Amanda 19

2108 Words
Estou finalizando o pagamento de um cliente quando sinto o meu celular vibrar no bolso, tento ao máximo agilizar o atendimento, mas como tantos outros o cliente fica de gracinhas para o meu lado. O celular para de vibrar e eu já começo a ficar angustiada, eu estou esperando uma ligação importante e o velho não para de me falar graça, fica jogando conversa como se eu fosse ultrapassar o limite cliente e funcionário com ele. Olho para o Erick que é a pessoa que está mais perto e ele entende o meu pedido de socorro. Erick - Minha vez de ficar no caixa, gatinha. (diz me abraçando de lado e finalmente o velho se manca dizendo tchau e indo embora) - Obrigada. (agradeço já pegando o celular do bolso e já vendo que foi o Paulo quem me ligou) - Paulo está me ligando. Erick - Aff. - Deve ser importante. (digo enquanto procuro seu número pra retornar a ligação) - Ele sabe que eu estou trabalhando nesse horário, do contrário não me ligaria assim do nada. Só precisou chamar duas vezes para ele me atender. Paulo - Amanda! - Oi, o que aconteceu? Paulo - Ele acordou! Os médicos pediram para que nós saíssemos do quarto para examina-lo, mais ele está acordado. Coloco minha mão na boca, depois na testa. Oh meu Deus, ele está bem, acordado. Senhor, obrigada por isso pai! - Ele se lembrou? Paulo - Não sabemos ainda, estávamos no quando ele acordou tossindo chamando o pai e pedindo água. - Eu estou indo, vou para aí agora. Desligo o celular e encaro o Erick, pela primeira no dia meu amigo sorri, ele sorri e me abraça. Érick - Vai lá, eu te cubro e pego a Ceci. Vou ficar com ela na sua casa. - Obrigada, obrigada por tudo Erick. Recolho minhas coisas em tempo recorde, corro para o ponto de ônibus e pego o que me leva até o Morumbi o hospital onde o Edu está internado fica lá. Por causa do trânsito caótico, foram quase duas horas dentro do ônibus e a cada segundo a expectativa só aumenta. Chego na porta do hospital e digo o meu nome é para onde eu vou, como já estive aqui antes foi fácil, afinal sei onde é o quarto dele e assim que sou liberado vou direto pra lá. Cada passo que dou aumenta ainda mais a minha ansiedade, tento correr mas estou em um hospital então apenas acelero o passo o máximo que posso. Assim que apareço no corredor vejo o Paulo andando de um lado para o outro. - Você viu ele? Paulo - Vi, conversamos um pouco. - Me diz, como ele está? Paulo - Bem, ele se lembrou de algumas coisas. Ele também pediu pra ver alguns amigos da delegacia e a … Manuela. Tomo um susto por isso, a decepção é inevitável. É claro que ele iria pedir pra ver ela, ela fez parte do seu passado e além do mais eles estavam noivos. - Ok, eu pedi para o Erick cuidar da Ceci para eu poder vim vê-lo, será que eu posso entrar? Paulo - Claro que pode Amanda, com certeza ele deve estar ansioso para te ver. Vai lá! - Você não vem? Paulo - Não, eu preciso resolver algumas coisas. Ele sai por um lado e vou para o outro, bato na porta e quem abre é um homem que eu não conheço. Olho para os rostos que estão no quarto e noto que não conheço a maioria, a não ser a Manuela, a Edna, o Luiz e o William. De resto não conheço nenhum dos quatro que estão parados me olhando. - Boa tarde. Todos os homens me sorriam em um gesto educado ao contrário das mulheres. Luiz - Oi minha querida, que bom que você chegou! Olha que benção, ele acordou. Olho para o Eduardo que tem uma Manuela sentada ao seu lado, segurando a sua mão. Permaneço no mesmo local em que coloquei o pé assim que entrei no quarto, estou engolindo a seco toda essa cena. Eduardo - Quem é você? Quando ele me olha eu penso ter visto uma fagulha de amor em seu olhar, mas logo a frieza toma conta do mesmo. - Amanda. Luiz - Filho, você não se lembra da Amanda? O quarto inteiro está em absoluto silêncio, consigo apenas ouvir o sorrisinho de deboche da Edna ao lado da Manuela. Eduardo - Me perdoe, eu não a reconheço. Eu já disse que depois da pancada que eu levei em frente ao restaurante não consigo lembrar de mais nada. - Tudo bem Eduardo, eu sou a pessoa que te encontrou e cuidou de você até o seu amigo Paulo te reconhecer. Eduardo - Obrigado por isso, devo o meu retorno a minha família e a minha noiva, a você. Como se não bastasse as suas palavras o sorriso dele para a Manuela partiu o meu coração em mil pedaços. XXX - Então foi você, a mocinha que o encontrou? Preciso conversar com você depois. Eduardo - Braga, de um tempo a moça, eu acabei de voltar p***a! E pelo visto de um longo tempo, mesmo que pra mim pareça que foi ontem a noite que levei a tal pancada na cabeça. Braga - Alguém tirou você da minha equipe Eduardo, por um longo tempo e eu preciso saber quem foi. - Eu estarei a disposição senhor. Bom só passei mesmo pra saber como você está, e que bom que está bem. Agora vou indo. . . Eu me recolho na minha própria desilusão e saio do quarto, quarto esse que pela maior parte do tempo parecia sem ar. Assim que chego a um corredor me escoro na parede para tentar respirar. Edna - Espero que agora você entenda que nunca se encaixou nessa família e nunca irá se encaixar. Nossa classe está muito além da sua insignificância, meu filho passou apenas um momento sem lucidez por isso se interessou por você, ele nunca teve péssimo gosto para mulheres, acho que você entende bem o que eu quero dizer. Não é? Agora peço que você não nos incomode mais, ele não precisa mais de você. (diz cuspindo todo seu veneno em cima de mim) . . A dor em meu coração é dilacerante, estou destruída como se um rolo compressor tivesse passado por cima do meu corpo, deixando cada parte de mim esmigalhada. É exatamente assim como eu me sinto, ele não se lembra de mim, não se lembra de nada que viveu comigo o amor que ele me dizia sentir não existe mais. O olhar frio e sem sentimento que ele me deu, já disse tudo. Ando por um longo tempo eu estou tão desolada que não posso ir para casa, a minha dor está tão intragável que está sendo pior do que quando o Felipe me deixou grávida, eu estou me sentindo uma incapaz não sei se tenho coragem para fazer qualquer coisa nesse momento. Eu realmente não posso ir pra casa desse jeito, como que vou falar pra Cecília que o tio Eduardo não vai voltar mais? Como vamos viver sem a legaria que ele nos acostumou? Choro o caminho todo até a casa do meu amigo, já é noite quando bato na porta e a Karla me atende com um sorriso que logo se desfez quando notou minha feição. Karla - O que aconteceu? A borboleta me mandou uma mensagem falseando que o Eduardo acordou. Balanço a cabeça afirmando o que ela acaba de dizer, mas lembrar disso me dói demais. Isso é a constatação de que eu não o terei mais é isso dói tanto porque ele não me abandonou ou foi para longe é muito pior que tudo isso, porque ele não lembra do que vivemos ou do que sentíamos um pelo outro. Karla - Cunhada. (diz me abraçando e me confortando) . . Estou com a cabeça em seu colo em silêncio enquanto ela faz carinho em meus cachos, isso é tudo o que eu preciso. Um momento para eu poder descansar a minha mente, já que ela roda e roda mais não sai do lugar e quando a realidade bate na minha cara as lágrimas voltam a cair novamente. Kinho - Amor, chegu … boa noite, Manda. Karla balança a cabeça de forma negativa eu apenas a olho agradecendo. Não quero falar, preciso digerir tudo isso só para depois colocar tudo pra fora. Ele se senta no chão bem na nossa frente e alisa o meu braço. Kinho - Tá bem? Quer uma dose de vodka? - Não, obrigada. Só precisava me acalmar eu já vou indo. (digo me sentando no sofá tentando me recompor) Karla - Vai é o escambau, Ceci está com o Erick então você trate de ficar bem quietinha aí, e vai contar tudo o que aconteceu. - Ele se lembrou de tudo do passado dele, menos de mim. Kinho - p*u no cu do c*****o! Karla - Maicon! Kinho - O Cara me fala que era completamente apaixonado pela Amanda e agora assim do nada, ele não se lembra mais dela? Que p***a de sentimento é esse Karla? Abaixo a minha cabeça e as lágrimas intrusas que não me abandonaram desde que eu saí daquele quarto, tornaram a voltar. Karla - Cunhada calma, olha só do mesmo jeito que ele conseguiu lembrar do passado ele também vai conseguir lembrar de você. O que eu vejo de casos de pessoas que tem suas memórias progredindo com o tempo não tá escrito, lá no posto nós mantemos a fé de que ele iria recobrar a memória vamos manter de que ele vai lembrar de você. - Ele me agradeceu por eu ter trazido ele de volta pra vida da noiva dele. Kinho - Eu vou acabar com esse babaca. Se ele voltar a aparecer na minha frente eu acabo com esse filho da p**a. Karla - Maicon! Kinho - O que p***a! Olha aí, olha! Ela tá feliz? E a dependência emocional que a minha sobrinha criou por ele, a minha irmã aí toda cagada, isso vai dar bom? Amanda, olha pra mim. Você é forte meu amor, você é tão forte, f**a pra c*****o. Isso vai passar, eu estive do seu lado no passado e agora nós estaremos aqui com você, isso vai passar. - Obrigada. Karla - Fica calma ficar assim não vai te fazer bem, vou preparar um colchão pra você. Ela sai e eu permaneço no mesmo lugar só que agora com o meu amigo e irmão ao meu lado. Kinho - Quer aquela dose de vodka? Amanhã é domingo mesmo. - Pode ser. Ele sai e pega a garrafa e dois copos, nos servimos em silêncio. Kinho - Ele nem era tão bonito assim, branco demais. Quase um palmito. Rio do seu comentário, ele não é racista e nem nada parecido ele apenas só quer arrancar um sorriso meu. Kinho - Palmiteira você heim, os amigos do samba vão ficar com vergonha. - Obrigada pelo apoio de sempre. (agradeço sorrindo mesmo sem querer) Kinho - Nós somos família, já te falei que você é a minha irmã, eu sempre vou estar do seu lado. - Tá doendo sabia? Dói mais do que eu posso colocar em palavras. Kinho - Eu realmente não sei o que te falar, se eu pudesse quebraria a cara dele, só pra mostrar que eu tô do seu lado. - Não precisa, eu sei que você sempre vai estar. Kinho - Bora fazer um churrasco domingo só pra animar? Sei lá! - Eu realmente não estou no clima. Kinho - Mais é justamente por isso, pra te animar e vai ser lá na tua casa, pra gente bagunçar bastante e você ter com o que se ocupar. - Você é engraçado. . . ERICK - Tô indo, preciso ir pegar a Ceci. Matheus - Pode ir, eu levo a chave pra abrir na segunda. - Valeu. Eu me despeço do Matheus e sigo o meu caminho correndo igual a Amanda faz, quando sai do trabalho. Quando chego na rua a perua já está lá. A Ceci é sempre a última criança a ser entregue justamente porcarias do horário que a Amanda sai do serviço e para evitar que as outras crianças esperem chegaram a esse acordo. Ceci - Tiooooooooo, cadê a mamãe? - Foi resolver algumas paradas. (agradeço a tia da perua e entro com a pirralha para casa) - Bora de pizza? Ceci - A mamãe não gosta que eu coma besteira durante a semana. - Ela não está aqui, se você não contar eu não conto.
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