CAPÍTULO 1
Hanna Kronbauer
Grávid@ e perdida
Sim! É exatamente nesse estado que eu me encontro agora .
Posso dizer que sou a filhinha do papai e o amor da minha mãe, a obsessão do meu irmão mais velho William e a proteção do meu irmão do meio Heitor.
Poderia começar contar a minha vida daqui, mas vocês precisam saber o que aconteceu para eu chegar nesse estado.
Vocês não tem dúvidas que foi pelo sexo, mas eu poderia dizer que era bem mais que isso, pois eu o amei constantemente a cada dia e intensamente a cada segundo..
Dez anos atrás...
— Filha esse não foi a roupa que compramos para o dia do seu aniversário, onde está o seu vestido de princesa?
— Ele é muito rodado mamãe me faz parecer uma criança — digo olhando para o vestido marcando o meu corpo reto.— Acha que eu ganharei p****s enormes quando mamãe?— ela começa a rir de mim
— Pra que você quer ter peito enormes agora?
— A senhora tem peito grandes, acha que meu peito ficará tão bonito quanto o da Paola?— Paola é minha arqui-inimiga, ela só não sabe disso ainda e eu finjo gostar dela para não deixar o meu príncipe Miguel chateado
— Você se espelha na Paola?
— Não exatamente— apenas no que faz o Miguel lhe olhar tanto.
— Vamos deixar essa conversa para depois, os convidados estão só lhe aguardando, e você está vestida desse jeito
— Não me faça por aquilo mamãe— digo implorando
— Infelizmente terá de ser aquele— bufo frustrada
— Eu irei cursar moda um dia mamãe e nunca mais terei que por essas coisas infantis
— Diga isso para o seu pai e os seus irmãos, eles vão fazer de você uma prisioneira— faço uma careta e começo a por o vestido que mamãe havia comprado. Ela me ajudou a por e logo depois fomos para o jardim onde estava sendo a festa
— Hanna, feliz aniversário— Paola é a primeira me cumprimentar
— Obrigada— digo lhe olhando da cabeça as pés e me frusto, ela realmente é linda
— É a minha pequena princesa— sinto uma mão me levantar por trás e eu já sabia pela voz que se tratava no meu irmão mais velho, William.
— Eu vou cair William— digo sorrindo do seu gesto
— Comprei um lindo presente para você, tenho certeza que vai adorar— ele me coloca no chão
— O que é?— pergunto empolgada— é uma maleta de maquiagem?
— Baixinha, você não tem idade para isso— ele diz me deixando triste— mas tenho certeza que vai adorar o que eu comprei
— Você pode ser irmão mais velho, mais a pessoa preferida sou eu— Escuto a voz da pessoa que faz meu coração acelerar e o meu nervosismo surgir, era ele. Miguel!
Me escondo atrás do William e faço de tudo para que ele não me veja vestida desse jeito
— Acho que você está enganado quanto a isso— William diz rindo
— A minha abelhinha está tentando se esconder de mim?— Miguel pergunta e vem até a minha direção, me mostrando o melhor sorriso eu esqueço o que estou vestindo e lhe retribuo o sorriso de volta, eu sei tudo sobre ele e até os seus horários de chegar em casa eu conheço— deixa-me ver a minha preciosidade— com todo cuidado ele me gira em sua frente— é seu nono aniversário— me lembra— hum...cabelos esticados até a cintura, olhos verdes, voz doce, um metro e trinta centímetros de altura...
— Trinta e três, Miguel— lhe corrijo
— Uau, você cresceu três centímetros de dois meses pra cá
— E você não percebeu— digo chateada
— Tenho certeza que você não sabe tudo sobre mim— ele continua insistindo que não sei mas sempre provo que sei
— Você tem um metro e setenta e sete centímetros e ainda não cresceu o que tem para crescer, sua cor favorita é o amarelo da abelha, sai todos os dias de casa para estudar por volta das 7h e as sexta você costuma se atrasar, odeia música clássica e gosta de jogar futebol às quartas, tem 17 anos, ou seja, apenas oito anos mais velho do que eu, gosta de macarrão com queijo e já sonhou um dia em ser biólogo marinho, tem um ...— ele me corta sorrindo, eu amo quando sorri apenas pra mim
— Tudo bem abelhinha, eu já entendi, você venceu mais uma vez— acabo dando um sorriso de satisfação— Isso daqui é para você— ele tira do bolso um colar, com um pingente pequeno de uma abelha— vire-se— eu me virei e ele colocou no meu pescoço— agora sim está perfeito— ele diz e torna a ficar em pé
— Oi Han..Hanna— Valentim fala comigo, ele é um amigo da minha escola
— Oi Valentim, tudo bem?— digo-lhe
— Sim, eu lhe trouxe isso e feliz aniversário— ele diz muito rápido e me abraça mais rápido ainda, sinto o suspiro de sua alegria e ele desfaz o abraço e só então vejo o presente que me deu
— Uma caixinha de bombons, eu adoro bombons
— Acho que seu amigo também gosta de bombons abelhinha, mas agora ele tem outras coisas para fazer, não é mesmo Valentim?— Miguel fala e o Valentim sai correndo
— Parece até que você é o pai dela Miguel, nossa o que foi isso?— Paola pergunta e ele e o William começam a rir, não entendo o motivo da graça e fico sem palavras
A Paola dá os braços para o Miguel e os dois se afastam, as pessoas ao meu redor começam a me parabenizar e eu perco o Miguel de vista, quando a festa estava para terminar na hora do meus parabéns eu vi o Miguel beijando a Paola, eu já vi ele fazer isso algumas vezes, mas nunca doeu tanto como agora.
Acho que estou muito apaixonada pelo Miguel, eu o quero longe de todas as mulheres, mas não posso lhe dizer isso. Ele vai chamar de boba por ser a sua abelhinha
— Hanna por que está chorando?— algumas pessoas começam a se preocupar com o meu estado e eu apenas saio correndo para o meu quarto, tranco a porta e sento no chão chorando ouço diversas batidas na porta do meu quarto, mas eu não saio por nada
Oito anos depois...
Aquela imagem nunca saiu da minha cabeça e o meu coração nunca mais parou de ser ferido por conta dele. Bem... pelo menos era desse jeito que eu deveria pensar, mas como posso culpar o amor da minha vida quando tudo que ele entende sobre mim é de que não passo da irmãzinha mais nova do seu melhor amigo de infância e que ele se tornou o meu irmão mais velho junto com o William já que vive afastando todos os garotos a minha volta.
Suspiros de tristezas surgem sobre meus lábios, afinal... hoje é mais um de meus aniversário e a única coisa que vem em minha cabeça, são as pessoas que ele ficou durante esses anos, era uma menina diferente da outra a cada fim de semana em sua casa e depois passou a ser mulheres, não podia competir com elas, eu ainda era inexperiente para lidar com um homem tão seguro de si
— Ouvi dizer que alguém não quer comemorar o almoço do seu aniversário— era ele em meu quarto, eu sabia identificar o barulho da sua respiração e ele dessa vez estava certo.
Qual seria a mulher que nos apresentaria essa tarde?
Seja lá quem for, não estava pronta para enfrentar a situação.
— Já estou descendo— digo sem me virar da janela
— É seu aniversário abelhinha, deveria estar feliz e não triste
— Eu estou feliz— minto e me viro de frente para ele, seus olhos se desviam do meu corpo da mesma forma que tem feito durante um tempo e isso me machuca. Percebo que ele odeia me ver, ele não conseguir me olhar e dizer o quanto eu estou bonita como todos sempre fazem, como ele fazia antigamente. Me pergunto se ainda lembra da cor dos meus olhos e se ainda sabe que altura o meu cabelo se encontra.— você pode ir na frente, eu já chego
— Eu lhe trouxe um presente— ele diz de costa pra mim, brincando com alguma coisa na mesa de estudo do meu quarto
— Não precisa se incomodar com isso Miguel, o que eu quero talvez jamais eu tenha
— E o que você quer?— ele pergunta sem se vira e eu torno a olhar para a janela
— Um jantar romântico com a pessoa que eu gosto— sei que estou me arriscando demais em meter os pés pelas mãos
— E quem é esse verme?!— pude ouvir o solado do seu sapato muda de posição, sua voz se agravou dois tons mais alto e a tensão ficou por todo meu corpo. Não consigo dizer que ele era o verme que vem me deixando doente.— Fala quem ele é Hanna?— é a primeira vez que me chama assim e isso me deixa confusa.
Por que ele está me chamando assim?
— Hum...— tento buscar uma resposta
— De quem se trata?— ele me parece irritado
— Não é ninguém— me viro para sair e ele estava com as mãos na bolso, uma expressão enrijecida de insatisfação com a minha resposta e um olhar intenso sobre mim, minhas bochechas estão queimando e não faço ideia de como agir nesse momento
— Você está nova demais para um relacionamento abelhinha— eu podia notar o quanto ele estava tentando se controlar— não irei deixar você se machucar por conta de uma pessoa que você provavelmente m*l conhece
— Eu o conheço muito bem, sei tudo sobre ele
— Tenho certeza que você não sabe e está roupa não deveria está no seu corpo— lhe olho segurando as lágrimas
— Estou feia com ela?— me avalio novamente. Eu mesma me certifiquei que estivesse linda para ele
— Não disse isso
— Mas foi o que eu entendi
— Não me força a fazer coisas que eu não devo abelhinha
— Nunca te forcei a nada, Miguel. Mas se acha que estou feia eu preciso trocar a minha roupa. A pessoa que eu quero não pode me olhar desse jeito e não ficar feliz com a minha imagem— isso era apenas uma desculpa para que ele saísse do meu quarto
— E por acaso ele está aqui?
— Tenho certeza que sim— não digo mais nada, apenas sigo até meu guarda roupa
Miguel segue em minha direção me virando rápido e minhas lágrimas caem
— Você está se vestindo pra ele?— ele está tão irritado que nem percebe as minhas lágrimas
— Por que você se importa?— ele me puxa pra si deixando nossos corpos a centímetros de distância, minha respiração está acelerada e ele está de olhos fechados acalmando seu estado
— Você é uma irmã pra mim Abelhinha— suas palavras me causam raiva, eu não sou a droga da irma dele— tenho que cuidar de você para que ninguém lhe faça mau, você não está feia, só está chamando muita atenção
Então esse é o problema?
Chamar a atenção para ele é um grande problema? Por que eu não devo chamar a sua atenção, quando isso é o que eu mais quero fazer desde o momento em que meus olhos encontrou com os seus?
Decidi mudar de ideia e não troquei a minha roupa, o Miguel não se opôs a me convencer, mas eu podia perceber o quanto isso o irritava, ele estava incomodado com as minhas vestes e com a minha desobediência, afinal... essa está sendo a primeira vez que eu não lhe dei ouvidos e fiz o oposto do que me pediu.
— Eis que é a mais bela de todas— Valentim diz se curvando e beijando a minha mão
Nossa amizade não se perdeu, embora agora ele vá morar em um outro país para realizar um curso específico de imobiliária eu continuo achando ele e menino mais legal que já conheci em toda minha vida.
— Para com isso e me dê um abraço— assim ele faz me suspendendo do chão...
Minha tarde poderia ser melhor se eu tivesse conseguido o que eu mais queria.
A mulher ao seu lado me deixava descontente e por mais que dessa vez eu tenha alcançado a sua atenção novamente, isso ainda não me era o suficiente
Por que precisa me machucar tanto, Miguel?