Fiz um macarrão com molho branco na janta, acabou rendendo bastante, ainda bem, porque agora sobrou para Matteo comer. Depois de esquentá-lo, coloco na mesa e vou até a pequena adega buscar um vinho.
Fico olhando e não sei o que escolher, não sou uma entendedora de vinhos, como vou saber o que ele quer ou o que combina com massas?
Começo a ler os rótulos e tem vinho aqui mais velho que minha bisavó, credo!
— Com dúvida do que escolher? — tomo um susto e quase deixo o vinho que estava segurando cair no chão.
— Que susto, Matteo.
Ele está encostado na parede ao lado da porta, as mãos no bolso da calça de moletom que usa e um sorriso sacana no rosto.
Por que Matteo tem que ser tão bonito? Pele bronzeada, cabelos escuros e lisos cortado baixo, barba perfeitamente desenhada no rosto, as sobrancelhas definidas e escuras, dando uma impressão séria em sua face, nariz fino e uma boca carnuda rosada que é convidativa demais.
O quê?! De onde você tirou esse “convidativa demais”, dona Martina?
Tudo bem, essa parte foi exagero, mas não tenho como negar como ele é bonito, bonito é pouco, lindo, muito lindo e gostoso também. Alto, arrisco 1,85/1,90 de altura, deve pesar uns 85 kg aproximadamente, engana-se quem pensa que é gordura, arrisco dizer mais ainda, Matteo não deve ter 10% de gordura nesse corpo musculoso. Barriga tanquinho, braços fortes, costas e p****s largos, pernas musculosas e uma b***a que meu Jesus! Que b***a!
Balanço minha cabeça, chacoalhando minha mente para recuperar minha sanidade.
— Fico constrangido e até mesmo um pouco envergonhado quando você fica me cobiçando dessa maneira — Matteo sorri.
— Te cobiçando? — solto uma gargalhada irônica — Se toca, não estou te cobiçando.
— Se você diz… — continua com um sorriso no rosto. Os dentes dele são extremamente brancos — O que temos para jantar?
— Macarrão com molho branco, não sabia que ia chegar hoje — justifico.
— Gosto muito de macarrão e acho que combina com vinho branco, o que você me diz?
— Não entendo de vinhos.
— Chevalier-Montrachet.
— Que?! — faço uma careta, não entendi nada.
— O vinho, estou escolhendo esse.
— Ah sim, deixe-me procurá-lo.
Começo a procurar e logo encontro algo parecido com o que ele falou.
— É esse? — pergunto.
— É sim.
Abro um sorriso satisfeita por ter acertado e com a garrafa nas mãos começo a sair da adega, mas Matteo segura meu braço.
— O que foi? — pergunto confusa.
— O que te chateou ao ponto de manchar minhas roupas?
— Nada. Por qual motivo estaria chateada?
— Já te conheço o suficiente para saber que você só revida quando se sente atacada.
Eu me senti atacada? Claro que não, que absurdo!
— Já falei que não foi nada e também já te falei que foi sem querer.
— Nem você acredita nisso.
— O macarrão vai esfriar.
Ele solta meu braço e vou para a sala de jantar quase que correndo.
— Eu abro — Matteo pega o vinho da minha mão para abri-lo.
Quando sua mão encosta na minha, nossos olhares se cruzam, mas logo desvio.
Sirvo nossos pratos e me sento esperando enquanto ele serve o vinho.
— E então, qual sua proposta? — adianto o assunto.
Eu e Matteo não temos nada o que conversar, então vou direto ao ponto.
— Que proposta? — se finge de sonso enquanto come o macarrão.
— Matteo, você disse que me faria uma proposta se eu aceitasse jantar com você.
— Relaxa Martina, jante primeiro.
— Já jantei, estou aqui só por causa da proposta.
— Quero saber o que te chateou… Não, você disse que não ficou chateada, então quero saber o que te irritou ao ponto de fazer aquilo.
— Já disse que foi sem querer, deixa de ser chato — bufo, irritada com esse assunto — Além disso, queria pedir desculpas por montar em suas costas e por aqueles tapinhas na sua cabeça — digo bem baixinho, morrendo de vergonha.
— Sabe que não deve fazer isso, não sabe?
— Sim, eu sei, peço desculpas, na hora nem pensei no que estava fazendo, você poderia ter revidado — fico olhando para meu prato.
Matteo me leva ao extremo nos sentimentos, acabei tomando uma atitude sem pensar, esquecendo quem ele é, foi muita sorte minha que ele não revidou e me bateu.
— Martina, olhe para mim — pede e eu levanto meu olhar — Nunca vou encostar em você, não para te machucar. Você acha que eu revidaria? — não sei ao certo, mas pela sua voz, ele parece chateado.
— Ah, não sei, sabe como são os homens na máfia — dou de ombros.
— Eu sou homem, Martina, você pode ficar tranquila, não vou te machucar. Agora os que têm essas atitudes não podem ser considerados homem.
— Quando você quer, até que consegue ser legalzinho.
— Legalzinho? — solta uma gargalhada alta — Sou legal pra caramba!
— Já deixou de ser legalzinho.
— Acho que é a primeira conversa que não nos ofendemos.
— É o que parece — fico sem graça diante da forma como está me olhando. Bebo um longo gole do vinho.
— Me fale um pouco de você — me surpreendo com seu pedido.
— O que foi? Está querendo selar nossa paz? Finalmente vamos ser um casal que se ama muito e vamos viver felizes para sempre? — brinco.
— Sim para a primeira pergunta e não para a segunda.
— Como assim?
— Selar a nossa paz? Sim. Vamos ser um casal que se ama muito e viver felizes para sempre? Não.
Levanto as sobrancelhas e engulo em seco.
— Não sonha com os felizes para sempre?
Pra que você quer saber, Martina?
— Não.
— Nem com a Manu?
Cala a boca Martina! — Minha consciência me recrimina.
— Ciúmes, querida esposa? — abre um sorriso.
— O quê?! Claro que não!
— Não.
— Não o que?
— Nem com a Manu? Não! — repete minha pergunta e a responde.
— Pensei que tivesse encontrado o seu feliz para sempre — zombo.
— Eu não quero amor, Martina — responde sério.
— Você faz o tipo libertino, sei, entendo — brinco.
Não sei porque essa conversa está me incomodando. Me remexo na cadeira, desconfortável e bebo mais vinho. Matteo enche nossas taças novamente.
— Posso ser um ótimo marido, se desejar, mas amor não posso te prometer.
Engasgo com o vinho e quase cuspo tudo.
— Não quero que seja um bom marido!
— Eu disse ótimo.
— Ah tanto faz, bom ou ótimo marido, não tenho interesse.
Ele ri.
— Você não tem jeito, não cede nunca.
— Quero ver minha mãe — mudo o assunto.
Fiquei extremamente nervosa e nem sei o motivo.
— Pensei em comprar roupas, mas se quer ver sua mãe, tudo bem, proposta aceita.
— Não é justo, você disse que ia me fazer uma proposta e falou sobre as roupas.
— Você como é muito esperta já adiantou a proposta. E então, quer as roupas ou ver sua mãe?
— Não pode ser os dois? — barganho.
— Você jantou comigo e foi civilizada, então te darei algo que quer, mas só uma coisa, se continuar sendo boazinha posso pensar em outras propostas.
— Seu… Seu… — Matteo me corta.
— O jantar ainda não terminou, ainda posso cancelar a proposta.
Ele fica com um sorriso debochado no rosto, ai Jesus, como isso me irrita!
— Minha mãe, quero vê-la.
— Ótima escolha.
— Vai me devolver as cuecas?
— Não.
— Mas Matteo, não vou comprar roupas e você ainda vai me tirar as cuecas, como vou fazer? — suspiro, cansada de brigar com ele.
— Vai ficar sem, apenas com minha camisa — me olha com intensidade.
Paraliso no seu olhar por um longo tempo, um silêncio ensurdecedor se instala, uma tensão fora do comum. Minha respiração começa a ficar desregulada e aperto minhas pernas.
— Vou dormir — corto o contato visual e me levanto.
— O que foi, Martina? Tem medo de não resistir? — a voz de Matteo é tão grossa que me causa arrepios.
— Só estou cansada, pare de se achar tanto! — não me viro para olhá-lo, continuo andando em direção a escada.
Preciso sair daqui agora, correndo!
Começo a subir as escadas e o sinto atrás de mim, não preciso olhar para sentir sua presença.
Quando terminei de subir as escadas, sinto suas mãos segurarem minha cintura.
— Não quero resistir — fala, bem próximo da minha boca.
Começo a hiperventilar.
— Me solta Matteo — minha voz falha.
— Quer mesmo que eu te solte?
— S-sim — gaguejo.
— Seu corpo diz outra coisa — beija meu pescoço e estremeço.
— Meu corpo não diz nada, escute o que minha boca está falando, me solta.
Tento falar o mais firmemente possível, mas falho miseravelmente. Matteo coloca uma mão no meio das minhas pernas e solto um gemido*.
— Ainda quer que eu te solte? — seus olhos se fixam nos meus.
Inspiro.
Expiro.
Inspiro.
Expiro.
Ah, quer saber? Que se dane!
Aproximo nossos lábios. Matteo segura firme em minha nuca e aprofunda o beijo, com a outra mão livre me impulsiona, pulo em seu colo e enlaço minhas pernas em sua cintura.
Você perdeu o juízo de vez, Martina!