Capítulo 2: História da Tia Maria Parte 1

1552 Words
"Ninguém nunca mediu, nem mesmo os poetas, quanto o coração pode aguentar." - Zelda Fitzgerald Ao final do dia escolar, Rose estava cansada da escola e animada para voltar para casa. Sua melhor amiga Erica a seguiu até o estacionamento, onde Rose entrou em seu carro, oferecendo uma carona para Erica. "Por que você não vem hoje? Tia Maria falou algo sobre uma... uma festa de aniversário para mim," disse Rose animada. Erica acenou entusiasmada, ligando para a mãe para avisar que iria para a casa de Rose depois da escola. A mãe de Erica raramente estava em casa, sempre saindo para festas com seu mais recente affair. Rose costumava sentir pena de Erica, mas fazia o possível para esconder isso. A última coisa que sua amiga precisava era da sua piedade. As duas garotas cantaram suas músicas favoritas durante todo o trajeto para casa. Rose riu quando Erica cantou o refrão da música 'Girlfriend' de Avril Lavigne. Assim que entraram em casa, Tia Maria cumprimentou as duas garotas e talvez Rose estivesse imaginando, mas a ansiedade de sua tia parecia aumentar quando soube que Erica se juntaria às comemorações do aniversário hoje à noite. "Oh..." O sorriso de Tia Maria desvaneceu um pouco com essa notícia. "Eu posso ir em outro momento se hoje à noite for só para a família," disse Erica lentamente, percebendo que talvez não fosse bem-vinda. "Não seja boba, nós não temos família," disse Rose brincalhona. "Só tem sido eu e Tia... Não é assim, Tia Maria? Você e eu juntas para sempre, nos bons e maus momentos." Rose brincou olhando para sua tia. O que ela viu fez seu rosto cair. Tia Maria estava engolindo em seco e parecia culpada diante de sua sobrinha. "Certo?" Rose perguntou com a voz trêmula, tentando entender o que estava acontecendo. "Agora, meu bem... Acho que precisamos conversar... E... Erica, nós te amamos... você é sempre bem-vinda, mas esta noite... esta noite eu preciso conversar com Rose. Temos algumas pessoas vindo para discutir algumas coisas relacionadas aos pais dela..." Tia Maria finalmente conseguiu encontrar a palavra após uma breve deliberação. Erica assentiu entendendo, lançando um olhar para sua melhor amiga. "Não se preocupe com isso, Rose. Eu vou ficar um pouco e sair antes dos convidados chegarem. Guarde um pedaço de bolo para mim, Tia Maria!" Erica disse com um sorriso largo. "Eu vou enviar um pedaço com Rose para você amanhã," Tia Maria assegurou. Depois que as duas garotas passaram um bom tempo no quarto de Rose se perguntando o que aconteceria hoje à noite, era hora de Erica ir embora. "Talvez..." Erica disse animada enquanto Rose a levava para casa. "...talvez sejam os advogados dos seus pais com um testamento dizendo que você é realmente uma milionária." Rose olhou de lado para Erica quando virou para o parque de trailers sombrio onde sua melhor amiga morava. "Talvez," Rose disse cética enquanto Erica saía e acenava para sua amiga com um "boa sorte". Erica era uma amiga maravilhosa e sua mãe era uma ex-alcoólatra em recuperação. Para compensar o vazio que o álcool poderia ter criado, sua mãe parecia saltar de um homem para o outro. Às vezes, sua mãe realmente tentava mudar de vida, mas justamente quando as coisas pareciam estar melhorando, ela voltava aos velhos hábitos. Havia momentos em que Erica simplesmente diria a Rose que precisava passar a noite lá, e Rose sempre entendia que significava que a mãe de Erica estava em um de seus "humores". Sem perguntas, sem julgamento. Erica sabia que sempre poderia contar com Rose e Tia Maria para recebê-la de braços abertos e com uma cama extra. Portanto, Erica não se importava e sabia que essa noite devia ser algo realmente importante para ser deixada de fora dessa maneira. * * * Enquanto Rose dirigia de volta para casa, sua mente se ocupou com pensamentos sobre quem poderiam ser os convidados misteriosos que viriam para o jantar de aniversário hoje à noite. Ao estacionar na garagem, Rose observou o SUV já estacionado atrás do conversível de sua tia. Se havia um luxo que Tia Maria se permitia, eram carros caros. Ela sempre teve uma afinidade por coisas caras e Rose sabia, com certeza, que, pelo que podia se lembrar, Tia Maria nunca tinha trabalhado. Quando questionada sobre como ela sustentava as duas, Tia Maria sempre desviava da pergunta, dizendo que vivia do retorno de vários investimentos que os avós de Rose haviam feito para suas duas filhas, ou seja, Tia Maria e a mãe de Rose, Estelle, que havia morrido quando Rose era um bebê. O ar fresco da noite de setembro fez Rose enfiar as mãos nos bolsos de sua jaqueta de couro branco enquanto suas botas ecoavam nos degraus de madeira que levavam ao pátio da única casa que ela conhecia. Pouco sabia Rose que, depois dessa noite, seu mundo se transformaria completamente. A primeira coisa que Rose notou ao entrar casualmente na sala de estar foi que um jovem de cabelos pretos ondulados e corpo musculoso estava sentado em sua poltrona favorita. Seus olhos castanhos escuros a olharam rapidamente antes de desviar o olhar... para onde... as chaves caíram das mãos de Rose. O homem sentado no sofá era uma réplica exata da foto de seu pai que ela tinha em seu quarto."O que... o que está acontecendo?" Rose perguntou, confusa. O homem, que era exatamente igual ao seu pai, levantou-se e veio dar-lhe um abraço apertado. "Minha filha... minha querida Rose..." Ele a apertou tão forte que Rose pensou que poderia partir ao meio. "P... pai?" Rose disse, incapaz de acreditar. "Você... você está morto..." ela balbuciou, sua mente ainda não registrando claramente a realidade diante dela. "Não, criança. Eu estou vivo e chutando", seu pai disse com um brilho alegre nos olhos. Seus olhos azuis safira escuros eram uma réplica exata dos dela. "Mas... mas..." Ela gaguejou, tentando entender como uma confusão tão colossal poderia ter acontecido. Será que a tia Maria era realmente tão c***l a ponto de mentir para ela sobre a morte dos pais? Ou isso tudo era apenas um grande m*l-entendido? "Querida Rose." A tia Maria finalmente falou do seu lugar ao lado do pai de Rose no sofá. Suas mãos estavam firmemente entrelaçadas, ela estava pálida como um fantasma. "Eu... eu acho que precisamos conversar... ou melhor, eu preciso te contar... contar tudo desde o começo." Rose soltou um ruído estrangulado na garganta, completamente tomada pela raiva e confusão. Será que tinha sido enganada? No entanto, agora a curiosidade borbulhando dentro dela venceu a raiva que se erguia feia em seu coração. E assim, em resposta ao silêncio de Rose, a tia Maria começou sua história… * * * Estelle gritou ao dar um último empurrão e o quarto foi preenchido com os choros de um bebê. "Uma menina!" seu marido, Thomas, anunciou orgulhosamente, segurando a mão da esposa enquanto era tomado pela emoção. "Ela é... ela é perfeita, Estelle. Obrigado... obrigado." Ele se inclinou para beijar a testa da esposa exausta. "Ela... ela está bem?" Estelle perguntou fracamente, estendendo os braços para o bebê chorando. "Ela é linda!" a enfermeira brilhou, entregando o bebê que ainda precisava ser limpo. "Rose... Thomas. Eu quero chamá-la de Rose." Estelle falou fraca, segurando sua bebê ainda chorando e coberta de sangue. "Rose será então!" Thomas exclamou alegremente enquanto sua filha era levada para ser limpa e trazida de volta para a primeira mamada. "Eu... eu não me sinto bem, Thomas", sussurrou Estelle, fechando os olhos. "Você é incrível, meu amor. Você acabou de dar à luz. Dê tempo para descansar e se recuperar", Thomas garantiu, acariciando amorosamente o ombro de sua esposa. Houve uma pequena comoção quando a enfermeira e o médico voltaram apressados com o bebê. "Ela carrega a marca da Lua!" A enfermeira proclamou, puxando o cobertor branco da recém-nascida para mostrar o seu braço esquerdo. Uma marca de nascença vermelho-escura em forma de morango estava no seu braço superior, logo antes do ombro. "Nossa Lua nasceu!" O médico disse sorrindo felizmente. "Que honra", disse reverentemente, olhando para a criança. Estelle sorriu, seus olhos ainda fechados. "Ela está destinada a grandes coisas, Thomas". Thomas, incapaz de lidar com essa nova informação, de repente sentiu como se sua filha tivesse sido tirada dele. Esta era sua menininha! Como ousavam o bando reivindicá-la? Ele nem teve tempo de segurá-la corretamente e agora todos iriam começar a se preocupar com ela e... seu pensamento parou quando percebeu que sua esposa não estava mais respirando. "Estelle?" ele disse, sacudindo o ombro dela onde sua mão estava apoiada. "ESTELLE!" ele gritou em angústia. E assim foi como a mãe de Rose morreu, com um sorriso nos lábios e uma hemorragia interna que os médicos não previram. Era muito raro os lobisomens morrerem no parto devido às suas habilidades regenerativas, mas Estelle era uma companheira humana do beta da alcateia Fênix Carmesim. Companheiras humanas eram muito raras, então ninguém jamais pensou que talvez ela estivesse melhor ao dar à luz em um hospital humano em vez da clínica do bando. Talvez... apenas talvez, se seu marido tivesse tido o bom senso de pensar que para um parto humano, um médico humano estaria mais acostumado a todas as coisas que poderiam dar errado, Estelle poderia ainda estar viva.
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