Capítulo 1: Rose

1371 Words
"Cada coração canta uma música, incompleta, até que outro coração sussurre de volta. Aqueles que desejam cantar sempre encontram uma música. Com o toque de um amante, todos se tornam poetas." - Platão - "Rose! Acorde!" Tia Maria gritou lá embaixo. Esfregando os olhos cansados, Rose virou para o lado da cama para olhar seu relógio despertador digital. O horário marcava 8:00h. Com um pequeno gemido, ela saiu da cama se perguntando como tinha dormido através do alarme das 7:30h. Talvez fosse porque Rose absolutamente odiava acordar cedo. Se arrumando rapidamente para a escola e pegando uma fatia de torrada no caminho, Tia Maria gritou depois dela. "Querida Rose, chegue em casa no horário hoje, temos algumas pessoas vindo para sua festa de 16 anos esta noite!" Rose ficou surpresa com essa revelação: desde antes de Rose sequer conseguir se lembrar, sempre tinha sido apenas ela e Tia Maria. Ela foi informada de que seus pais morreram em um trágico acidente de avião, deixando Rose sob a tutela da irmã de sua mãe, Tia Maria. Tia Maria, na maior parte do tempo, não era muito social. Na verdade, Rose nem conseguia se lembrar da última vez em que sua tia havia tido alguma companhia. Ela era uma senhora muito reservada que amava seu espaço. Mesmo Rose não era permitida sair muito, o que levava Tia Maria a surtos de raiva nas poucas vezes em que ela tentava sair para festas. Não valia a pena a decepção ou a preocupação que causava a sua amada tia. Claro, Tia Maria percebeu que não podia manter Rose enclausurada em casa, então sempre tentava fazer algo especial nos finais de semana ou durante as férias prolongadas que Rose tinha da escola. Elas nunca iam muito longe de casa, mas Tia Maria sempre tentava levá-la para concertos ou para a praia. As duas iam para noites de cinema ou para eventos especiais nos museus próximos. Virou uma tradição ir a algum lugar em qualquer feriado que Rose tivesse na escola. Algumas vezes, Rose pediu para ir para algum lugar fora do país, como Inglaterra ou Paris, mas Tia Maria sempre ficava nervosa em viajar por muito tempo de avião. Rose decidiu que talvez sua tia tivesse algum tipo de fobia quando se tratava de viajar por um período prolongado de avião. No entanto, as duas sempre se divertiam onde quer que fossem juntas. Jovens e cheias de vida, as senhoras desfrutavam da companhia uma da outra, especialmente porque Tia Maria não era muito mais velha do que Rose. Ao sair do carro que Tia Maria tinha comprado para ela, Rose correu apressada os dedos por seus cachos anelados de mogno enquanto observava seu crush de longa data, Jake, parado no estacionamento. Com cabelos loiros e olhos azuis claros que deixavam todas as garotas loucas, Jake era um dos garotos mais populares da escola. Ele também era um veterano, enquanto Rose era apenas uma junior no ensino médio. No entanto, isso não a impediu de se apaixonar por ele perdidamente. Não era como se essa paixão fosse levar a algum lugar de qualquer maneira. Tia Maria sempre mantinha um olhar atento sobre ela e parecia desaprovar Rose namorando alguém. Nas poucas vezes em que ela saiu em encontros, Tia Maria ligava constantemente, preocupada de que o garoto fosse um assassino. Até a melhor amiga de Rose, Erica, achava que sua tia era um pouco paranóica demais. Na maior parte do tempo, Rose era uma boa garota que não saía muito, se concentrava nos estudos e tinha algumas paixonites por rapazes que não davam em nada. Percebendo que sua tia provavelmente era um pouco excêntrica ou provavelmente teve seu coração partido e não confiava em homens, Rose mantinha a cabeça baixa e guardava sua vida amorosa para si mesma na maior parte do tempo. Infelizmente, o fato de Rose não ir a muitas festas prejudicou sua reputação quando se tratava de garotos. Ela supunha que era porque ter uma namorada que não saía muito equivalia a ser chata. Como consequência de sua vida social ser inexistente, Rose se dedicava aos estudos e realmente adorava aprender. Sua mente tinha uma sede inata por conhecimento. Desde que era criança, ela se lembrava de absorver informações ao seu redor como uma esponja. Foi por isso que, eventualmente, os educadores em sua vida aconselharam que seria melhor para Rose pular um ano para que ela pudesse ser desafiada academicamente de forma apropriada. Tia Maria ficou encantada de que sua pequena Rose fosse tão inteligente. Isso não ajudou em absolutamente nada sua popularidade ou sorte no departamento do romance em sua vida. Trocando de passo um pouco enquanto caminhava para onde Jake estava, Rose teve que fazer uma pausa para reunir coragem. Mesmo sendo a mais nova de todos, ela ainda era uma júnior e tinha algumas aulas de nível sênior com Jake. "Ei Jake!" Rose exclamou, caminhando em direção ao garoto bonito por quem ela vinha suspirando nos últimos meses. Jake acenou para ela, observando-a dos pés à cabeça. "Ei Rose, tudo bem?" Ele estava observando sua forma se aproximando. "Não muito. Como está indo seu trabalho?" ela perguntou. Ambos tinham a mesma aula de história porque Rose estava em aulas avançadas de nível universitário com muitos dos veteranos... Jake sendo um deles."Está tudo bem. Ei, talvez depois devíamos nos juntar e trocar algumas ideias?", ele perguntou. "Sim...vamos fazer isso!" Rose concordou. Seus olhos estreitaram ao observarem a marca de nascença em forma de morango vermelho escuro em seu braço pálido. "Você se machucou ou algo assim?" "Oh." Rose disse um pouco envergonhada. "É...é só uma marca de nascença. Normalmente não uso regatas para que ninguém a veja. Mas essa roupa..." Girando para que ele pudesse ver sua regata branca e calça jeans rasgada preta que estava usando com botas de combate de couro preta. "...a Erica escolheu para mim e eu não pude dizer não." Rose corou quando percebeu que estava divagando um pouco. "Legal. Acho que essa marca de nascença é legal," Jake disse com um aceno de aprovação. "Obrigada," Rose disse sorrindo pela aprovação dele. Ela se segurou mentalmente, não queria parecer muito entusiasmada com a opinião dele. "Então...até mais." Jake assentiu antes de ajustar sua mochila em seu ombro e entrar na escola com seus amigos. "Até mais," Rose disse suavemente para as costas do menino se afastando. Ele nem mesmo a ouviu enquanto empurrava as portas duplas da escola. * * * Xavier, Alfa da Matilha Fênix Carmesim, ficou nas sombras da escola observando sua companheira conversar com Jake. Ele era alto, com 1,83m, mas conseguia se misturar à multidão de estudantes em volta do prédio da escola. Talvez fosse porque ele tinha apenas 18 anos, muitas pessoas provavelmente o confundiam com um aluno mais velho. Algumas garotas passaram por ele, olhando-o apreciativamente. Ele era um alfa e um lobisomem, sua estrutura era muscular e mais esbelta do que a maioria dos meninos nesta escola humana. Mas Xavier não prestou atenção nas garotas. Seus olhos estavam focados apenas em Rose desaparecendo no prédio. Apertando os punhos com raiva, ele não pôde deixar de se perguntar o que fazer em seguida. Obviamente, ele sentia o chamado de sua companheira, mas não era tão forte a ponto de ele não ser capaz de resistir. O que sua namorada diria quando descobrisse? Ele havia estado com Alyssa nos últimos 6 meses e terminar o relacionamento com ela apenas porque a deusa da lua havia marcado alguma garota como sua companheira não era justo com sua namorada e nem consigo mesmo. Ele não poderia simplesmente desenvolver sentimentos com o apertar de um botão... poderia? Virando-se para voltar ao seu carro, Xavier olhou para seu celular onde a tela de descanso era uma foto dele e de Alyssa sorrindo para a câmera enquanto se abraçavam. O cabelo loiro longo de Alyssa e seus olhos azuis brilhantes fizeram seu coração apertar. Como ele poderia deixá-la? Ela havia sido seu apoio após a morte de seu pai. Ele a amava. "Queria que você ainda estivesse aqui, pai." Xavier murmurou suavemente, olhando para o céu como se esperasse por uma resposta. Como sempre, não houve resposta, então Xavier entrou silenciosamente em seu carro e partiu.
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