Adam já estava de pé e preparado para seguir com sua viagem até Bourbon, propriedade de sua família. Estava ansioso para chegar lá, pois poderia ser finalmente livre das amarras impostas pela sociedade que fazia parte.
A propriedade era maravilhosa, contava com vários hectares de terra, pomar e um Jardim deslumbrante. Contava até mesmo com a passagem de um rio nos fundos.
A mansão principal mostrava de longe e riqueza da família Guisé, com fechaduras e estatuas banhadas a outro maciço que se fundia a cor perfeitamente branca da casa. A escadaria central era forrada com um tapete de veludo vermelhos, e os corrimões de ouro maciço também. No alto da escada várias pinturas de renomados pintores franceses, e no centro um retrato da família Guisé atual.
Adam logo se sentiu em casa, o cheiro do lugar lhe remetia a isso. Lembrou de de quando era menino e brincava pelos corredores, corria pelo jardim e se banhava ao rio. Quando a vida era despreocupada e não cheia de obrigações com a corte.
Seu pai havia conquistado a posição de maior destaque na corte depois do rei, aquilo era uma benção e uma maldição.
Respirou o ar puro, era delicioso estar ali.
Não deu orelha a governante que tentou incessantemente captura lo para lhe apresentar a criadagem do pequeno castelo.
Para Adam aquilo não passava de uma convenção i****a, e ele não perderia o seu tempo preciso com isso.
Andou pela propriedade pensando em Allura e como ela ficaria linda naquela paisagem, pensou em como seria poético vê lá entre as flores escrevendo algum poema. Ele queria poder capturar aquele pensamento de sua cabeça e o transformar em realidade.
Um vento frio tomou a propriedade, já era hora de entrar a noite já batia a porta.
Adam sentou se para jantar sem companhia, e até apreciava o som do silêncio. Muitos empregados a sua volta, ele não dava a devida atenção, nem ao menos sabia o seus nomes. Até que viu entrar pela sala, com uma jarra de cristal.
o seus olhos pareciam não acreditar no que estavam vendo, sua mente girou ao pensar que talvez estivesse ficando realmente insano e estava enxergando Allura em todos os lugares. Coçou os olhos algumas vezes para ter certeza de que era ela, e não uma miragem criada por sua mente.
- Allura? - Disse Adam mais baixo do que o normal
- Olá vossa Graça, eu disse que nos encontraríamos novamente, não disse?
- Você sabia então que viria para cá!
- Como defesa pessoal eu só soube que a propriedade era de sua família após você me procurar na cozinha pela primeira vez. Antes disso você era só um homem que havia interrompido minha leitura no bosque - Disse Allura sorrindo enquanto servia a Adam uma taça de vinho.
Ele não disse nada por alguns minutos, apenas queria observar as expressões dela. Olhou o rosto dela em detalhes, o coração de Adam parecia saltar pela boca, e outras partes de seu corpo tinham reações ao ver Allura.
- Por favor, sente comigo. Tome uma taça de vinho...
- Acho que não seria de bom tom, meu lugar é na cozinha Vossa Graça.
- Você serve aos Guisé não é?
- Sim,
- Que coincidência, eu sou um deles. Então ordeno que você se sente comigo e beba uma taça de vinho, ou até mesmo duas ou três, quem sabe?
- Bem, já que se trata de uma ordem expressa, quem sou eu para negar não é?
Adam olhou para os empregados da sala e falou
- Todo vocês estão dispensados, eu me viro.
Saíram pela porta, felizes pela pequena folga.
Adam queria ter aquele momento com Allura, sozinho. Queria descobrir mais dela, o seu fascínio tinha uma raiz. E ela parecia tão interessante, casa movimento dela para ele parecia ter sido orquestrado por anjos.
- Então Allura, você me prometeu um beijo se bem me lembro.
- Acho que devemos tomar o vinho primeiro, conversar talvez, e aí quem sabe? Tenho certeza que sabe bem como tratar uma dama, não é?
- Desculpe, é claro que sim. As vezes sou afobado demais com meus objetivos.
- Sim, eu também sou assim. As vezes o meu pensamento é rápido demais para as minhas a ações. E isso me faz sentir um peixe fora d'água. Fora do ritmo do oceano.
- Consigo entender. Eu me sinto assim também, sobretudo quando estou na corte. Eu realmente odeio aquele lugar.
- Posso ser sincera Adam?
- Sempre.
- Eu não aguentaria um dia sequer morando naquele lugar, parece me ser mais um covil que um lar.
- E você mais uma vez esta coberta de razão,e olha que você vê tudo de fora.
- Você ficaria chocado com o que a criadagem sabe Adam, até mais que vocês os verdadeiros jogadores desse jogo de interesse, imundo em minha opinião.
- Ual, que visão brutal da minha realidade, consegue enxergar tanto Assim para saber que se trata de algo imundo?
- O que mais seria? desculpe a sinceridade, mas te vi sofrendo com a senhora caixinhas dourados outro dia no jardim não foi? deixe me adivinhar, vocês vão se casar não por atração física ou mental, mas para agradar os seus pais com um site gordo, e ela se casará para que sua próxima geração ja seja conhecida por um título de nobreza mais elevado...
- Recebeu algum livreto contendo detalhes da minha vida amarga?
- Não, foi o que percebi. Até acompanhar vocês foi pedante.
- Você acha que não temos nenhuma química?
- Eu acho que não, mas acho que com o tempo pode surgir não é?
- E o que seria para você química perfeita?
- Bem, alguém que te estimule mentalmente e te leve a ter conversar interessantes sobre coisas interessantes, alguém que te tire o fôlego toda vez que você olha para ela. Que você sinta vontade de devorar por parecer aos seus olhos tão linda e tão desejável. Que você não consiga tirar os olhos dela, por que o simples fato dela estar ali perto de você agafa o seu coração. Acho que é alguém que te considere em suas decisões, que sorria com você de coisas bobas, como o vestido horripilante da sua futura sogra no dia do chá...
Adam olhou para Allura sorrindo e não disse nada, apenas a observou falar quieto. Não queria interrompe la.
- O que foi Adam? por que me olhas Assim?
- Nada, eu só amo ouvir você falar. É como música para mim.
Allura corou sem graça com o comentário de Adam.
- E para você Adam, o que é a química perfeita?
- Eu não sei Allura, mas tenho a sensação de que descobrirei nesse período em Bourbon. - Disse Adam sorrindo e servindo para Allura outra tava de vinho.
- Tive uma ideia Adam, vamos dar uma volta lá fora, o que você acha?
- Ótima ideia, vou pegar o casaco, Vá pegar o seu. Pedirei a um criado uma garrafa de algo mais forte para tomarmos lá fora.
Adam fez como havia combinado com Allura, e ela o mesmo. Se encontraram na escadaria central da casa.
Saíram para caminhar a noite, o céu de verão estrelado e uma brisa levemente gelada percorria o ar livre.
Adam se pegava olhando para Allura dezenas de vezes durante o trajeto.
- Sente se aqui Adam
- No meio da grama?
- Sim e o que tem? Precisa de um criado para sentar se em cima? - Disse Allura gargalhando
- É claro que não!
Sentaram se para admirar a noite.
- Veja as estrelas Adam, elas não são lindas?
- De fato, a noite está deslumbrante.
- Eu amo sentar assim e admirar as estrelas é quase terapêutico.
- Eu gosto especialmente da sua companhia Allura, você faz com que eu me sinta vivo.
- Adam, existe algo em você que desperta em mim alguns sentimento que nunca senti antes. Eu não consigo dizer o que é exatamente, são desconhecidos a mim mas sinto o meu coração - Disse Allura colocando a palma da mão de Adam em seu peito.
Ele fechou os olhos e sentiu o seu coração bater tão forte quanto o dele. Não evitou também de sentir o seu seio, e um arrepio percorreu todo o seu corpo o fazendo suspirar.
- Allura, não me provoque. Uma boa moça não faz isso - Disse Adam sorrindo
- Não tive a intenção de provoca lo, mas também deixo claro que não tenho intenção alguma de ser uma boa menina. Sendo assim temos um impasse.
- Seu jeito livre me enlouquece... - Disse Adam observando os cabelos negros de Allura ao vento.
- Por que não aproveita esse tempo aqui nesse lugar lindo para encontrar a sua liberdade Adam? Você tem o direito de fazer suas escolhas. Você se sente preso por que se permite estar.
- O que te prenderia Allura? Amor talvez?
- Amo jamais aprisiona, se aprisiona então não é amor. Amor liberta, te faz sentir vontade de ficar por escolha própria. O amor é um sentimento tão lindo! As pessoas é que adoecem esse sentimento com casamentos horríveis, ciúme descabido e maldade disfarçada. Nada disso é amor.
- Bem, não tive muito exemplo disso. Meus pais nem gostam um do outro. E eu e minha irmã, Maria Catarina, sabemos disso. E você, teve boas referências do amor?
- Felizmente sim Adam, meus pais, que Deus os tenha, se amavam demais. Era bonito ver sabe? Nunca vi meu pai subjugar a minha mãe, ele sempre a tratou como igual, com importância.
- Te invejo por isso, a propósito sinto muito pela morte deles.
- Tudo bem, tive um tempo de qualidade com eles. Então, sei que estão em um lugar melhor. Desde os perdi eu simplesmente me recuso a viver presa.
- Me admira não ter se casado ainda, você é tão linda. Nunca acabou com o coração de algum pobre i****a?
- Nunca magooei ninguém, não que eu saiba.
- E nunca recebeu um pedido de casamento?
- Já recebi vários. Mas prefiro morrer a não me casar por amor.
- Eu entendo você. Além do meu desapontamento, penso na moça envolvida nessa confusão infeliz. Como farei da vida dela miserável com meu desprezo.
- E por que não diz isso a ela?
- Você viu nossa conversa Allura, a moça parecia ter sido treinada para dar respostas fechadas e não abertas a interpretações. Até nisso a criatura é chata! Acha mesmo que funcionária?
- Adam, você poderia tentar. Fazer a coisa certa... Talvez ela te ajude a desfazer isso.
- Vou pensar nisso, com certeza.
- Está ficando tarde, vamos entrar?
- Por favor Allura, me dê só mais alguns momentos de sua companhia. Eu te imploro, tudo bem?
- Sim Adam. Sobre o que quer falar?
- Eu só gostaria de olhar para você.
- O que vê se tão interessante no meu rosto? Não é refinado como o de sua noiva que tem a pele de porcelana e o cabelo perfeitamente enrolado.
- Allura, eu nunca vi uma mulher tão linda quanto você. Sei que para você isso não é elogio, mas é mais que isso! Você é perfeita, em todos os sentidos da palavra.
Allura se deleitou com as palavras de Adam, e quando percebeu que estava se deixando levar pela situação cortou o que considerava ser um mau pela raíz.
- Vamos entrar Adam! Amanhã terei um dia cheio.
Adam se levantou, caminharam até a porta principal em silêncio.
- Me dê um beijo Allura, me dê algo para sonhar essa noite.
Allura beijou a bochecha de Adam e entrou pela porta.
Adam ficou parado durante alguns segundos observando Allura, queria viver aqueles momentos por mais algum tempo. Não queria abandonar a sensação de excitação que estava vivendo.
Deitou se para tentar dormir, obviamente não conseguiu.