Capítulo Dois

1535 Words
Segundo dia, e me sinto mais velha que o normal, tenho 19 e parece que estou na casa dos trinta, é muito frustrante, levanto cedo para organizar meus documentos, caso seja necessário na agência. A casa está silenciosa o que me faz acreditar que o papai já saiu, deve ter ido trabalhar, ele é motorista de ônibus, então tem que estar cedinho na empresa, mas o pior não é ele e sim a mamãe, ela tem pegado no meu pé constantemente, me deixando mais irritada e frustrada que o normal. Tomo um banho e me visto, talvez eu devesse me vestir melhor, talvez algo apertado, fazendo meu b***o querer sair da blusa, ou uma saia curta! de forma oprimidora de fazer alguém me dar um trabalho. É eu deveria, mas sou antiquada demais pra isso, digamos que meu guarda-roupa, é bem cheio de calças jeans e camisetas, e muito poucos os vestidos, não gosto de mostrar minhas sardas por aí, pois eu as odeio. Visto uma calça e uma blusa simples e deixo meu cabelo solto e desço para cozinha, é fácil perceber que a vaidade passar bem longe de mim, ao chegar dou de cara com Clarisse e minha mãe Claudete tomando café. Não ria, ela não teve culpa da vovó colocar esse nome nela, o que parece ser mais uma invocação de espírito. - Bom dia! - digo me sentando, as duas me olham de cima a baixo - Aonde vai?- pergunta minha mãe tomando seu café. - Na agência de emprego! - digo, eu confesso que não queria falar sobre isso uma hora dessa da manhã, mas tendo a mãe que tenho vai ser impossível não falar - Finalmente né Cloé, está mais que na hora! - ela diz animada, reviro os olhos, mas não respondo nada. - Espero que pelo menos sirva pra consegui um emprego descente!- ela diz novamente não se contendo com a língua dentro da boca. - Já vou indo! Não precisa me esperar para o almoço.- digo me levantando da mesa deixando meu café intacto, não estou com paciência pra ouvir minha mãe falar mas alguma coisa sobre mim, ou dizer o quão inútil sou, passo pela porta e sinto o vento frio de uma manhã de segunda-feira bater em meu rosto. Eu preciso de um emprego, digo a mim mesma olhando para o céu, espero que alguém lá em cima me ouça. ... - Ah Oi! Bom dia! - falo assim que entro na agência, a mulher com que falei nem me olhou, continuou a guarda umas pastas que estava em suas mãos.- Moça?! você poderia me dizer aonde posso saber aonde encontrar emprego? - a cutuco, a mesma se vira em minha direção com uma cara intojada. - Eu não posso te ajudar, fale com o Filipe! - ela diz e volta a fazer o que estava quando cheguei. Não sei se ela é tapada ou tem o r**o diabético, talvez os dois, a cutuco novamente e ela bufa e se vira para mim. - Você pelo menos poderia me dizer quem é Felipe? - perguntei sem paciência com ela, a mesma aponta para um cara careca bem a frente e tornou-se a se vira, você tem sorte moça que eu já sou de maior e já posso ser presa. Saio de perto dela e sigo até um senhorzinho que ela disse ser o Filipe. - Oi! Filipe? - pergunto, o mesmo sorrir e confirma com a cabeça, puxo a cadeira e me sento sem ao menos ele dizer. - O que deseja? - ele pergunta todo educado - Consegui um emprego! - digo, o mesmo concorda e mexe no computador por alguns minutos e depois se volta para mim. - Sinto muito jovem, mas a ultima vaga disponível já foi preenchida. Se quiser deixar seu contato caso apareça um vaga nova. - ele diz, sentir um baque no coração, não, não, isso só pode ser brincadeira. - Pelo amor de Deus moço, não brinca com isso, eu preciso de um emprego!-digo exasperada. - Não estou brincando jovem! Não há vaga, sinto muito! - ele diz, como vou dizer para minha mãe que não consegui nada, ela vai jogar isso na minha cara todos os dias até eu consiga um emprego. - Tudo bem!- digo me levantando da cadeira e me arrastando dali como um zumbi, triste e totalmente infeliz por ter que voltar com a cara de tacho. Como vou dizer isso para minha mãe? "Olha mãe hoje não dei sorte não tem vagas " péssimo. " Não consegui emprego hoje mãe, mas não se preocupe eu vou arranjar um" ela não vai acreditar, pois nem eu mesmo acredito, talvez se eu chegar brava ela não diga nada se eu disser " Não quero conversar, não consegui trabalho, mas não vou para até consegui essa p***a" ótimo, se eu falar isso fico sem língua também. Voltar para minha casa agora seria como pedir para ser atirada da janela, então prefiro continuar andando pelas ruas igual com cão sem dono, ou melhor sem emprego, vejo um banco de praça e não me n**o a vontade de sentar e chorar frustrada, mas ignoro a parte de chorar, e só me sento, tomando coragem de voltar para casa. - Oi moça! - tomo um susto quando vejo uma garotinha de cabelos ruivos com sardas, atrás de mim, seus olhos azuis, a coisinha mais linda que vi na vida. -Oi linda! - respondi, olhei ao redor e não vi ninguém que parecesse estar com ela, a mesma sorrir de forma doce e inocente. - Você parece triste! - ela diz, me olhando atentamente, se uma criança que parece ter nove anos consegue perceber minha tristeza, imagina como está a minha cara. - Talvez um pouco! - digo, ótimo! estou sentindo que vou desabafar com essa garotinha. - Por que? - ela pergunta, se sentando ao meu lado. - Não consegui um emprego e sinto que minha mãe vai me m***r se eu voltar sem um.- digo e solto uma respiração alta, vejo a garotinha arregalar os olhos. - Sua mãe vai te m***r? -perguntou assustada e acabei rindo - Não, eu estava brincando, mas ela vai ficar bem brava comigo! - digo e ela parece pensar em algo. - Você está sozinha aqui? -perguntei - Sim, mas eu moro bem ali. - ela apontou para um casa enorme bem a nossa frente, casa essa que não tinha visto desde que sentei aqui, a casa era quatro vezes maior que a minha, parecia uma mansão, pelo visto essa garota é de boa família. - Nossa! sua casa é linda! - digo ainda encantada e ela sorrir. - É a casa mais linda do mundo! - ela diz fazendo um gesto com as mãos para dar mais ênfase e eu que acabei sorriso. - Realmente... - eu já me sentia melhor, então talvez devesse ir para casa e enfrentar minha mãe. - Bom pequena preciso ir. - Pra onde? - ela me perguntou com curiosidade - Para minha casa. - digo. - Mas sua mãe vai ficar brava com você! - ela fala, e eu faço que sim com a cabeça e começo a me afastar, mas ela segura minha mão. - Você quer ser minha babá? - a menina pergunta de repente me fazendo parar na hora, me virei e a vi me encarando colocar um lindo brilho nos olhos. - O que você disse? - perguntei, pois acho que ouvir errado - O Caio está procurando uma babá para mim, mas eu disse a ele que já sou grande, mas gostei de você, quer ser minha babá? - ela perguntou novamente, e meu coração deu uma pirueta tripla. - Isso é sério? -perguntei, eu não acredito - Vem, vou te mostrar. - ela segura minha mão e me leva em direção a sua casa, eu não deveria ir, ela é só uma garotinha, mas se isso for uma ajudinha do cara de lá de cima? não posso recusar. A garotinha abriu o portão e passamos por ele, ao abrir a porta quase cair para trás com a beleza daquela casa. Meus olhos vasculharam cada canto, é com certeza a casa mais linda que já vi. - Vou chamar o Caio! - ela diz me deixando sozinha na sala e correu subindo a escada, Esse Caio é seu pai? mas por que ela chamaria o pai pelo nome? as vezes eu esqueço que essas crianças de hoje são diferentes do meu tempo. A vejo descendo a escada sorridente, então chega até mim e me faz sentar no sofá, e diz que ele já vai descer para falar comigo. Bom se eu realmente fosse trabalhar eu deveria saber algo - Qual é o seu nome? - perguntei a ela - Cristal - ela diz sorrindo, amei o nome - Lindo nome Cristal, você tem irmãos? - perguntei, ela fez uma careta - Sim, mas posso te contar um segredo? - ela falou baixinho, cheguei mais perto dela para poder ouvir melhor. - Quero que você seja a babá dele, não minha, sou grande e ele também, mas acho que alguém precisa tomar conta do meu irmão. - ela disse bem séria me pegando de supresa. - Como assim pequena? Quantos aninhos ele tem?- perguntei, ela sorriu, mas depois fechou a cara, pois seu olhar não estava mais em mim, mas em algo atrás.
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