Hugo Raffael Mariano - Explosão.

1366 Words
Hugo Raffael Mariano Sinto muito ódio desses miseráveis. Sei que não foram eles, mas por causa do que Laerte me fez vivenciar aos 8 anos sou como sou hoje, para conseguir me aceitar como o homem que sou, tive que abrir mão de muita coisa. E moldar minha personalidade e minhas atitudes. Nunca esqueci o que ouvi naquele dia. Mas joguei no esquecimento da minha mente, meu subconsciente me manteve protegido dessas palavras. Até hoje. Me arrependo agora de nunca ter compartilhado isso com meus irmãos. Pois, Lorenzo jamais me faria ouvir essa gravação se soubesse o que as palavras desse verme mudaram em mim. Lorenzo me olha de relance e diz. — “Motivo”. (Razão). Paro imediatamente. Elias me encara. Ele nos conhece muito bem e percebeu que algo me tirou do meu normal. Respiro fundo apenas afim de me acalmar e voltar ao modo ANJO. E percebo algo. Sinto um cheiro no ar que conheço muito bem. — Ritiri! (Retirada!). — Sussurro no comunicador. Como estamos de máscaras só nós ouvimos. Valentim e Lorenzo me olham por um segundo. Faço o gesto com indicador e eles entendem. Sinalizo explosão. Lorenzo em segundos usa duas lâminas e deixa Laercio nu. Vejo o homem que acredito ser seu braço direito arregalar os olhos e gritar. — Seu traidor de merd@. Covarde. Você não está com os explos... Antes que ele termine de falar. Nós já estamos correndo. Os arcanjos atiram para matar a maior parte deles. Enquanto correm para formar o escudo protetor ao nosso redor. As explosões começam. Não temos o que fazer. Então grito mesmo sabendo que todos já sabem disso. — Chão! — A melhor forma de evitar sermos arremessados pela explosão é deitar-se. E nossos trajes de combate irão absorver a maior parte do impacto e da onda de calor. Nossos corpos se chocam ao chão. E as explosões continuam. Olho para o lado e vejo o Laercio ser arremessado. Os arcanjos que estavam nas posições de sniper nos chamam nos comunicadores desesperados. Em segundos ouvimos a voz do nosso pai desesperado nos nossos comunicadores. — Filhos! Falem comigo... Hugo Raffael! Valentim! Lorenzo! Falem comigo. Cazzo! — Cof cof. Estou bem Dom. — Lorenzo é o primeiro a falar. — Eu também. Dom. — Valentim diz. Raffael! Irmão? — Estou aqui. Não grita irmão. Arcanjos? Cof Cof. Soldados? Faço um esforço para me virar e sentar. Lorenzo se aproxima com o Elias, eles me estendem a mão e me puxam. Corremos até o Valentim que ainda está estirado no chão. — Não. Nãooooo! Irmão! Ele nos olha e pisca. — Filho da... — Lorenzo para quando o encaro. — Da nossa mãe. Levanta logo daí. Nos reagrupamos e todos estamos bem. — Raffael essa foi por pouco. Você nos salvou. — Na verdade Lorenzo e Valentim, os olhares de vocês me fizeram respirar fundo e percebi o cheiro dos explosivos. Acredito que tiveram que manusear tudo muito rápido. — Agora temos que descobrir o que o Laercio quis dizer com “os nossos vão morrer”. — Lorenzo diz pensativo. — Vi ele ser arremessado naquela direção. Vamos verificar se ainda está vivo? — Meus irmãos assentiram. — Vamos! Arcanjos e soldados estabeleçam o perímetro, não podemos sofrer ataques secundários. — Esse é o comando do nosso Dom Lorenzo. — Afirmativo. — Eles respondem. Procuramos e logo encontramos o Laercio empalado em um pedaço de ferro. Ele está sangrando muito pela boca. Tem apenas mais alguns minutos de vida. — Cooof orgrgrg. Man... dei ex...plodir u... uma bo... ate de... de vocês. Vou morrer feliz sabendo que vocês não poderão evitar. Até a me...ia no...it... — O quê? — Termina de falar. Valentim o sacode pelos ombros. — Ele está morto irmão. — Digo. Valentim atira diversas vezes na cabeça do Laercio. — Precisamos recuperar o celular dele. Achar alguma coisa que nos dê uma direção. — Valentim logo volta a pensar de forma analítica. Fico surpreso como ele consegue controlar rapidamente suas emoções. — Ele vai atacar uma de nossas boates. Temos que considerar as que mais frequentamos. — Exatamente Lorenzo. Mas todas podem ser o alvo. — Informo com pesar. Pois se for na capital temos 12 boates. Fora as outras espalhadas pelo país. — Lorenzo. Sou eu, Vittório. Achem o celular dele o mais rápido possível. Já estamos aumentando a busca por estrangeiros que tenham entrado no nosso país nas últimas semanas. Mas através do celular dele Valentim você conseguirá maiores informações e mais rápidas. — Estamos vasculhando o local. Achei! — Valentim levanta o aparelho praticamente destruído. Ele pega alguns equipamentos na sua mochila e coloca algumas peças do celular. Sei que ele está acessando os dados do celular. Minutos depois ele diz. — Vittório, estou enviando um número que ligou para o Laercio a dois dias atrás. E antes foi a mais de dois meses. Vittório afirma o recebimento e pede 1 minuto. — Anjos Mariano, já rastreamos as ligações. A última foi feita a dois dias na proximidade de duas de nossas melhores boates. Nos olhamos e Lorenzo dá o comando. — Esvazie as boates agora! Não temos tempo a perder. A noite estava caindo. — Pelo que ele balbuciou será algo perto da meia noite. —Informo. — Precisamos considerar que o homem pode ter ligado dessa região para nos enganar. — Valentim fala mais como se estivesse conversando com ele mesmo. — Vou rastrear todos os lugares onde esse telefone esteve nos últimos meses em nosso país, principalmente há 2 dias atrás. — Dom Lorenzo há uma prisão subterrânea. Fizemos a varredura por infravermelho há indivíduos lá. — Elias nos informa. — Eu vou com você até lá. Os demais protejam o Dom Lorenzo e o consigliere Valentim. Anjos Mariano estejam prontos para saírem daqui assim que voltarmos. Digo e sigo com Elias, Mário e Magno. Elias desliga o comunicador e me cutuca no ombro. Também silencio o meu e ele pergunta sussurrando. — Você está bem? — Apenas assenti. — O que houve lá? Porque perdeu o controle? — Lembranças traumáticas. Mas já estou bem. Agradeço seu cuidado. — Somos família. Lembra? Meu primo. — Sorrio. Ativamos os comunicadores e seguimos por um corredor cheio de celas. Homens em situações deploráveis se encontram aqui. O que nos revela ser o local das torturas. Matamos alguns como golpe de misericórdia. E seguimos verificando cela por cela. Até ouvir uma voz baixa dizer. — Dom Ângelo? Cof cof. Nunca pensei que fosse voltar a vê-lo antes de morrer. Olho para o Elias e ele também parece confuso. Abrimos a cela e o tiramos de lá. Ele m*l fica em pé e está desfigurado. Com muito esforço aponta para outras duas celas. Mas os homens estão piores que ele. Não sobreviveriam. — São seus homens? — Ele assentiu. — Sabe que não vão sobreviver. Tenho serias dúvidas se você irá. — Mi... seri... córdia. — Apenas assenti. Magno e Elias põem fim ao sofrimento deles com um tiro na cabeça. — Quem é você? — Pergunto olhando em seus olhos. — Ro...dri...go Mar... quez. — O homem desmaia. — Vamos levá-lo Hugo Raffael? — Magno indaga-me. — Ele pareceu feliz ao me confundir com meu pai. Saímos e logo chamo o Dom Ângelo no comunicador. — Dom Ângelo, conhece Rodrigo Márquez? — Sim. O encontraram? Está vivo? — Sim. Muito machucado, porém ainda vivo. — Tirem ele daí. É um velho parceiro. Sigam para o esconderijo imediatamente. Já começamos a receber ligações dos líderes de várias famílias importantes da máfia espanhola, mas não podemos confiar em seus apoios cegamente. E outros inimigos deles podem tentar se aproveitar da situação e fazer vocês de alvos também. — Entendido. Estamos batendo em retirada agora mesmo. Alguns soldados se aproximam com uma maca e levam o homem que ainda está desacordado. Seguimos para o ponto de extração. Eu mesmo ministro os medicamentos do Rodrigo. Fazemos o deslocamento até o esconderijo em silêncio. Temos muito que pensar e rever. Cometemos erros hoje que poderiam ter custado não só as nossas vidas, mas também as dos nossos arcanjos e soldados. “Será que ainda não estamos prontos?”
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