Capitulo 1 - O começo de um sonho
O começo de um sonho.
A família Quinn não é uma família típica brasileira. Não é, mesmo! Até porque, brasileiros mesmo, apenas eu e meus irmãos. Meus pais são filhos da fria e romântica cidade de Londres. Eu não acredito que alguém resolvesse sair de uma monarquia, um pais frio, um país lindo, e vir morar no Brasil, onde o sol, aquela grande e linda estrela, tem um objetivo claro e único: incinerar uma população. E não é que eu não goste, o meu Rio de janeiro é lindo! Mas, meu Deus, como é quente! Eu não posso ir até a esquina sem passar protetor solar, graças a genética da minha mãe, uma ruiva natural. Puxei seu cabelo ruivo, seus olhos azuis, a pele sardenta ... mas, puxei um fofo nariz do meu pai.E como diz minha mãe quando está braba, eu puxei meu gênio todo para uma raça do meu pai e eu concordo, pois minha mãe é uma pessoa ... intensa.
Hoje faço 21 anos, eu simplesmente estou de maior em todos os países do mundo! Meus progenitores, tiveram outros dois filhos além de mim. Meu irmão mais velho, o playboy, amoroso e sensível Oliver é um deles. Oliver teve uma pequena sorte de não puxar tanto o ruivo da nossa mãe, apesar de sua pele ter algumas sardas, seu cabelo é escuro e a pele não é tão branca quanto a minha. E tem minha irmã mais velha, a diabinha desgraçada que estou evitando no momento, Jéssica. Apesar da minha relação com Oliver ser ótima, com Jéssica nunca foi assim. Ela é 3 anos mais nova que eu e sempre implicou muito comigo, mas a real rixa começou há 11 anos atrás, quando eu acidentalmente quebrei a urna que continha as cinzas da nossa falecida avó paterna, e ela fez questão de contar para nossos pais, que ficou tão bravos e arrasados que simplesmente me castigaram do pior forma possível. Eu não iria na nossa grande viagem a Londres para visitar o vovô e a vovó maternos. O meu sonho foi despedaçado nesse dia.
A adolescência foi um inferno, Jéssica sempre querendo provar que é melhor que eu, mas quando sai da escola, porque, pasmem, estudávamos todos na mesma escola, a guerra cessou um pouco. Até um mês atrás, quando completei 1 ano de namoro com meu namorado. Ele disse que tava m*l e ia ficar de cama, então, para fazer uma surpresa, eu comprei um banquete de comida e todos os doces que ele gostava, e quando cheguei no apartamento dele, usando minha chave, encontrei o celular da minha irmã na mesa da sala.
Fui adentrando o apartamento até ouvir suspiros altos e até gemidos. Lembro do meu coração parar, meu sangue gelar e me dar uma vontade enorme de vomitar. Quando eu abri a porta do quarto, minha irmã estava nua, em cima do meu namorado e eu juro que vi um sorriso de satisfação nela, antes do Fábio me ver e jogar ela pra fora da cama. Foi uma loucura. Eu joguei toda a comida nele, ele dizia que eu amava e que tinha sido um erro, e eu gritei com ele e joguei uma aliança pela janela. Fabio me olhou com um ódio tão grande, que me deu calafrios.
Eu saí dali o mais rápido possível e fui pra casa, naquele dia traumático, eu me fiz duas promessas. A primeira: sempre desconfiar da minha irmã. E a segunda: nunca na minha vida, desistir do meu sonho por um homem.
Pois eu havia feito isso e graças a Deus não foi tarde demais.
Há alguns meses, surgiram bolsas de intercâmbio numa faculdade de artes e moda em Londres. Logo em Londres. E não é qualquer faculdade, é uma faculdade renomada. Clary, minha melhor amiga no mundo inteiro, e eu, nos inscrevemos na hora, passamos por entrevistas, provas, mais entrevistas ... Tinham muitos candidatos e apenas 15 bolsas. E mês passado, os resultados saíram. Nós duas passamos. Eu e minha melhor amiga entramos para uma faculdade em Londres, esse é o sonho!
Mas Fábio ficou triste, tínhamos a intenção de nós casarmos daqui alguns anos, e eu acabei desistindo. Mas depois de 1 mês atrás, vistos estudantis e uma burocracia chata para entrar em outro país, finalmente estamos aqui, no rumo ao aeroporto do Rio de janeiro.
Foi uma briga pros meus pais aceitarem, mas por um milagre eles cederam. No começo eles queriam ir juntos, mas seria impossível, eles tem a empresa e são muito ocupados, então eu dei todo um discurso de como já tinha quase 21 anos e minha melhor amiga super responsável que só desmaiou de bêbada UMA vez iria comigo, eu consegui convencer eles a deixar a passarinha aqui voar. Essas foram as palavras da minha mãe. Ganhei de aniversário o apartamento, como passagens e um dinheiro para eu virar por la. Eu disse que não era necessário pois junto dinheiro desde os meus 14 anos, minha família ganha muito dinheiro, então minha mesada era bem gorda, mas eles insistiram e eu aceitei. Não é todo mundo que tem as mesmas oportunidades que eu, definitivamente não é.Então, vou agarra-las.
E agora eu estou aqui, no carro do meu irmão, indo pro aeroporto com minha melhor amiga, seu pai e minha mãe. Me despedi do meu pai antes de ele ter que fazer uma viagem, e houve uma festa de despedida 5 dias atrás com nossos amigos mais próximos, e quanto a minha irmã, acenei pra ela enquanto fechava a porta do quarto. Eu não poderia dizer que foi um aceno gentil de "até mais irmã querida". Na verdade, foi mais um aceno de "ESTOUREI E VOCÊ NÃO!"
Chegamos no aeroporto meia-noite, meu voo está marcado para 1:00 da manhã.
Estava na hora de se despedir. Eu odeio despedidas, odeio chorar. Odeio sentir que parte de mim ficou para trás, mas foi isso que aconteceu. Minha mãe, meu pai e meio irmão são as pessoas mais importantes pra mim. E não é que minha irmã não seja importante, eu apenas não escolheria ela se escolheria que escolher salvar ela ou ... sei lá, um cachorrinho. Coitado do cachorrinho, definitivamente eu salvaria o cachorrinho.
-Eu nem acredito ...- Minha mãe chora.- São tão crescidas, já são adultas e agora vão voar dos seus ninhos pra sempre.
Minha mãe é extremamente dramática. Sério. Uma vez, quando eu tinha 15 anos, fiquei responsável pelo figurino da peça de dia da terra do meu colégio. Era meu primeiro contato com a moda e era no mesmo dia do seu aniversário. Ela fez tanto drama que larguei a peça e fiquei o dia todo com ela e meus irmãos assistindo Um maluco no pedaço. Ela é muito intensa com emoções, elas são felicidades, tristeza, ou raiva.
-Sim mãe, eu entendi o mês inteiro fazendo analogias a passarinhos, mas agora? A senhora sabia que essa hora iria chegar.-Falo sorrindo e recebi um tapinha de amor.
Nos abraçamos e eu sinto o cheiro familiar do seu cabelo. O shampoo de côco que ela nunca deixou de usar, deixa a cor ruiva linda e o cabelo extremamente cheiroso.
-Ei irmãzinha, vem cá. - Oliver diz dentro do seu terno impecável. Meu pai o está obrigando a trabalhar na empresa e depois de várias falhas de se esquivar, ele pôs um terno e foi trabalhar. Meu pai diz que Oliver vai herdar tudo um dia, já que eu e minha irmã não temos o menor interesse na empresa e Oliver está se formando em administração.
-Oli ... vou sentir tanto sua falta ....- Aquele apelido carinhoso que o chamo desde que me entendo por gente me causa uma enorme bolha na minha garganta. Quem vai me proteger agora? Oliver sempre ficou do meu lado nas brigas com Jéssica e quando ele descobriu de Fábio, ele deu um sermão gigante nela e por muito pouco não deu uma surra no Fábio.
Nos abraçamos e eu não consigo segurar e começo a chorar. Eu amo meu irmão. Ele sempre me protegeu na escola quando tiravam sarro das minhas sardas, ele fez o papel de pai, já que o meu estava sempre trabalhando, ele foi a pessoa mais importante no mundo pra mim durante minha vida inteira, e com certeza, se alguma parte de mim ficar aqui, a maior parte vai ser dele.
-Eu te amo, baixinha. -Ele disse com os olhos brilhando. Fábio é um cara sensível, ele não é aquele que esconde quando chora ou tem medo de ter emoções. Ele é incrivelmente chorão e um cara incrível.
Olhei pro lado e Clary estava agarrada no pescoço do pai. Minha visão era apenas dos seus cabelos negros cacheados, enfiada no pescoço do tio Léo, que já tinha cabelos brancos até na barba. Tio Léo sempre foi um segundo pai para mim e eu tenho um enorme carinho e admiração por ele, pois criou Clary sozinho e sempre foi presente.
-Cuida bem da minha morena.- Tio Leo diz para mim ao desfazer do abraço da filha com os olhos vermelhos de ter chorado durante horas.
-Pode deixar tio Leo.-Digo dando um beijo no seu rosto.
-Ei, eu sou apenas alguns meses mais nova! -Clary diz fazendo cena. Ah sim, Clary a vezes parece mais filha de minha mãe do que eu, sua própria filha. Ela é super intensa e dramática.
Todos rimos de Clary, o que era algo familiar, pois ninguém levava o drama dela a sério. Essa cena, foi a última cena que vi antes ir embora e foi uma bela cena para se lembrar.
-Adeus pessoal.-Falamos juntas de mãos dadas. Clary e eu de mãos dadas era uma cena que eles costumavam ver muito.
-Adeus Clarissa e Alexis. - Minha mãe diz enxugando uma última lágrima solitária, uma cena digna de um Oscar.
Clary e eu entramos na sala de espera ainda de mãos dadas e nos sentamos em cadeiras próximas a porta. Estamos indo de economia, então não demora muito para se formar uma fila, e nos entramos nela o mais rápido que podemos. Observo minha melhor amiga de cabelos negros e olhos verdes. Eu sempre gostei dos seus olhos, até desejava tê-los quando era mais nova, ela diz que puxou da mãe e dos avós. Clary me olha de volta sorrindo e eu sorrio para ela.
-Voo 213 com destino a Londres, Portão F! -Uma voz surge nos autofalantes e a fila começa a andar.
Clary e eu temos o mesmo olhar uma para outra. O olhar de ansiedade por começar essa nossa nova vida.
-Pronta? -Ela pergunta dando um longo suspiro.
-Sempre. - Eu respondo olhando para um fila diminuindo tanto que já consigo ver o avião enorme na parte de fora.
Passamos pela revisão de documentos e passagens, e finalmente, fomos viver nosso sonho!