Capítulo 7 - Martina

1586 Words
Fiz um macarrão com molho branco na janta, acabou rendendo bastante, ainda bem, porque agora sobrou para Matteo comer. Depois de esquentá-lo, coloco na mesa e vou até a pequena adega buscar um vinho. Fico olhando e não sei o que escolher, não sou uma entendedora de vinhos, como vou saber o que ele quer ou o que combina com massas? Começo a ler os rótulos e tem vinho aqui mais velho que minha bisavó, credo! — Com dúvida do que escolher? — tomo um susto e quase deixo o vinho que estava segurando cair no chão. — Que susto, Matteo. Ele está encostado na parede ao lado da porta, as mãos no bolso da calça de moletom que usa e um sorriso sacana no rosto. Por que Matteo tem que ser tão bonito? Pele bronzeada, cabelos escuros e lisos cortado baixo, barba perfeitamente desenhada no rosto, as sobrancelhas definidas e escuras, dando uma impressão séria em sua face, nariz fino e uma boca carnuda rosada que é convidativa demais. O quê?! De onde você tirou esse “convidativa demais”, dona Martina? Tudo bem, essa parte foi exagero, mas não tenho como negar como ele é bonito, bonito é pouco, lindo, muito lindo e gostoso também. Alto, arrisco 1,85/1,90 de altura, deve pesar uns 85 kg aproximadamente, engana-se quem pensa que é gordura, arrisco dizer mais ainda, Matteo não deve ter 10% de gordura nesse corpo musculoso. Barriga tanquinho, braços fortes, costas e p****s largos, pernas musculosas e uma b***a que meu Jesus! Que b***a! Balanço minha cabeça, chacoalhando minha mente para recuperar minha sanidade. — Fico constrangido e até mesmo um pouco envergonhado quando você fica me cobiçando dessa maneira — Matteo sorri. — Te cobiçando? — solto uma gargalhada irônica — Se toca, não estou te cobiçando. — Se você diz… — continua com um sorriso no rosto. Os dentes dele são extremamente brancos — O que temos para jantar? — Macarrão com molho branco, não sabia que ia chegar hoje — justifico. — Gosto muito de macarrão e acho que combina com vinho branco, o que você me diz? — Não entendo de vinhos. — Chevalier-Montrachet. — Que?! — faço uma careta, não entendi nada. — O vinho, estou escolhendo esse. — Ah sim, deixe-me procurá-lo. Começo a procurar e logo encontro algo parecido com o que ele falou. — É esse? — pergunto. — É sim. Abro um sorriso satisfeita por ter acertado e com a garrafa nas mãos começo a sair da adega, mas Matteo segura meu braço. — O que foi? — pergunto confusa. — O que te chateou ao ponto de manchar minhas roupas? — Nada. Por qual motivo estaria chateada? — Já te conheço o suficiente para saber que você só revida quando se sente atacada. Eu me senti atacada? Claro que não, que absurdo! — Já falei que não foi nada e também já te falei que foi sem querer. — Nem você acredita nisso. — O macarrão vai esfriar. Ele solta meu braço e vou para a sala de jantar quase que correndo. — Eu abro — Matteo pega o vinho da minha mão para abri-lo. Quando sua mão encosta na minha, nossos olhares se cruzam, mas logo desvio. Sirvo nossos pratos e me sento esperando enquanto ele serve o vinho. — E então, qual sua proposta? — adianto o assunto. Eu e Matteo não temos nada o que conversar, então vou direto ao ponto. — Que proposta? — se finge de sonso enquanto come o macarrão. — Matteo, você disse que me faria uma proposta se eu aceitasse jantar com você. — Relaxa Martina, jante primeiro. — Já jantei, estou aqui só por causa da proposta. — Quero saber o que te chateou… Não, você disse que não ficou chateada, então quero saber o que te irritou ao ponto de fazer aquilo. — Já disse que foi sem querer, deixa de ser chato — bufo, irritada com esse assunto — Além disso, queria pedir desculpas por montar em suas costas e por aqueles tapinhas na sua cabeça — digo bem baixinho, morrendo de vergonha. — Sabe que não deve fazer isso, não sabe? — Sim, eu sei, peço desculpas, na hora nem pensei no que estava fazendo, você poderia ter revidado — fico olhando para meu prato. Matteo me leva ao extremo nos sentimentos, acabei tomando uma atitude sem pensar, esquecendo quem ele é, foi muita sorte minha que ele não revidou e me bateu. — Martina, olhe para mim — pede e eu levanto meu olhar — Nunca vou encostar em você, não para te machucar. Você acha que eu revidaria? — não sei ao certo, mas pela sua voz, ele parece chateado. — Ah, não sei, sabe como são os homens na máfia — dou de ombros. — Eu sou homem, Martina, você pode ficar tranquila, não vou te machucar. Agora os que têm essas atitudes não podem ser considerados homem. — Quando você quer, até que consegue ser legalzinho. — Legalzinho? — solta uma gargalhada alta — Sou legal pra caramba! — Já deixou de ser legalzinho. — Acho que é a primeira conversa que não nos ofendemos. — É o que parece — fico sem graça diante da forma como está me olhando. Bebo um longo gole do vinho. — Me fale um pouco de você — me surpreendo com seu pedido. — O que foi? Está querendo selar nossa paz? Finalmente vamos ser um casal que se ama muito e vamos viver felizes para sempre? — brinco. — Sim para a primeira pergunta e não para a segunda. — Como assim? — Selar a nossa paz? Sim. Vamos ser um casal que se ama muito e viver felizes para sempre? Não. Levanto as sobrancelhas e engulo em seco. — Não sonha com os felizes para sempre? Pra que você quer saber, Martina? — Não. — Nem com a Manu? Cala a boca Martina! — Minha consciência me recrimina. — Ciúmes, querida esposa? — abre um sorriso. — O quê?! Claro que não! — Não. — Não o que? — Nem com a Manu? Não! — repete minha pergunta e a responde. — Pensei que tivesse encontrado o seu feliz para sempre — zombo. — Eu não quero amor, Martina — responde sério. — Você faz o tipo libertino, sei, entendo — brinco. Não sei porque essa conversa está me incomodando. Me remexo na cadeira, desconfortável e bebo mais vinho. Matteo enche nossas taças novamente. — Posso ser um ótimo marido, se desejar, mas amor não posso te prometer. Engasgo com o vinho e quase cuspo tudo. — Não quero que seja um bom marido! — Eu disse ótimo. — Ah tanto faz, bom ou ótimo marido, não tenho interesse. Ele ri. — Você não tem jeito, não cede nunca. — Quero ver minha mãe — mudo o assunto. Fiquei extremamente nervosa e nem sei o motivo. — Pensei em comprar roupas, mas se quer ver sua mãe, tudo bem, proposta aceita. — Não é justo, você disse que ia me fazer uma proposta e falou sobre as roupas. — Você como é muito esperta já adiantou a proposta. E então, quer as roupas ou ver sua mãe? — Não pode ser os dois? — barganho. — Você jantou comigo e foi civilizada, então te darei algo que quer, mas só uma coisa, se continuar sendo boazinha posso pensar em outras propostas. — Seu… Seu… — Matteo me corta. — O jantar ainda não terminou, ainda posso cancelar a proposta. Ele fica com um sorriso debochado no rosto, ai Jesus, como isso me irrita! — Minha mãe, quero vê-la. — Ótima escolha. — Vai me devolver as cuecas? — Não. — Mas Matteo, não vou comprar roupas e você ainda vai me tirar as cuecas, como vou fazer? — suspiro, cansada de brigar com ele. — Vai ficar sem, apenas com minha camisa — me olha com intensidade. Paraliso no seu olhar por um longo tempo, um silêncio ensurdecedor se instala, uma tensão fora do comum. Minha respiração começa a ficar desregulada e aperto minhas pernas. — Vou dormir — corto o contato visual e me levanto. — O que foi, Martina? Tem medo de não resistir? — a voz de Matteo é tão grossa que me causa arrepios. — Só estou cansada, pare de se achar tanto! — não me viro para olhá-lo, continuo andando em direção a escada. Preciso sair daqui agora, correndo! Começo a subir as escadas e o sinto atrás de mim, não preciso olhar para sentir sua presença. Quando terminei de subir as escadas, sinto suas mãos segurarem minha cintura. — Não quero resistir — fala, bem próximo da minha boca. Começo a hiperventilar. — Me solta Matteo — minha voz falha. — Quer mesmo que eu te solte? — S-sim — gaguejo. — Seu corpo diz outra coisa — beija meu pescoço e estremeço. — Meu corpo não diz nada, escute o que minha boca está falando, me solta. Tento falar o mais firmemente possível, mas falho miseravelmente. Matteo coloca uma mão no meio das minhas pernas e solto um gemido*. — Ainda quer que eu te solte? — seus olhos se fixam nos meus. Inspiro. Expiro. Inspiro. Expiro. Ah, quer saber? Que se dane! Aproximo nossos lábios. Matteo segura firme em minha nuca e aprofunda o beijo, com a outra mão livre me impulsiona, pulo em seu colo e enlaço minhas pernas em sua cintura. Você perdeu o juízo de vez, Martina!
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