Ainda não havia falado com a Márcia que eu iria e só então no sábado a noite avisei e ela me deu as instruções. Passaria em casa por volta das 5:30 e eu deveria usar chinelo de dedo, cabelo solto, sem maquiagem, sem adereços, camiseta tipo masculina tapando a b***a e leggin preta. Perguntei a ela se deveria levar alguma coisa e ela disse que ele não tinha dito nada a ela e se não falou pra mim então não deveria. Me despedi e coloquei o celular pra despertar às 5 da manhã. No outro dia levantei só no ódio, o único dia que tinha pra dormir até tarde tinha que ir ao encontro de um cara que não fazia ideia quem era. Assim que deu exatamente 5:30 Marcia buzinou na frente de casa
Tacia: Bom dia
Márcia: E aí colega - nossa animação essa hora da matina? Comigo não rola
Tacia: Então, tu realmente não sabe o que ele quer comigo?
Márcia: Amiga se tu não sabe muito menos eu
Tacia: Mas tu veio dar o recado
Márcia: Então, domingo meu homi veio me falar pra eu te procura e dizer o que disse. Ele deu teu endereço e só fiz o que ele mando. Eu nem falo com o Cabeça, só quando ele manda mensagem por alguma coisa dos corre ta ligada? - sei qual corre
Fui o caminho todo calado e até cochilei, quando ela estacionou e disse, chegamos meu cu trancou e as pernas não obedeceram. Olhei pra fora e vi uma fila imensa cheia de mulheres, crianças, todas com várias sacolas cheia de coisas pros presos.
Márcia: Vai muié sai - ela disse sorrindo enquanto pegava a sacola grande no banco de trás
Desci do carro com ânsia de vômito por conta do nervosismo e o medo. Segui Márcia até a fila e mais parecia que estava flutuando, a sensação de desmaio era grande. As outras mulheres na filhas sorriam e faziam planos para quando encontrassem os caras. Um momento veio duas meninas falar com a Márcia e ela perguntou se tava tudo bem preso e uma delas disse que tava tranquilo, que tinha conseguido prender e engolir tudo. Não fiquei prestando atenção porque tudo o que não precisava era treta naquela altura do campeonato. As 7:30 a fila começou andar e aquilo levou uma eternidade até chegar nossa vez, quando entramos Márcia me dirigiu até o balcão onde falei pro cara meu nome é Márcia me instruiu o andar e bloco que o tal Cabeça tava, o cara pediu o número do rg e cpf e depois de conferir mandou eu ir pra outra fila, a da revista. Márcia fez o mesmo. Quando chegou minha vez tremia tanto que a agente desconfiou que eu estava de mula e fez uma inspeção minuciosa, oh véia chata. E depois de uma meia hora talvez sai da salinha e foi a vez da Márcia, o cara que ficava por ali disse que eu poderia seguir pro presídio já que não havia levado nada mas neguei e depois da revista da Márcia ela passou pra outra fila, pra revistar a sacola, comida, roupas e tudo. Quando entramos pra dentro do presídio já era umas 9:30 da manhã. Márcia tinha um sorriso de orelha a orelha e eu nem piscava, apenas chorava em silêncio e olhava tudo ao meu redor.
Márcia: Meu loro - disse alegre e entregou a sacola pra um cara alto e forte, eu até diria gordo
Neri: E aí, tu é a mina então. Bora lá
Segui eles sem entender nada, cadê o tal Cabeça? Mesmo nervosa e cagada eu continuava olhando tudo e notava que as mulheres chegavam nos caras mas não abraçam ou beijavam, elas sentavam nas mesas feita de concreto espalhadas por ali ou seguiam para dentro do presídio. Era um corredor largo e fedido, m*l cuidado logo era possível ouvir o som de música no fundo. Caminhamos por um corredor estreito com portas de ferro, umas estavam fechadas outras abertas e nós seguimos, dobramos a direita e sem eu esperar Neri para e me olha sério
Neri: Entra, o cara tá aí
Tacia: Tá mas, vocês não vem comigo? - disse em pânico
Márcia: Não muié, cada casal na sua cela
Dito isso eles saíram dali e eu fiquei parada na porta, minha mente mandava eu entrar mas as pernas não obedeciam, levei um susto quando a porta da cela foi aberta e ele apareceu, parecia ter assustado comigo ali
Cabeça: Ah, tu tá aí