tão interessante?

Meu celular vibra me tirando de meus pensamentos. Olho no visor e a foto de Rafaela aparece.

Rafa:> Oi amiga.... Adivinha...

Thais:> Oi Rafa...

Rafa:> Credo que desânimo... o que está acontecendo aí? Cassandra te obrigou a limpar o banheiro com a língua?

Thais:> Não.... Ela e Sr. Pedro se afastaram e deixaram o neto insuportavelmente lindo no lugar.

Rafa:> Ualllll.... Presente de Natal adiantado? Me manda uma foto dele.

Thais:> Ah lógico!

Guardo o meu celular na gaveta. Só Rafaela para pedir uma foto do meu chefe. Ela nem falou o que ia contar. Reviro os olhos e volto ao meu trabalho.

Heitor

  A recepcionista é ela!

 Olho novamente a foto em que Thais aparece rindo e olhando para longe. Estou encantado com a minha recepcionista. Há algo em seu olhar que me prende.

Passo as mãos pelo cabelo e respiro fundo. Melhor deixar a minha funcionaria em paz e iniciar meu trabalho. Abro os arquivos e os gráficos que meu avô me enviou por e-mail e começo a analisá-los. Há muito trabalho a ser feito e em pouco tempo me empolgo e mergulho nos meus relatórios.

 Não sei quanto tempo passou quando ouço uma batida na porta. Ergo a cabeça e vejo Thais entrar com uma xícara de café nas mãos. Ela coloca o café na minha frente, ao lado dos papéis e se senta na cadeira ao lado oposto da mesa.

    — Sr. Heitor primeiro eu quero me desculpar pelo atraso. Isso não é rotineiro, eu garanto.  — Ela aperta as mãos uma nas outra deixando aparente seu nervosismo. — E queria pedir também, que se caso o senhor esteja pensando em me substituir, preciso de um tempo para que eu encontre outro emprego... — Eu solto a caneta e me encosto na cadeira observando-a. — Não posso ficar sem trabalhar, moro sozinha e dependo do meu salário.

    Ela fala, fala e fala enquanto retorce as mãos. A minha vontade é de agarrá-la e fazer ela calar aquela boca deliciosa, de encostá-la na parede e sentir aquele corpo perfeito em meus braços, mas me contenho.

Thais não me olha, mantém os olhos baixos, focados em suas mãos. Debruço-me sobre a mesa, aproximando meu rosto dela, respiro fundo e sinto seu perfume adocicado, fico olhando como sua boca se mexe quando ela fala.

 Como eu queria beijá-la ....