Copyright © 2022 Linda Evangelista
Capa: VIC DESIGNER
Revisão: Leticia Tagliatelli
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,
lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova
Ortografia da Língua Portuguesa.
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qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios
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do Código Penal.2018.
CONTO: Amor Perfeito.
Ivan Smith & Stela Smith.
Stela
“Afogue o passado junto com suas inseguranças, brinde o seu presente e o enrole em sua felicidade para não deixá-la escapar e nunca esqueça de acreditar que o melhor está por vir, pois o futuro é logo ali”, essa frase li em algum lugar que não me lembro onde, mas nunca esqueci. E, agora, nesse momento, mais do que nunca, ela martela em minha cabeça.
As minhas inseguranças, as mesmas que pensei ter afogado no meu passado estão emergindo novamente e me assombrando, me enchendo de dúvidas...
Dúvidas sobre o meu futuro.
— No que tanto você pensa? Está desse jeito há três dias, não quis ir trabalhar hoje, passou o dia trancada nesse quarto e quero saber que p***a está acontecendo com a minha mulher.
Levo um susto ao ouvir a voz do meu marido que está parado na porta do quarto, me observando.
— Eu não vi você chegar, meu amor, vou mandar servir o seu jantar. Louise e eu já comemos, ela já está dormindo e a sua mãe já se recolheu — digo me levantando da cama, ajeitando minhas roupas, tentando passar por ele que segura meu braço.
— Você não me viu chegar porque estava perdida mais uma vez em seus pensamentos. Eu quero saber o que você tem, o que está te deixando assim.
Tento colocar um sorriso no rosto.
— Não é nada, meu amor. Você deve estar cansado, tome um banho enquanto vou servir o seu jantar. — Passo a mão em seu rosto, ele segura e dá um beijo nela.
— Você não precisa fazer isso, Stela, nunca precisou.
— Mas eu quero, se você quiser também posso preparar o seu banho.
Ele me abraça e beija meu pescoço, cheirando logo em seguida.
— Quero que tome banho comigo, de preferência na banheira com uma água bem quentinha. Eu quero você, meu amor.
Sinto meu corpo arrepiar com o convite, mas hoje eu não sou uma boa companhia e isso vai deixá-lo frustrado.
— Hoje não, meu amor, vamos deixar esse banho para uma próxima vez. Não demore, deve estar com fome.
Então antes que ele consiga me parar, saio do quarto me sentindo a pior esposa do mundo, mas amanhã eu tiro essa dúvida da minha cabeça que está me corroendo nesses últimos dias.
Chego na cozinha e ajudo Elsa a pôr a mesa para que Ivan possa jantar, mesmo ela insistindo que não preciso me preocupar em fazer essas coisas, faço questão de ajudá-la, afinal, não me custa nada.
Fui ensinada a ser assim pelos meus amados avós e hoje mais do que nunca precisaria dos sábios conselhos da minha vó, mas infelizmente ela não está mais aqui para me acolher em seus braços e dizer que tudo vai ficar bem.
Como eu sinto saudade dela...
E, hoje, mais do que nunca essa saudade dói em meu peito.
— Senhora Smith.
— Stela, Elsa, me chame de Stela e não de senhora, já falei isso mil vezes.
Ela respira fundo e me encara.
— Quando vai ao médico? Não pode ficar assim por mais tempo, o patrão vai acabar percebendo alguma coisa, olha só o seu jeito.
Ela é a única que sabe das minhas desconfianças e das minhas aflições no momento. Não tive coragem de contar nem mesmo para Andreza que é a minha melhor amiga.
— Ele já percebeu, Elsa, acabou de me questionar no quarto. Mas isso resolvo depois...
— O que você vai resolver, Stela?
Esse homem está silencioso demais e sempre aparece quando menos se espera.
— Já tomou banho? Foi rápido.
— Pode se retirar, Elsa — ele diz me encarando como se quisesse ler meus pensamentos.
— Sim, senhor, Smith.
A mulher sai sem nem questionar enquanto meu marido se senta e me olha novamente.
— Quando é que vai resolver me contar o que está acontecendo? Sabe que não sou um homem paciente, Stela, mas também não quero controlar você. Estou esperando que fale comigo.
Eu acabo respirando fundo, coisa que não deveria ter feito já que ele está com os olhos cerrados em cima de mim.
— Não tem nada acontecendo, Ivan, isso é coisa da sua cabeça, pelo amor de Deus.
Ele apenas respira fundo e começa a se servir.
— Tudo bem, Stela. Não vou brigar com você, pois te amo demais para fazer isso. — É tudo o que ele diz antes de começar a comer e fingir que não estou mais presente no ambiente.
— Eu vou voltar para o quarto, estou cansada e quero dormir.
— O que você fez o dia todo? Os seguranças me disseram que não saiu de casa, a nossa filha passou a manhã na escola e a tarde com a mamãe. E você o que fez durante todo o dia?
Eu odeio quando me questiona desse jeito, mas ele está desconfiado de alguma coisa e esse é o seu jeito de agir quando sente que algo não está em seu controle.
— Está insinuando que passei o dia todo em casa sem fazer nada, Ivan? Acha que é fácil cuidar de uma casa desse tamanho? Acha que é fácil organizar e me preparar para todos os eventos aos quais sou obrigada a comparecer em nome da prestigiosa família Smith? Eu odeio tudo isso, mas faço por você. Faço porque te amo e sei que como sua esposa é a minha obrigação fazer parte de tudo isso. Mesmo odiando, não me vê questionando e nem reclamando, então pense duas vezes antes de insinuar que passo o dia em casa sem fazer nada. — Viro as costas e saio sem falar nada, ignorando quando chama meu nome.