Capítulo 4

1362 Words
"Preciso de você na sala de reuniões" Digito para Reese assim que Christian fecha a porta. Sinto os meus olhos arderem quando as lágrimas chegam e não faço questão de segurá-las. Eu estou triste, principalmente, pelo Christian. Sei que isso significava mais para ele do que para mim, mas de uma forma egoísta eu gostava da sua companhia. Poucos minutos depois do envio da mensagem, Reese entra na sala de reuniões segurando duas xícaras de café. - Eu sabia que ia precisar. – ela coloca uma xícara na mesa a minha frente e senta na beirada da madeira escura. – O que houve? - Terminei com o Christian. – digo com a voz embargada. – Não dava mais. Viu como ele agiu na reunião? Está afetando nosso trabalho, não posso mais continuar. Ela segura minha mão quando se inclina um pouco para frente e coloca sua xícara ao lado da minha. - E por que está chorando? – ela me questiona. - Porque eu gosto dele, Reese. Do meu jeito, mas gosto. – explico. – E sabe que eu odeio ficar sozinha. Ela seca minha bochecha com o seu polegar e pega uma das xícaras, me dando em seguida. - Eu sinto muito, Emma. De verdade. Odeio te ver assim. – sinto sinceridade nas suas palavras e seu semblante parece triste, talvez reflita o meu. – Mas não acha que foi melhor assim? Poderiam se envolver mais e acabar sendo pior. Christian é o tipo de cara que procura uma mulher para casar e você definitivamente não é essa mulher. – ela ri e balança a cabeça. Reese tinha razão. Tenho 29 anos e nunca me imaginei casando e tendo filhos. Nada contra, mas não é o que eu quero para mim no momento. Eu e Reese gostávamos da vida de solteira. De liberdade. Gosto de não ter para quem dar satisfação. De ir e vir a hora que eu quiser. Sem controles, sem amarras. Gosto de sexo casual, sem compromisso. Sem cobranças. - Tem razão. – concluo. – Foi melhor assim. Ela faz uma cara de "eu disse" quando ergue suas sobrancelhas e pega a xícara que está em cima da mesa. - Agora beba seu café ou ele vai esfriar e precisa retocar essa maquiagem também. – sacode seu indicador na direção do meu rosto e olha para o relógio dourado em seu pulso. – Você tem 8 minutos. Tomo meu café enquanto ela pondera os prós e os contras do meu término com Christian e logo depois volta a falar da Catania. - Precisamos reservar um hotel se vamos mesmo passar o Réveillon na Catania. – comento. – Nem fodendo vamos voltar para Gangi de madrugada, ainda mais bêbadas. - Vou fazer isso assim que acabar essa reunião. - Combinado então. – me levanto e coloco a xícara de café na mesa. – Vou limpar meu rosto. Caminho até o banheiro que tem dentro da sala de reuniões e limpo embaixo dos meus olhos, onde o rímel escorreu um pouco. Deve ser o suficiente. Quando voltar para a minha sala retoco a maquiagem toda. Quando saio do banheiro vejo que a maioria das pessoas que vão participar da reunião já estão sentadas a mesa. Incluindo Reese e Christian, que se encaram como dois participantes de uma queda de braço. Consigo sentir a tensão entre eles da onde eu estou. Essa reunião é maior e mais importante que a anterior. Participam todos os redatores e editores da revista. - Boa tarde pessoal. – os cumprimento sentando na minha cadeira. Todos me cumprimentam com entusiasmo, menos o Christian. - Quem quer começar? – pergunto após me ajeitar na minha cadeira. – Vivian? Vivian é responsável pela sessão de moda da revista. Uma profissional incrível no que faz, uma estilista sensacional. - Eu pensei em vestidos de noiva para essa edição. – ela começa. – As leitoras nos pedem muito isso, Emma. O estilo boho chic está em alta para os casamentos. Só se fala disso no meio casamenteiro. Ela se levanta e me entrega os esboços com algumas fotos e realmente, os vestidos são maravilhosos. Se um dia eu me casar será com um assim. - Vivian, isso é incrível. – digo fascinada. – O que tem em mente? Ela volta para sua cadeira e se senta novamente. - Pensei em escrever sobre casamentos no campo ou até mesmo no quintal de casa. Fiz uma pesquisa e descobri que alguns noivos estão preferindo esse tipo de casamento, por ter um custo mais baixo. - E as fotos? Como faremos? – pergunto curiosa. - Isso ainda não decidi, mas estou aberta a sugestões. – ela olha para todos a mesa. - Eu tenho uma ideia. – Reese diz e todos olham para ela. – Porque não fotografamos mulheres simples, que não seja modelo? Alguém comum... como a Cintia ou até mesmo você, Vivian. Olho para a minha amiga e estou surpreendida. Meu Deus! Como não pensei nisso antes? - Pauta encerrada. – decreto. – Vivian, escolha mulheres que você goste. Cate elas no café da esquina, no central Park, times quare... onde você quiser. Pode ser uma amiga, sua irmã... não me importa. Quero todos os tipos de mulheres nessa matéria. Quero que todas olhem nossas noivas e se identifiquem com elas. – minha animação quase transborda. – Quero que elas acreditem que todas podem estar na nossa revista um dia. - Pode deixar, Emma. – Vivian se levanta e pega os esboços que estão na minha mão e que eu estava lhe estendendo. – Assim que conseguir os vestidos te comunico. - Ótimo! – junto minhas palmas. – Próximo? Ninguém se prontifica, então eu escolho o próximo. - Lucca? – ele ergue seu olhar para mim e eu lhe dou um sorriso terno. – O que temos na sua pauta? Lucca e sua equipe são responsáveis por desenvolverem a matéria relacionada a capa da revista, ou seja, sobre o vitiligo e o tipo de preconceito que as pessoas enfrentam. - Temos depoimentos das pessoas que aceitaram em participar da matéria. – ele diz. Passa seus esboços para a pessoa ao seu lado e de mão em mão eles chegam até as minhas. – Preferimos dar ênfase a como essas pessoas são felizes e não limitadas. É claro que o preconceito é abordado, mas tivemos que cortar algumas coisas da matéria, pois chegava a ser pesado. Eu olho seus esboços e os coloco em cima da mesa. Os dele eu vou precisar de tempo para ler. - E as fotos? – quero saber. - Pensei em fazermos no estúdio e usarmos o closet da própria revista. – ele olha para Vivian. – Podemos até usar uma das minhas entrevistadas para o ensaio de noivas. Seria perfeito e venderíamos uma ideia completa. Eu assinto. Gosto da ideia, mas preciso de outra opinião. - Christian? – olho em sua direção e ele olha para Lucca. - Não seria melhor um ensaio ao ar livre? – Christian o questiona. - Pensei no estúdio como forma dessas mulheres, realmente, se sentirem modelo por um dia. – Lucca justifica. - Faz sentido, Emma. – Reese concorda. - Christian? – insisto. - Parece uma boa ideia. – ele finalmente diz. – Principalmente se usarmos uma das entrevistadas do Lucca na pauta da Vivian. - Ótimo. Pauta encerrada, Lucca. – sorrio para ele. – Vou ler todo o seu esboço e te entrego amanhã pela manhã. – ergo a pasta preta na minha mão e ele assente. A reunião termina quase às 18 horas e preciso lembrar o RH amanhã de pagar a todos as horas extras na próxima folha de pagamento. Faço uma nota mental de sempre fazer essa reunião pela manhã, assim não passaríamos mais do horário. Felizmente conseguimos fechar todas as pautas para a próxima edição e no máximo amanhã a tarde a revista de agosto já estará fechada. Teríamos apenas 3 dias parar fazer as fotos, redigir as matérias e mandar tudo para impressão no primeiro andar. A cada mês e a cada reunião de pautas para a próxima revista eu me sentia como se fosse um novo filho estivesse nascendo. - x -
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD