CAPÍTULO 06

976 Words
Márcia: Tu é a Tacia? - pergunta intrigada e eu concordo indo ao encontro dela. Aquela mulher me assustava pois sabia que era mulher do traficante, gerente da quebrada ao lado do meu bairro - O Cabeça disse pra tu ir no presídio de Lajeado comido domingo - franzi o cenho e quase desmaiei. Quem era Cabeça!? Tacia: Não moça, tu ta me confundindo com alguém. Eu não vou em presídio, e nem sei quem é esse tal de Cabeça aí - ela olhou pro lado pensativa e eu analisei a morena toda cheia de silicone, trajada no ouro e dirigia um Veloster que sem dúvidas era modelo novo Márcia: Ele mando tu liga pra ele que ele explica - me alcança um pedaço de papel - Mas oh, vai sim tá. - olha pro lado - Sabe aquele Celta ali? - aponta pro lado - É os cara dele. O homi sabe quem tu é e eu não sei porque ele te quer lá. Manda mensagem ou liga. Vou indo que tenho uns corre - ela liga o carro - Tem meu número aí também, me manda mensagem pra nois combina o horário Dizendo isso Márcia saiu e eu fiquei intrigada com aquilo e com o tal carro parado do outro lado da rua. Não é a primeira vez que tinha notado um carro ali mas com tudo que estava acontecendo na minha vida não estava me dando o luxo de olhar a vida alheia tava dando conta nem da minha. Voltei pra dentro e segui com meus afazeres até que deu o horário de ir pra parada pegar o busão. Assim que saí no portão o carro veio devagar na minha direção. **: Meu, o patrão sabe que tu ta com o número dele e mando avisa pra tu ligar lá Não respondi e nem o cara esperou por isso segui meu caminho e ele o dele. Quando o ônibus parou no meu destino desci e poucos passos depois o mesmo Celta passou e o cara me encarou feio. Tipo avisando que eles estavam ali. Não dei importância, eu não fazia ideia quem era esse cara, não tinha envolvimento com nada e com ninguém. Eu só queria seguir minha vida e depois do Henrique prometi nunca mais confiar em ninguém. Completei meu turno e quando estava perto do horário do ônibus sai do prédio e o Celta estava parado do outro lado da rua. Mas eles não disseram nada, e eu segui quando cheguei no meu bairro e desci do ônibus notei logo a frente o mesmo carro. E fui o caminho todo até em casa me perguntando se eles sempre tiveram ali e eu não notei ou esse tal de Cabeça era um psicopata querendo fazer me borrar de medo. Assim que entrei em casa notei que o carro estacionou do outro lado da rua assim como estava de manhã. Sentei no sofá apavorada e contei pra minha irmã e ela disse que seria melhor mandar um zap pro tal Cabeça, talvez ele havia me confundido com alguém e o fato do cara ter dito "patrão" mostra que ele é perigoso. Tomei banho e jantei com o cu na mão tentando lembrar se havia falado com alguém ou qualquer outra coisa que desse um motivo pra esse cara me chamar até o presídio. Não é segredo pra ninguém que os traficantes comandam mesmo estando preso, se ele quisesse me matar já teria dado a ordem mas o que ele queria? E quem era o meliante? Depois que deitei resolvi adicionar o número na agenda e mandei um oi. Não tinha foto no perfil e fiquei esperando ele responder mas nada aconteceu nos minutos seguintes então desliguei minha preciosa internet e fui dormir. No outro dia quando acordei peguei o celular e liguei os dados móveis mas minha promoção no pré pago havia acabado e eu deveria esperar até chegar no serviço pra usar o Wifi e ter uma folguinha pra ver se o indivíduo havia dito alguma coisa. Segui minha manhã normal cuidando da casa, dos filhos e quando sai pra pegar o ônibus o mesmo Celta veio ao meu encontro mas agora o guri era outro **: O Cabeça quer sabe porque tu não responde ele - perguntou m*l encarado Tacia: To sem cartão Disse e o cara saiu. Peguei o ônibus e fui rumo ao centro da cidade no caminho enquanto escutava música meu celular apitou avisando que havia chegado uma recarga de 50 reais. Liguei os dados e na hora tinha uma mensagem do tal Cabeça dizendo o mesmo que a mulher, no domingo eu deveria ir no presídio estadual de Lajeado. Eu perguntei o porquê, quem ele era e de onde me conhecia mas ele apenas visualizo não respondeu. Então algumas horas depois mandei outra mensagem dizendo a ele que havia sido escalada para trabalhar no domingo e ele respondeu que era pra eu trocar, era pra dar um jeito caso contrário o bagulho ia ficar louco e disse pra eu mandar o meu rg e cpf. E assim fiz, mandei e falei com minha chefe, dei uma desculpa qualquer ela aceitou mas não mandei nada pra ele e ele também não falou mais comigo. Nos 3 dias que seguiram até chegar o sábado continuei minha rotina, de casa pro trabalho e do trabalho pra casa e sempre prestando atenção ao meu redor e sempre vendo o Celta com dois caras dentro. Meu coração tava na mão, eu tinha muito medo e nem sabia do que, pois não imaginava quem era esse Cabeça e o que havia feito pra ter que ir até o presídio. Eu nunca havia entrado nem na delegacia, sem contar que sempre tive pavor desse lugar, depois que assisti Carandiru fiquei com pânico e nem no meu pior pesadelo me imaginei entrando em lugar assim.
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