Lins de Vasconcelos, RJ.
Bernardo narrando.
Pela amanhã avisei na favela que o baile estava liberado, avisei cedo pra geral se organizar, da última vez eu avisei as sete da noite e faltou bebida nessa p***a.
Eu já estava trajado, blusa preta da Lacoste, bermuda jeans, 12 molas no pé, correntes no pescoço e Glock na cintura.
Meus homens estavam do meu lado me acompanhando pro baile, acho ridículo o dono do morro ter que andar com uma pá de homem junto, mas depois que fui atacado a um tempo atrás eu sei que a segurança é necessária.
Eu sempre chego no baile na madrugada, é a melhor hora, o baile já tá bombando, já tá geral louco e curtindo pra caralh0.
Parei na boca do baile e fiquei por lá com o pessoal, estávamos um pouco distante do som e da multidão. Começamos a conversar, até que eu me distrai olhando uma novinha dançar.
Acho que nunca vi ela no baile, se tivesse visto me lembraria com toda certeza.
Ela é loira, cabelo longo, estava vestindo uma saia bem justa e um top brilhoso, tinha uma jaqueta na cintura que não deixava eu admirar o movimento daquela b***a, mas mesmo assim fiquei hipnotizado.
Ber: TH, quem é ela?— apontei pra ela disfarçadamente.
TH: nunca vi por aqui.
Ber: vou ter que ir lá dar as boas vindas então. — disse rindo.
Fui andando na direção dela, queria pelo menos saber seu nome.
parei do lado dela, ela me olhou e sorriu.
Ber: primeira vez aqui? — disse próximo do ouvido dela, a música estava alta onde ela estava.
Thalia: aham, e você?
Ber: eu moro aqui, tô sempre no baile.
Thalia: ah, que legal.
Ber: você é da região mesmo?
Thalia: sou do Méier mesmo, pertinho daqui.
Ber: será que eu vou ter a honra de saber seu nome?
Thalia: meu nome é Thalia, e essa e minha amiga Jhuly. — disse apontando pra amiga que estava ao lado dela.
Ber: prazer, eu sou o Bernardo.— disse pras duas.
Jhuly: prazer é nosso. — disse apertando a minha mão.
Me virei pra Thalia e disse:
Ber: será que eu posso te conhecer melhor?
Thalia: eu vim aqui só pra curtir o baile mesmo, não tô interessada em nada além disso, desculpa.
Ber: sem problemas, aproveite o baile. — sorri e voltei pra perto do pessoal.
Continuei de longe admirando ela, de longe ela também me mirava e jogava o cabelo.
Eu quero conhecer ela, pior que nem posso falar pra ela que sou o dono da favela, vai que ela se assusta e mete o pé, vou deixar rolar, com certeza ela vai voltar aqui.
Peguei um corpão, coloquei whisky e gelo de água de coco e comecei a beber, pra mim aquela visão tava perfeita, e a novinha não me querer me fez quer ela mais ainda.
Ber: enche um balde de gelo, coloca uma garrafa de Jack e umas caixinhas de água de coco e manda pra aquela novinhas ali.— apontei pra onde ela estava. — diz que foi o Bernardo que mandou.— ele assentiu e foi fazer oque eu mandei.
Fiquei olhando TH se aproximar dela com o balde, ele falou com ela e apontou pra mim, ela me olhou, eu levantei meu copo e sorri.
TH saiu e voltou pra perto de mim.
TH: a mina não entendeu nada.
Ber: ela não precisa entender, só precisa lembrar de mim.
O dia foi amanhecendo e o baile esvaziando, vi que Thalia já estava indo embora e fui atrás dela.
Ber: ei, espera. — disse enquanto corria pra me aproximar dela.
Ela se virou , me olhou e parou pra me esperar.
Thalia: oi.— me aproximei dela e disse:
Ber: será que eu posso te levar em casa?
Thalia: não precisa, já pedimos um Uber, inclusive já está chegando lá em baixo.
Ber: te acompanho até lá em baixo então. — ela assentiu e nós fomos descendo o morro.
Thalia: obrigada pela bebida, você foi muito gentil.
Ber: não foi nada, considere como um presente de boas vindas a favela.— ela riu.
Thalia: não vi mais ninguém ganhando esse presente de boas vindas.
Ber: foi especial, só a mais linda do baile ganhou. — ela me olhou sem graça, sua bochecha estava vermelha de vergonha.
Thalia: obrigada, não precisava se incomodar.
Ber: imagina, foi um prazer! — sorri pra ela
Thalia: esse e meu Uber, preciso ir. — eu assenti.
Ber: espero te ver mais vezes. — abri a porta do carro pra ela e a amiga entrarem.
Thalia: quem sabe né— Jhuly e ela entraram no carro e eu fechei a porta.
Ber: até a próxima.— ela acenou e o carro andou, essa foi a nossa despedida.