Lorenzo Mariano
Depois de horas de conversas sobre os assuntos da máfia, seguimos para nossas funções. Que a partir de amanhã não existirão mais. Sabia que esse momento ia chegar, mas ainda assim é estranho.
Meu pai tem razão quando diz que se fosse por capacidade o meu avô seria o DOM ainda. E ele nem assumiria. Pois do vô Hugo passaria direto para mim. Eu quero ser o Dom, sempre quis. É tudo que sonho em ser, me preparei a vida inteira para ser. A parte que me incomoda é a de encontrar a minha Dama. Eu nunca nem me apaixonei. As mulheres despertam meu interesse rapidamente, mas é tão voraz e fulgaz, que logo nem me lembro delas. E quero uma Dama que seja a dona do meu coração, que eu a ame e seja correspondido, assim como os meus pais se amam. Não quero uma esposa que esteja comigo só porque serei o novo Dom Mariano. Mas se não encontrar a minha “garota”, terei que deixar minha mãe escolher uma noiva adequada para mim quando fizer 25 anos e me esforçar para gostar dela.
— Vamos Lorenzo. Está muito pensativo. Cara ainda temos 2 anos pela frente. E depois que assumirmos nosso pai e tio Nicolas continuarão nos dando todo apoio.
— Verdade Valentim. Vamos, que hoje precisamos sair para comemorar.
— Depois do jantar em família ou nossa mãe nos prende em casa por uma semana. — Valentim fala antes de gargalhar.
— Sério que vocês querem sair para comemorar?
— Raffael, nem inventa para de ser o certinho de nós três. Vamos sair, beber, dançar, achar uma mulher gostos@ e passar algumas horas de prazer em seus braços. Concorda Lorenzo?
— Concordo plenamente Valentim. Às vezes acho que toda safadeza do nosso pai ficou apenas para nós dois, irmão. Hugo Raffael é muito tranquilo quando o assunto é mulher.
— Só porque não ando como vocês que parecem animais no cio, não quer dizer que não sou safad0. Sabem que isso está no sangue Mariano. Ao menos até o seu coração ser amarrado.
Raffael fala, mas não nos convence muito. Ele é muito tranquilo quando o assunto é mulher. Eu sou o terror como diz a Dama Valentina.
Ela teve que me proibir de ficar com as meninas da máfia, principalmente as filhas de nossos tios arcanjos. Depois que fiquei com algumas filhas de soldados, ela temia que nossos olhares recaíssem sobre nossas “primas”.
A Dama também nos proibiu de nos envolvermos com prostitutas, nosso pai também nos ensinou esse valor e outros. Não pagamos por sexo, não iludimos mulheres, não abusamos de forma alguma de uma mulher. Somos sempre cuidadosos quanto a isso.
...
Estamos no carro voltando para mansão. Valentim e Hugo Raffael estão assistindo alguma coisa no tablet. Eu estou olhando as ruas. Vejo de longe um grupo de jovens. Parecem estudantes. Algumas garotas são muito belas. Mas há uma em especial que chama minha atenção. Estamos parados no cruzamento e consigo observá-la.
Ela tem os cabelos loiros, bem longos, na altura da cintura para ser mais exato. Um corpo perfeito. Cheio de curvas, ela está usando um macacão jeans claro com uma blusa branca básica de manga curta. Olho por alguns segundos todo seu corpo. Me interesso ao ver apenas sua fisionomia de lado. Olho atentamente e vejo ela colocar o cabelo para o lado deixando seu pescoço a mostra. Noto que ela tem uma pequena tatuagem, eu acho que é uma tatuagem. No lado direito do pescoço.
O carro voltar a se locomover e quando fazemos a volta na rotatória a linda jovem e os colegas mudam de calçada e passamos lentamente ao lado deles.
Olho fixamente para o rosto dela e sem duvida é a loirinha mais linda que já vi. Rosto bem delicado, olhos vibrantes e uma boca tão bem desenhada que beira a perfeição de uma pintura de Leonardo Da Vinci.
Ela para de conversar com uma colega e olha para o carro que estou. Me sinto estranho, como se ela pudesse me ver e estivesse envergonhado. Mas ela não consegue me ver, os vidros são escuros. Encaro seu rosto que está sendo iluminado pelos últimos raios de sol de hoje e guardo sua feição na memória. Viro a cabeça e ainda a observo enquanto o carro se afasta.
— O que foi Lorenzo? O que tanto olha? Valentim acho que ele não está bem.
— Raffael, meu irmão. Não se preocupe, não foi nada.
“Eu acho!”
Sorrio com meu pensamento, porque mesmo que fosse alguma coisa perdi a chance. Dificilmente voltarei a ver aquela linda loira na vida.
.....
Após um jantar de comemoração agradável em família, seguimos os três para uma de nossas boates.
Entramos e seguimos para o bar ao lado da pista de dança. Os funcionários sabem que somos os donos, mas a maioria das pessoas aqui não sabe. Assim como nosso pai Ângelo, mantemos nossa identidade da máfia oculta para os civis. Para a sociedade em geral, somos os jovens herdeiros Mariano, prodígios no mundo dos negócios, bilionários, lindos e os solteiros mais cobiçados.
Pedimos o nosso vinho especial. Eu sei que é diferente, mas nós somos assim. Fugimos do tradicional. Não bebemos descontroladamente, nem bebidas fortes. Nunca usamos drogas, mesmo lidando com o comércio e transporte delas. O Valentim até fumou charuto uma vez e odiou.
— E aí, Lorenzo? Vamos à caça?
— Já comecei a examinar o terreno Valentim.
Brindamos e Raffael gargalha, fazendo gesto de negação.
— Tenho que admitir irmãos, que hoje têm muitas mulheres bonitas aqui.
Olho espantado para o Raffael, que balança os ombros. Valentim gargalha e segura nos ombros do nosso irmão.
— Vai à caça com a gente, irmão? — Pergunto surpreso.
— Não. Estou bem aqui. Vão lá que fico de olho em vocês.
— Raffael, por que você se envolve mais com as mulheres quando estamos em outros países? As italianas não fazem o seu tipo?
Enquanto converso com meus irmãos, meus olhos vasculham a pista de dança e, por um motivo que não sei qual é, encaro todas as loiras e nenhuma me atrai. Mudo para ruivas e nada.
“Merda.”
— Não tenho nada contra as mulheres italianas, mas as estrangeiras não nos conhecem e a conquista é mais verdadeira. Aqui, quem não sabe que somos os herdeiros da máfia, sabe que somos herdeiros Mariano.
Gargalhamos e eu bebo todo meu vinho. Aceno para meus irmãos quando coloco minha taça no balcão. Me aproximo de uma linda mulher de cabelos pretos. Ela percebe e me encara. Paro próximo a seu rosto e falo alto devido à música.
— Buona notte! Posso ballare con te? Non sei accompagnato? (Boa noite! Posso dançar com você? Está desacompanhada?).
— Sì. (Sim.).
Junto nossos corpos e começamos a dançar no ritmo da música, que é muito envolvente. Ela é cheirosa. Deslizo as mãos pelas suas costas e toco sua cintura. Ela segura em meus braços.
Vejo uma loira de cabelos longos no bar e quase paro de dançar, minha atenção está nela. Mas logo ela se vira e mesmo no escuro, reconheço que não é a loirinha que vi mais cedo.
— Lindo. Olá! Está tudo bem?
— Sim. Qual o seu nome? E o que faz numa boate sozinha?
— Sou Marina, estou aqui a trabalho.
— Trabalho?
— Sou jornalista. — Gargalho. Achei que ela fosse uma prostituta. O que seria até melhor.
Faço um sinal com a sobrancelha para meus irmãos que estão me observando.
— Tenho que ir, bela senhorita. Obrigado pela dança.