FLORA
- Quem é você? - falo levantando do chão e ele tenta se aproximar e me afasto.
- Eu posso explicar
- E tem como explicar isso aqui?
- Espero que você entenda, eu tentei te poupar disso... eu não queria te assustar
- Então falhou, porque estou extremamente assustada
- Vamos conversar, me deixa pelo menos tentar explicar.
- Vamos pra sala, eu não aguento mais olhar pra essas coisas aqui - ele arrasta a cama cobrindo aquelas caixas e saio do quarto a caminho da sala e ele vem logo atrás.
(...)
- O que você tem a ver com aqueles caras que mandaram o bilhete mais cedo?- ele respira fundo antes de falar.
- Eu trabalho pra eles
CHRISTIAN
- Você faz o que fizeram com o
Davi? - ela me olha aterrorizada
- O Símbolo? - ela concorda com a cabeça - Não, esse não é meu serviço
- Você mata pessoas?
- Sim - a feição dela que esta com medo de mim, so faz tudo piorar
- Você ja matou quantas pessoas? - a voz dela começa a ficar tremula, eu nem consigo responder a pergunta
dela - Muitas? mais de 50?
- Muito mais - assim que eu falo ela levanta do sofá com a mão na boca chocada.
- Você é um mostro, porque você faz isso?
- Eu sou obrigado a fazer isso
- A troco de que?
- Da vida
- Porque você faz isso?
- Não faço por prazer, nunca foi... faço como um p*******o da divida do meu irmão
- Que irmão? eu nem sabia que você tinha um irmão... meu Deus que
loucura, você so mente pra mim, com quem eu estava esse tempo
inteiro?- ela fala andando pra la e pra
ca - você é maluco, um psicopata, um assassino... eu sambei com uma Itaipava na mão, em cima da cruz, não é possível... eu so encontro coisa r**m, eu so queria ser feliz com alguém, de traficante a um assassino profissional, daqui a pouco chego no mafioso.
- Senta aqui e deixa eu explicar pra você
- Você ainda quer justificar? Eu confiei em você, eu praticamente entreguei minha vida a você, e por coincidência você tira a vida das pessoas.
- Eu preciso justificar, so me ouve por favor, depois você toma sua decisão, não vou te tirar esse direito - ela respira fundo e finalmente senta no sofá, mas bem distante de mim, então eu começo a contar minha historia pra ela - Eu nasci na Coreia do Sul, eu vivia com meu irmão mais velho, minha mãe e meu pai. Ele trabalhava em uma empresa coreana, e a gente se mudava as vezes, mas so de cidade, até que meu pai foi transferido pros Estados Unidos. A nossa relação não era muito boa, principalmente com o meu irmão, e quando ele foi morar fora, a gente achou que nossa vida finalmente iria mudar, em questão financeira e principalmente, não ter aquela figura ardilosa em casa. Estava tudo certo, ate que com no mínimo um ano ele começou a sumir, so ligava pra minha mãe as vezes e era coisa rápida, e minha mãe decidiu ir com a gente pros Estados Unidos, e fomos, sem nada, so com a confiança da minha mãe que a gente iria encontrar ele lá, mas chegando lá ele não estava, nem o nome dele a empresa reconheceu, então ele dai sumiu de vez, a gente não tinha dinheiro pra nada, o ultimo dinheiro que ele mandou foi gasto na viagem, conseguimos ainda ficar dois dias em uma pensão, depois foram dois meses morando na rua.
Pouco tempo depois meu irmão conseguiu uma casa pra gente morar, segundo ele tinha conseguido um trabalho, estávamos morando na rua, não tínhamos muito o que exigir ou questionar, eu tinha 14 anos na época, então eu so estudava, e ate que a tragédia aconteceu, em uma noite vários homens invadiram a nossa casa atirando, eles apontaram a arma nas nossas cabeças e em questão de segundos, o meu irmão estava no chão, eles mataram ele ali, na nossa frente. E foi ai que eu fui atrás deles, eles no começo não queriam me aceitar, mas no final decidiram me treinar, eu vi o que era o inferno de perto e quis sair, e foi ai que eu descobrir que eu estava ali pra pagar a divida do meu irmão, nesse meio tempo eu conheci uma pessoa lá e foi ai que eu aprendi a sua língua, porque ela era brasileira, mas ter casos lá era proibido e eu fui transferido pra cá, eu so tenho 4 anos aqui, e nesses quatros anos eu conheci o Guilherme por exemplo, e como você mesma viu, minha mãe ficou muito debilitada com tudo que aconteceu, e eu sou a única pessoa que ela tem, eu vivo a 12 anos em um inferno, so esses últimos anos que eu vim pro Brasil que soube o que é família, o que é amizade, o que é amor, e esses meses com você tem sido a época mais feliz da minha vida.
- Porque você procurou eles? - ela pergunta ja com as lagrimas escorrendo no rosto.
- Se eu não tivesse procurado eles eu nem estaria aqui, assim que eu cheguei na sede a minha foto e da minha mãe estava junto com as próximas vitimas.
FLORA
- Você não pode sair?
- Ja tentei, mas não é tão fácil assim, mas eu deixei claro pra eles que meus serviços ja terminaram e eu vou sair
- Se não é tão fácil assim, eles não vão te deixar sair
- Eu vou sair, custe o que custar
- O que? a sua vida? a da sua mãe? a minha? porque eu sei bem como bandido funciona, eu cresci rodeada de traficantes e com eles não deve ser diferente, eu sinto muito mas não da Christian, não da pra viver com você sabendo que você pode morrer a qualquer momento, ou eu morrer a qualquer momento, e pior... você mata pessoas a sangue frio a todo momento, eu não tenho cabeça e nem coração pra isso, que você consiga encontrar alguém que entenda sua realidade, mas essa pessoa não sou eu - ele não diz nada e nem olha na minha direção.
- So saiba que eu te amo, mas não vou te obrigar a viver isso - não falo mais nada e saio, quando fecho a porta não consigo segurar as lagrimas.