Capítulo 1
Castiel
A minha vida virou uma bagunça desde que aceitei assumir o morro no lugar do Caleb.
Ideia estupida.
Eu sabia que não era um trabalho simples, mas também não imaginei que exigia tanto, p***a, eu não tenho um dia de paz e ainda nem assumi.
Imagina quando tudo for minha responsabilidade?
Para piorar a situação faz uma semana que a Toni mudou para a casa do Asafe.
Aquele babaca conseguiu levar a aminha irmã.
Apesar de nutri um profundo ódio por ele, preciso admitir que o desgraçado faz bem a ela, e tudo que eu mais quero nessa vida é ver a minha irmã bem e feliz.
Mesmo que seja longe de mim.
Tudo bem, eu sei que sou dramático, é uma característica presente no sangue da minha família, mas eu realmente sinto falta dela, Antonieta é o meu porto seguro, assim como eu sou o dela, as vezes tudo que eu quero é me deitar ao lado dela e esquecer as merdas que aconteceram durante o dia.
Mas, isso deixou de ser possível. Infelizmente.
– Vamos, Castiel. – Caleb grita mais uma vez. – Não é tão difícil assim.
Queria entender qual é a definição de dificuldade para o meu irmão, porque claramente temos definições diferentes de várias coisas.
No momento estamos em um galpão no meio do mato, o lugar é afastado e completamente deserto, perfeito para o ritual de tortura que ele está fazendo comigo.
A definição de não é tão difícil assim dele é prender um alvo em um ferro no corpo de um cachorro e fazer o cachorro correr feito um louco, o objetivo? Que eu acerte o alvo sem acertar o cachorro.
O alvo fica bem longe do corpo do animal, mas para quem está aprendendo a atirar com precisão, dá um p**a medo.
Segundo o doente que eu conheço como meu irmão, durante as invasões eu vou precisar atirar em pessoas que estão correndo, e nisso ele está certo.
Mas acho que ficaria mais confortável se o alvo estivesse em cima da cabeça de um vapor qualquer, caso eu erre o pobre animalzinho não seria atingido e sim um vapor.
Não que uma vida humana não tenha seu valor, mas os animais merecem mais respeito e consideração, no meu ponto de vista.
– Se você calar a boca talvez eu consiga. – Falo mirando o alvo e atirando.
– Não preciso que você talvez consiga, Castiel, eu preciso te entregar o morro sabendo que você vai matar qualquer um que apreça ameaçando a sua vida. – Respiro fundo.
– Eu entendi, certo? – O cachorro volta a correr e foco a minha atenção a ele mirando novamente no alvo e acertando.
– Bom, continue assim. – Ele incentiva.
Por mais duas horas a gente segue nisso, o cachorro corre, eu atiro, o Caleb reclama quando eu erro e me dá um elogio quando acerto.
Até parece que eu sou o cão nesse galpão.
Quando finalmente voltamos para casa me sinto exausto, os meus pulsos doem pelos movimentos repetidos durante a tarde toda e o meu corpo implora para que eu durma o mais rápido possível.
Saio do banheiro desejando me deitar na minha cama e apagar pelo resto da noite, vou até o closet e visto uma bermuda e volto secando o cabelo.
Escuto batidas na porta do meu quarto e respondo.
– Castiel. – Nathan entra no quarto me procurando. – Onde você estava? – Arqueio as sobrancelhas.
– Eu não me lembro do porquê te devo satisfação da minha vida, pode refrescar a minha memória? – Jogo a toalha na cama e me sento.
– Porque eu sou o seu melhor amigo e você tem que me manter informado sobre a sua vida. – Dei risada.
– Você é um babaca, sério. – Neguei com a cabeça. – Eu estava treinando, a tarde toda. – Ele se senta ao meu lado.
– Vamos sair? – n**o com a cabeça. – Vamos. – Ele me empurra.
– Qual é o seu problema em receber um não? – Ele faz uma careta.
– Não gosto, até porque não tem motivos para você se negar a sair com o seu melhor amigo. – Reviro os olhos.
– Me fala uma coisa. – Me viro para olhar para ele. – Como você arruma uma festa diferente todos os dias? – Ele dá risada.
– As pessoas gostam de me convidar para as festas delas, posso fazer o que? – Ele dá de ombros.
– Hoje não vai rolar, eu estou cansado.
– A Fernanda vai estar lá. – Ele fala como se isso fosse um incentivo.
– Você falou isso na intenção de me animar?
– Talvez, funcionou? – Neguei com a cabeça.
– As coisas entre a gente estão estranhas. – Ele me olha confuso.
– Por quê?
– Sei lá cara, depois da última vez a gente se afastou, ficou um clima estranho.
– Você vacila demais. – Ele n**a com a cabeça.
– Eu não vacilo, ela que mistura as coisas.
– A garota é apaixonada por você, é bem obvio isso.
– Não acha meio estranho? Ela é apaixonada por mim e aceita f***r com nos dois ao mesmo tempo. – Ele ri.
– É o jeito que ela encontra de ficar com você, então ela aproveita. – n**o com a cabeça. – E você não pode negar que não gosta, é sempre divertido.
– Eu nunca falei que não gostava, só não sei se é o que eu quero, sabe? – Ele balançou a cabeça confirmando.
– Entendo, pensa direito cara, a Fernanda é uma garota f**a e tenho certeza de que gosta muito de você.
– Eu sei. – Respirei fundo.
– Bom, já que você não quer ir comigo, eu vou sozinho. – Ele se levantou da cama. – Se mudar de ideia me avisa.
– Beleza. – Nos despedimos e ele foi embora.
Eu sei que ele tem razão, qualquer cara não deixaria a Fernanda passar, ela é uma garota legal.
Mas eu não sei se estou pronto para um relacionamento, a minha vida está um caos e isso seria só mais uma responsabilidade.
Talvez seja melhor manter as coisas como estão agora, assim ninguém sai magoado dessa história se não der certo.
Me levanto e vou até a cozinha pegar alguma coisa para comer e volto para o quarto me jogando novamente na cama.