CHRISTIAN

1220 Words
Pov Christian Eu nasci na Coreia do Sul, especificamente na cidade de Busan... éramos eu, meu irmão mais velho, minha mãe e meu pai. Éramos uma família tradicional coreana, até meu pai ser transferido pros Estados Unidos. Meu pai sempre foi muito rígido e exigente... ele não media esforços pra tentar "educar" a gente da melhor maneira. Apanhamos todos os dias, mas não era aquele tapinha de consolação não... a gente apanhava de pedaço de p*u, t**a na cara, ajoelhar no milho, chicote... no verão éramos as únicas crianças que não usava roupa de calor, pois tínhamos marcas por todo o corpo. Meu pai so se sentia satisfeito quando via o sangue saindo, quanto mais a gente chorava... mais ele batia. Até a última vez que ele nos bateu, um dia antes dele ir pros Estados Unidos apanhamos por não se curvar a ele o "suficiente", segundo o próprio estávamos faltando com o respeito. Aquela vez foi a ultima vez que apanhei dele, cada vez que ele nos batia mais raiva saia do meu corpo... mas uma lágrima não saiu, não emetiamos sons nenhum, não tinha choro, não tinha grito...não tinha nada, so se escutava o som da madeira sendo quebrada em nossas costas. E ele se frustrou, ele não estava mais sentindo prazer... o prazer dele era nos ver gritar e implorar pra parar... mas ao contrário disso, ele so recebeu o silêncio... então ele parou, do nada ele parou e foi em direção ao quarto, mas antes dele subir as escadas ele nos olhou. Olhei no fundo dos olhos dele, como nunca tinha feito antes por não ter permissão... e aquele momento ele viu que perdeu seus dois filhos. Ele finalmente foi embora pros EUA, e ali achamos que nossa vida iria melhorar... mas foi um engano nosso. Já fazia um ano que ele estava trabalhando la, não tivemos mais contato... ele conversava com minha mãe por vídeo chamada e apenas. Ele nunca pediu pra falar com a gente e também não fazíamos questão de tal ato. Minha mãe estava começando a ficar paranoica, que meu pai tinha traído ela...que ele estava com outra família, e aos poucos ele foi parando de ligar e de se importar... sempre dizia pra ela que estava muito ocupado. Minha mãe endoidou e decidiu ir pro Estados Unidos atrás dele... porém tem um detalhe não éramos uma família rica, éramos bem pobre inclusive. Partimos pros Estados Unidos, sem moradia, sem destino, sem dinheiro... única coisa que minha mãe tinha era o endereço da empresa que meu pai estava trabalhando, ele seria nossa salvação. - Fala pra ele que queremos falar com o Seung - por eu ser o único a falar inglês fluente, eu era a voz da minha mãe aqui... sempre fui muito dedicado as coisas que eu quero e aprendi inglês sozinho. - O Senhor Seung está ai? Aqui é a família dele. - Não tem nenhum Seung trabalhando aqui - ele fala e traduzo pra minha mãe. - Não é possível, ele disse que era aqui. - Tem outras franquias dessa empresa aqui? - pergunto ao segurança. - Não, nos Estados Unidos é a única por enquanto. E aquela foi a ultima vez que "ouvimos" falar sobre ele... ele não atendia mais os telefonemas da minha mãe e simplesmente sumiu. Não tínhamos dinheiro pra alugar ou comprar uma casa e muito menos pra voltar pra casa... ficamos dois dias em uma pensão, depois o dinheiro da minha mãe acabou. Ficamos dois meses morando na rua, e quando se estuda e mora na rua e ainda por cima é asiático ... é um convite pro inferno. Eu sofri bullying minha vida inteira, quem conhece sabe que os estadunidenses são extremamente xenofóbicos ... eles são super nasicistas, e são as mesmas pessoas que não sabem nem onde fica o próprio país no mapa. Misteriosamente meu irmão conseguiu uma casa pra gente ficar, uma casa no subúrbio dos EUA. Não tínhamos nem condições de questionar, apenas aceitamos. Ele trazia comida e pagava tudo, eu queria trabalhar mas infelizmente um adolescente de 14 anos asiático não era a melhor opção, segundo eles. Então eu so estudava, e tinha a melhor nota da sala... tava tudo perfeito pra gente, até a página dois... Até que um dia estávamos todos jantando na nossa cozinha, aquele dia todos estavam sorridentes... fazia tempo que não tínhamos momentos assim. Até vários homens entrarem na nossa casa, que não era muito difícil ter o acesso. Chegaram atirando, nos assustamos ...mas meu irmão não parecia assustado. Eles pegaram ele, e falavam em uma forma de código... tinha duas armas apontadas pra minha cabeça e da minha mãe. Eles gritavam e batiam no meu irmão, ele tentava se defender mas era quase impossível, os caras eram três vezes maiores que eles. Minha mãe gritava misericórdia em coreano, e eles com certeza não entendia o que ela dizia... mas entendia o que ela queria dizer, ela chorava igual criança. E foi questão de segundos o corpo do meu irmão caia no chão... eles atiraram 4 vezes. Meu corpo paralisou e eu sentia que tudo passava em câmera lenta. Minha mãe correu em direção ao corpo dele caído no chão e chorava. E eu fiquei parado vendo aquela cena acontecendo... justamente aquele dia foi a última vez que eu vi minha mãe sorrir. Depois de tudo aquilo ficamos sem nada, minha mãe entrou em uma depressão absurda... ela simplesmente virou uma criança de novo. Eu so tinha 14 anos e não tinha muita coisas que eu podia fazer. Eu descobrir que o meu irmão fazia parte de uma gangue de matadores de aluguel aqui do país ... eu fui atrás deles e era minha única saída ali. Eu não conseguir emprego e ninguém dava oportunidade pra um menino asiático de 14 anos. O meu irmão roubou dinheiro deles e por isso ele morreu... no começo foi muito difícil eles me aceitarem, mas eles sentiram pena ou seila o que aconteceu... mas aceitaram. Foi ali que eu fui treinado, eu aprendi a atirar, a bater... e a desligar sentimento. A m***r no sangue frio, infelizmente ali é um inferno... ou você mata ou você morre... no começo eu apanhei como mala velha, pra hoje ser quem eu sou. Mas la teve suas alegrias ( pouca mais teve), la eu conheci a Débora, uma brasileira que fazia parte da gangue também... a Débora foi meu primeiro amor, nos apaixonamos e vivemos um amor la dentro. Foi assim que eu aprendi português, eu fui atrás cada vez mais pra aprender e ficar fluente. Depois que os líderes descobriram teve uma grande confusão, ja que não pode romance dentro da gangue. Como eu nunca vacilei com eles... fui apenas "excluido" do grupo e me mandaram pro Brasil. Faz três anos que estou morando no Brasil, tenho algumas pessoas que posso contar aqui... porque amigos de verdade so da um, e agora me mudei de cidade ficando perto dele, e da Flora tambem. Minha mãe não trabalha, m*l fala, não sorrir... ela se fechou em um mundo de solidão e infelicidade... e no fundo acho que eu estou nesse mundo também. Eu cuido dela, e ela cuida de mim... do jeito dela, mais cuida. A coisa que eu mais queria era ver minha mãe ser feliz de novo.
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