Capítulo 4 - Alice

1139 Words
Termino de me arrumar com a ajuda do meu amigo. Romeu seria um ótimo personal stylist, ele é muito bom com moda. Sinto tanto por meu amigo não poder ser quem ele realmente é, me dói tanto ver ele escondendo, com medo de que as pessoas descubram e até mesmo se submetendo a ter que ir em prostíbulos com seu pai para mostrar sua masculinidade. Meu amigo merece mais, ele merece viver livre, merece ser ele, as pessoas iam amar tanto conhecer o Romeu que eu conheço. — Pensando em que? Vai acabar se atrasando. — Pensando em como nossa vida seria melhor se não tivéssemos nascido no meio disso tudo. — A gente vai sair dessa Alice, talvez esse Deus grego seja sua chave para a liberdade. — Eu nem conheço ele Romeu, não começa com suas teorias — O repreendo. Não quero criar falsas expectativas. — Aqui estão os brincos, implantei um rastreador neles. — Isso é mesmo necessário? — Sim. Escutamos alguém bater na porta e o relógio marca vinte horas, deve ser o segurança do senhor arrogante, ele é mesmo pontual. — Você não acha que está um pouco demais essa produção toda? — Não. Você está linda — Beija minha testa com carinho — Arrasa amiga, esse é o começo da nossa liberdade. — Obrigada por tudo. Abraço ele bem apertado e vou até o armário todo sério que está parado na porta me aguardando. — Boa noite — Digo assim que me aproximo. Ele não responde, apenas acena com a cabeça e sai andando, acompanho ele em silêncio também. Chegamos na suíte presidencial, entro um pouco retraída, a luz do ambiente está fraca e uma música baixa e tranquila invade o local. Me viro para perguntar onde está o senhor arrogante e só então me dou conta que aquele armário mudo não está mais aqui. Fico sem graça, estou aqui sozinha e não sei o que fazer. Cadê o senhor arrogante? — Boa noite Alice, é um prazer inenarrável recebê-la em minha suite — Sua voz invade meus ouvidos e consigo sentir o seu cheiro. — Boa noite — Respondo um pouco baixo, pois ainda estou absorta. A luz se acende por completo e finalmente meus olhos pairam sob esse homem lindo. Ele está ainda mais maravilhoso sem terno, apenas com uma calça jeans e uma camisa polo, lindo demais, meu Deus! — Você está linda! — Obrigada — Fico sem graça diante do seu elogio. — Ainda mais linda quando cora. Tenho certeza que estou mais corada ainda nesse momento, sinto meu rosto esquentar. — Você não era tão quieta assim no nosso último encontro — Diz sorrindo — Venha, pedi para prepararem a mesa de jantar na varanda, a vista é muito bonita. Sigo ele até a varanda e realmente, a vista é muito bonita. — É lindo! — Digo deslumbrada. — Não mais que você Alice. Olho para ele totalmente sem graça. Ao perceber o clima que se instalou, ele puxa uma cadeira para que eu me sente. — Obrigada. Ele se senta à minha frente e pega uma garrafa de vinho. — Tem idade o suficiente para beber Alice? — Aquele sorriso debochado brinca em seus lábios. — Acredito que sim, já que tenho idade suficiente para estar em um quarto sozinha com um homem — Não consigo evitar o sarcasmo em minha voz. — Bem observado. Decido não responder e me saboreio o maravilhoso vinho que ele acabou de me servir. — Alguma restrição alimentar? — Não. — Me fale um pouco de você enquanto comemos. — Me fale seu nome — Peço. — Enzo — Gosto do nome dele — Quantos anos Alice? — Dezoito — Ele arregala os olhos e eu tenho vontade de rir, mas não faço. — Realmente, uma criança — Responde bebendo um gole do seu vinho. — Não sou criança Enzo — Dou ênfase no seu nome — E você? Quantos anos? — Vinte — Ele ri e eu sei que está mentindo. — É tão velho assim que não pode dizer a sua idade? — Eu não sou velho, você que é nova demais. — Então fale a sua idade. — Trinta e uns. — Uns? — Pergunto rindo. — Exatamente. Agora me fale sobre você Alice, o que faz aqui? — Vou estudar, vim para fazer faculdade. — É seu namorado? — O quê? — Pergunto sem entender nada. — O rapaz que está no seu quarto. — Você acha que eu deixaria meu namorado no quarto para vir jantar com você? — Dessa vez sou eu quem solto uma risada — Pensei que fosse mais esperto Enzo. — Nunca se sabe do que as mulheres são capazes. — Ele é meu amigo, alguém de confiança dos meus pais e está aqui para me fazer companhia, apenas isso. — Seus pais não moram aqui? Fico tensa com esse assunto, mas não deixo transparecer. — Não. E os seus? — Eu não moro aqui. — Você é de onde? — Alemanha. — Ahn, entendo. E seus pais moram lá? — Não. Meus pais faleceram — Noto uma tristeza transparecer por seus olhos, mas logo se desfaz. — Sinto muito. — Não sinta, isso já faz tempo. — Está aqui a trabalho? — Decido mudar de assunto. — Sim. — Você trabalha com o que Enzo? — Curiosa, não? — Cada sorriso que ele me dá é uma borboleta diferente que voa em meu estômago. — Só estou querendo te conhecer melhor, mas se não quiser falar, tudo bem. — Administração — Arqueio uma sobrancelha para ele — Administro a empresa que meu pai deixou. — Legal, você gosta do que faz? — Gosto — O sorriso dele se alarga e eu sorrio também. — É bom fazer algo que a gente goste, assim as coisas funcionam melhor. — Concordo. O restante do jantar transcorreu bem, Enzo é uma companhia agradável, gostei muito de estar com ele, mas acho que já estou um pouco alterada por conta do vinho, é hora de encerrar a noite. — Obrigada pela noite Enzo, mas preciso ir, já está tarde. — Costuma dormir cedo criança? — Pare de me chamar de criança. — Ok — Ele levanta as mãos em sinal de rendição — Dança comigo uma música? — Acho melhor eu ir — Me levanto para ir embora. Enzo se levanta e para na minha frente, sinto meu corpo inteiro se arrepiar. — Apenas uma música Alice, não vai fazer essa desfeita, vai? — Fico pensativa se devo aceitar — Não seja sem educação, vamos lá, só uma música. — Tudo bem — Respiro derrotada — Só uma música. — Só uma música — Ele repete baixinho perto do meu ouvido. Que Dios me dê forças para suportar ficar tão perto assim desse homem.
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