— Façam silêncio durante a audiência! — ordenou uma voz maldosa e esganiçada. — Não consigo ouvir a súplica dos réus com tanta algazarra! Buer, traga o próximo infeliz, por obséquio. Silêncio, criaturas desgarradas. Silêncio! Levei meus olhos para estudar o dono da voz, ocupando um assento cuidadosamente posicionado no alto do círculo de um palanque que se erguia nos fundos da sala, e tive que conter um arquejo ao ver o que se parecia com a cabeça de um pássaro — com bico, penas e olhos arregalados — sobre o corpo de um homem. Ele talvez fosse a criatura menos bizarra entre todas ali, e certamente era um dos poucos que falava um idioma que eu pudesse entender. Boa parte dos espectadores apenas sibilavam e urravam em gargalhadas exageradas. Fiquei feliz por estarem ocupados demais para