Capítulo 3: História da Tia Maria Parte 2

1374 Words
"As melhores e mais belas coisas do mundo não podem ser vistas ou tocadas - elas devem ser sentidas com o coração." - Helen Keller Atormentado pela culpa por não conseguir salvar sua esposa, Thomas caiu em desespero, dedicando-se ao seu trabalho. Rose sempre seria a luz de sua vida, mas nem mesmo os punhos gorduchos agarrando seus dedos ou o sorriso sem dentes eram suficientes para amenizar a depressão em seu coração. A irmã de Estelle, Maria, assumiu a criação de sua sobrinha sempre que Thomas estava fora trabalhando em sua função de alfa. Ela se mudou para as terras da matilha, deixando sua vida humana para trás. Às vezes, Josie, a atual Luna da matilha, visitava trazendo seu filho Xavier, que na época era um mero bebê, para verificar sua futura nora. Era curioso como o bebê se acalmava quando Xavier estava por perto. Por sua vez, Xavier olhava fascinado para a criança, encantado com seus balbucios. Josie havia dado à luz recentemente, mas o novo irmão de Xavier não o fascinava da mesma forma que a pequena Rose. "Mana bonita!" ele exclamou em um dia quente e ensolarado enquanto Josie estava visitando (ela havia deixado seu filho mais novo com uma babá) enquanto Thomas havia saído com seu marido para inspecionar o perímetro do território da matilha. Xavier apontava para os cachos selvagens e indomáveis que cobriam a cabeça de Rose, com nove meses de idade. "Oh, ela vai ter um tempo difícil tentando arrumar o cabelo dela", riu Josie carinhosamente, olhando para a bebê tentando engatinhar em suas pernas gordinhas. "O progresso dela... está um pouco lento, não está?" Maria perguntou, mordendo o lábio inferior preocupada. A essa altura, a maioria dos lobisomens já estava engatinhando e se metendo em tudo. "Não se preocupe com isso", Josie assegurou com despreocupação. "Cada criança é diferente. Ela é parte humana afinal. O médico disse que seus genes lobisomens ficariam adormecidos até sua primeira transformação." Maria assentiu, ainda preocupada com sua sobrinha. Se os jovens lobisomens fossem semelhantes aos seus equivalentes humanos adolescentes, sua sobrinha teria dificuldades. "Às vezes eu me preocupo; ela pode não se encaixar..." "Bobagem, ela é a futura Luna da matilha. Ninguém ousaria intimidá-la", repreendeu Josie. Enquanto as duas conversavam entre si, houve um estrondo repentino vindo da porta da frente. Um cilindro rolou para a sala de estar. O gás explodiu, fazendo com que os dois adultos começassem a tossir. Rose começou a chorar, assim como Xavier, de dois anos de idade. Ambas as mulheres pegaram seus respectivos protegidos e correram para fora da casa. "Leve-os", implorou Josie, colocando seu filho nos braços de Maria. Josie estava pronta para cumprir seu dever como Luna da matilha. Ela arriscaria sua vida dez vezes se isso significasse salvar os filhotes. Dando um beijo rápido na cabeça de seu filho, ela se virou para enfrentar os invasores enquanto Maria corria para fora agarrando as duas crianças. No entanto, Maria não conseguiu ir muito longe, pois no momento em que conseguiu correr para fora da casa, um lobisomem com um cheiro desconhecido a agarrou. Xavier caiu de seus braços, mas o lobisomem não deu atenção ao menino de dois anos. Em vez disso, seus olhos brilhavam enquanto ele olhava para Rose. Um rápido golpe de faca na barriga e Maria caiu, segurando o estômago e com o sangue começando a manchar suas mãos. Rose estava nos braços do lobisomem, ele se virou para fugir, mas, do nada, Josie saltou sobre ele, espancando-o no chão. A criança de nove meses caiu na grama, chorando por ter sido sacudida. Josie, já ferida e sangrando por sua luta contra o lobisomem dentro de casa, continuou golpeando o lobisomem, perguntando repetidamente: "Por que você quer a futura Luna da matilha Crimson Phoenix?" O lobisomem, rindo e cuspindo sangue, finalmente respondeu. A mão de Josie parou no meio do soco. "Iremos enfraquecer sua matilha eventualmente! Dominaremos este território um dia. Para isso, precisamos enfraquecer o futuro alfa, que está fortemente protegido. Um Alfa não é nada sem sua Luna. Sabemos que suas lunas possuem habilidades especiais. Quando nos livrarmos da futura Luna, sua matilha não será mais tão forte quanto é hoje!" O homem deu um sorriso louco e cuspiu mais sangue e alguns dentes. Maria e Josie ficaram ambas gratas por esse lobisomem não saber que o futuro alfa estava a poucos metros de distância, chorando com a confusão. Como se viessem do nada, Thomas e o Alfa atual, Edmund, emergiram da floresta próxima, correndo como se suas vidas estivessem em jogo. "O outro está morto lá dentro", disse Josie sombriamente, se levantando do lobisomem que agora ria como se tivesse enlouquecido. Thomas pegou Rose chorando no chão, correndo para ajudar Maria, que estava perdendo sangue rapidamente. Ele começou a ligar para uma ambulância. Josie se virou para abraçar Xavier enquanto Edmund pegou o sequestrador em potencial, levantando-o. Os lobos subordinados do Alfa chegaram correndo à clareira e pegaram o lobisomem inimigo de Edmund. "Bem... é a cela de detenção para você", murmurou Edmund, seus subordinados o arrastando para longe. Então ele voltou sua atenção para Maria, que estava sangrando profundamente. Ela precisava ir a um hospital humano. O ferimento parecia fatal. Se ela fosse uma lobisomem, já estaria se curando agora. ** "A única maneira de mantê-la segura agora é enviá-la para longe", Edmund afirmou calmamente uma semana depois. Seu prisioneiro tinha se matado, nunca revelando quem estava por trás desse plano nefasto para prejudicar um bebê inocente e destruir a matilha de Edmund. "Ela é parte humana. Ela poderia se adaptar bem ao mundo humano por enquanto. Quando ela for mais velha e seus genes de lobisomem se manifestarem completamente, ela poderá cuidar melhor de si mesma. Por enquanto... essa é a melhor opção." "Se sua mãe estivesse viva...", Thomas começou tristemente antes de continuar. "...Eu me tornei um desastre desde a morte dela. Não confio em mim mesmo para proteger minha própria filha adequadamente. Minhas crises de depressão às vezes se tornam tão intensas que a única forma de lidar é tomar a medicação que me foi receitada. Ela me deixa inconsciente por algumas horas. Eu... eu não posso ir com ela", Thomas finalmente afirmou. "Não estou te pedindo isso, Thomas. Você é meu Beta. Nós dois precisamos descobrir quem está por trás desse plano de sequestrar a futura Luna e prejudicar meu filho. Vamos eliminar essa ameaça juntos... por nossos filhos. Uma vez que conseguirmos, chamaremos a Rose de volta para se juntar a nós no seu lugar de direito", Edmund assegurou a seu amigo e segundo em comando. Aquiescendo enquanto engoliam as lágrimas, Thomas olhou para Maria. "Eu a levarei comigo, Thomas", Maria falou antes mesmo que Thomas pudesse pedir. "Você não pode ir como está, Maria", Edmund afirmou com firmeza. "Você quase morreu no último ataque. Se você vai protegê-la... sinto muito por te pedir isso, mas você precisa ser mais forte." Maria olhou para Edmund, pálida de repente. Ela teria que permitir que a transformassem. "Não", Thomas disse de forma enérgica. "Estelle nunca..." Com a mera menção de sua irmã, Maria encheu os olhos de lágrimas. "Estelle confiaria em mim para manter sua menininha segura." Maria se virou para Thomas com as lágrimas fluindo livremente por suas bochechas. "Eu farei isso, por Estelle e pela pequena Rose. Eu faria mil vezes se isso significasse manter essa menina preciosa viva para cumprir as grandes coisas para as quais ela está destinada. Estelle sempre me dizia ao telefone que sentia que sua bebê era especial. Eu não desrespeitarei a memória dela não fazendo o melhor que posso para cuidar de Rose." "O processo de transformação para todos os humanos é doloroso. Por isso nunca transformei a Estelle. Alguns nem sobrevivem à mudança", Thomas disse furiosamente. "Você está arriscando sua vida. O que sua irmã diria? Ela nunca iria querer que você se sacrificasse." "Eu sou feita de matéria mais forte do que Estelle. Ela sempre foi a mais frágil entre nós duas. Eu vou sobreviver." Mas a maneira como a voz de Maria tremia deixava claro até mesmo suas dúvidas. Ela respirou fundo e continuou falando. "Uma vez... uma vez que você e nosso Alfa tiverem tudo sob controle, nós voltaremos."
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