Sophia saiu daquela empresa com um sorriso enorme no rosto. Ela estava vivendo um sonho, sem saber que isso seria mais complicado do que ela imaginava. Ser desajeitada foi uma característica que lhe deu vantagem, mesmo que algumas pessoas da sua família dissessem que seria bem difícil de conseguir algum namorado. Não que ela estava ali, sendo contratada, para seduzir o chefe. Agora ela tinha um problema a ser solucionado. Olhando de fora, ela mais parecia uma adolescente do colegial. Sua personalidade submissa seria um problema, pois seu dever era meio que ser a babá de um homem que tem o dobro da sua idade, um charme fora do comum e seu maior medo era cair nas graças do safado. Pensar nisso a deixou envergonhada.
Será que ele é muito teimoso? Vai rir na minha cara se eu for dar uma “ordem” e me achar uma i****a boba que quer controlar um homem de quarenta anos? Bem, na verdade, eu sou a pessoa mais responsável. Ele até parece um adolescente rebelde que só pensa em sexo.
- Ai meu Deus, o que farei? – Ela estava dentro do taxi, olhando para o nada, pensando em diversas possibilidades de isso dar errado. – Como vou ser a baba de um homem de quarenta anos, com uma vida recheada de mulheres, bebidas e paparazzi? – Outro medo apareceu em meio ao seu desespero. Ele era rodeado de repórteres, por conta da sua vida badalada. Seu rosto, possivelmente iria aparecer em algum site estranho. Seus pais a veriam ao lado do homem sem caráter e safado – Meu Deus, o que eu vou fazer?
- Moça, a senhorita está bem? – O taxista olhou pelo espelho, e viu a menina, no banco de trás, com um olhar desesperado.
Sophia tomou ciência de que estava deixando transparecer seu medo.
- Não, eu estou bem. – Riu tímida, envergonhada pela cena. – Na verdade, vou mudar a rota.
Só uma pessoa poderia a tranquilizar ou achar uma saída.
Claro que a mulher não desistiria do seu novo emprego. Contudo, tinha que contar a alguém a sua nova loucura.
Vivian era a sua melhor amiga desde o colegial. As duas seguiram rumos diferentes, mas nunca deixaram de ser amigas. Para Vivian, a faculdade era algo chato, já Sophia, sonhou em se formar, e agora, estava em um lugar onde jamais pensou estar.
Assim que o taxi parou em frente ao fast food, ela o pagou e saiu rápido. Olhou a fachada do lugar, e tomou coragem para entrar.
Por sorte o lugar não estava lotado. Alguns clientes comiam seus lanches e conversavam, no canto, enquanto Vivian estava sobre o balcão, com a cabeça escorada pela mão.
Assim que viu Sophia entrar pela porta e seu rosto estava pálido como papel, indicando que algo estava errado, logo a amiga achou que o pior tinha acontecido. Vivian tentou tirar essa ideia absurda da cabeça dela, porém, quando Sophia colocava uma coisa na cabeça, fazê-la mudar de ideia era impossível.
Logo Vivian se recostou e foi ao encontro de Soph.
- Sophia, eu disse que iria se decepcionar. – Logo falou, se preparando. – Você é boa. Se dedica. Eu sei que pode conseguir muita coisa, mas...
- Eu consegui o emprego.
- O QUE! – Ela não mediu a voz. Todos que estavam ali olharam para as duas. Sophia arregalou os olhos ao perceber que era o centro das atenções, no momento. Percebendo a timidez dela, Vivian a carregou para dentro. – Como assim você conseguiu?
- Nossa, Vivi, até parece que você estava torcendo contra. – Cerrou os olhos.
As duas tinham um tipo de i********e que anulava a personalidade submissa de Sophia e aumentava o sarcasmo e confiança para dizer qualquer coisa.
- É que eu não estava preparada para isso. – Explicou espantada. – Como?
- Simples – Sophia andou ao redor dela. A cozinha estava vazia, pois o cozinheiro havia saído para fumar atrás da loja. – A mulher olhou para mim e na hora soube que sou Anti-Harrison.
- Anti-Harrison? – Franziu o cenho. – O que isso quer dizer?
- Se liga, Vivi, eu sou esquisita, pouco atraente, uma assistente perfeita para um safado como ele.
- Háa... – Era obvio. – Mas, você realmente conseguiu o emprego. – Sorriu animada. Pelo menos seu ombro não vai doer de tanto que Sophia poderia chorar. – Por que está com essa cara?
- Não é obvio? – Franziu o cenho, desacreditada.
- Querida, há uma hora eu achei que você voltaria para casa chorando, mas, me surpreendendo, você conseguiu o emprego, então, o que considero obvio e claro, mudou completamente.
- Eu tenho que ser a babá de um cara de 40 anos que tem problemas com álcool e mulheres. – Quase foi dramática demais.
- Espera, mas uma assistente não cuida da agenda e reuniões e coisas relacionadas à empresa e não a vida particular do chefe? – Ela cerrou os olhos.
- Sim, contudo, esse chefe é diferente. A irmã, que também é a segunda dona da empresa, me contratou e irá me pagar a mais, só para que eu seja a babá dele. – Confirmou pensativa. – A questão é, como vou fazer isso se nem consigo controlar a minha vida?
- É, isso complica as coisas.
- O que mais me amedronta é: tenho uma lista de tarefas quase impossível de concluir. Ele vai me olhar com aqueles olhos azuis e sorriso safado e vou derreter como gelo no verão. Vou ser demitida se o deixar fazer besteira.
- Serio? – Vivian fez uma careta. – Você é uma boa pessoa e sempre faz o que as pessoas mandam.
- Não o que Christian Harrison faz. – Ela começou a and
ar de um lado para o outro. – Como vou dizer não a um gostoso daquele?
- Pelo amor de Deus, não cai na conversa dele. – Avisou, pegando em sua mão e a olhando nos olhos. – Amo você e sei que é uma menina boa, de bom coração, não quero que esse babaca estrague sua carreira e coração.
- Vivian! – Sophia se afastou. – Eu que peço pelo amor de Deus. Acha que sou louca? Pensa que vou fazer o quê com Christian?
- Não sei, tem tanta...
- Essa é uma das exigências. Nada de dormir com o chefe, mas vamos cair na real, você acha mesmo que o safado vai olhar para mim com alguma intenção?
Vivian ficou com medo de responder a essa pergunta.
- Bem...
- Não, ele não vai. – Concluiu. – Meu medo não é esse.
- E qual é?
- Eu vou ser a babá dele, com certeza meu chefe vai me odiar, vou ter que aparecer ao seu lado em todos os lugares, meu rosto vai ser conhecido e eu sou o desastre ambulante.
- Você não é um desastre.
- Há, para! – Se irritou. – Me visto como uma senhora de oitenta anos, é claro que vou passar vergonha.
- Achei que ser bonita não era o requisito.
- Vou deixar de lado a sua ofensa para me concentrar no meu problema de guarda-roupa.
- Há... é isso.
- Vivi, eu preciso que me ajude a escolher algumas roupas boas. Umas que me deixe menos horrorosa.
- Mas, seu objetivo era ser contratada, isso já não deveria ter sido resolvido antes.
- Vivi, eu achei que receberia um não.
- Eu também. – Falou sem pensar. – Enfim, eu não acho você um desastre. E tem algumas roupas que te deixam linda. Depois, quando receber seu salário, pode fazer compras.
- É, isso é uma boa ideia.