Os irmão eram como unha e carne. Sempre grudados, alguns os chamavam de a sombra e a escuridão, pela agilidade, apesar do tamanho, mas também pelo terr0r que eram capazes de provocar. Benjamim e Ezequiel não eram gêmeos, mas as pessoas se confundiam. Benjamim havia nascido em uma noite chuvosa de janeiro e Ezequiel em dezembro do mesmo ano, nenhum deles foi bem vindo pela mãe, E ela deixou isso bem claro desde o início, não era possível que fossem amados, não da maneira tórrida com que foram concebidos. Assim, os irmãos perceberam que tinham um ao outro, se amavam e cuidavam de igual maneira, nem mesmo precisavam de palavras para conversarem. Na verdade eram inseparáveis, nem mesmo uma briga acontecia, então uma mulher para estar com um deles, precisava entender a ligação que tinham.
Mas esse cuidado e pacificidade só era real entre eles, os dois juntos eram imbatíveis e os inimig0s sabiam disso.
Agora Belinda estaria próxima a eles, Ezequiel não era um sedutor, o sorriso que deu a Belinda foi o melhor que tinha, e pouquíssimas pessoas tinham sido agraciadas com ele. Ezequiel percebeu que tinha surtido o efeito desejado.
Belinda pensou ao receber aquele sorriso que estava julgando uma pessoa através de mentir@s e pelo seu porte físico, sabia que não era correto e então relaxou, dona Benta não a entregaria a alguém perigoso, tinha certeza disso. E além do mais estava ganhando um trabalho, não podia se dar ao luxo de reclamar. Ou estaria encrencada e sua irmã Beatriz também, se aceitasse o emprego podia usar o dinheiro guardado para trazer a irmã para mais próximo dela.
_ Belinda Isidorio, senhor.
Mas Ezequiel sabia quem ela era, e até mesmo o motivo daquela que seu irmão tinha chamado de passarinho, fugir de sua família. Ele nunca tinha gostado de uma mulher de cabelos curtos, mas aquela a sua frente era realmente bonita e delicada, com aquele rosto Belinda ficaria bonita até careca.
_ Pronta para seu novo emprego?
_ Claro.
Ela tinha lido o contrato, era pelo período de um ano , e o salário era bom.
_ Vou buscar minhas malas.
_ Eu pego, me oriente na direção correta.
Não era uma pergunta, ela nem pensou em contrariar.
Belinda se despediu de dona Benta e seguiu Ezequiel, foi colocada em um carro preto, gritava conforto e ela viu que combinava com ele.
O homem não deu mais nenhuma palavra com ela, e Belinda começou a ficar insegura, pensou que a casa seria próxima a academia, mas estava enganada, era um local mais afastado, com poucas casas por perto.
Quando entraram por um portão,ela percebeu que não tinha vizinhos por perto, e nesse momento ela realmente se sentiu uma idiot@. Estava entrando em uma casa com dois homens que nem mesmo conhecia, sem avisar nem mesmo sua irmã Beatriz, se eles fossem dois loucOs psicop@tas, ela estaria em apuros.
Quando Ezequiel parou e logo depois abriu a porta do carro para ela, Belinda fechou os olhos para disfarçar as lágrimas, tinha corrido de um destino cru.el e talvez entrado em outro.
Ezequiel percebeu a angústi@ dela, realmente parecia aqueles passarinhos enjaulados, precisava acalmá-la. Se agachou para ficar na altura de Belinda, sabia ser intimid@nte para uma mulher.
_ O que acontece?
Belinda olhou para ele.
_ Posso falar a verdade?
_ É o que espero de você.
_ Fiquei assust@da, são dois estranhos e estou sozinha com vocês.
_ Não precisa nos te.mer, não você, pode ter certeza.
Belinda sabia que agora não tinha mais volta, devia ter pensado direito antes de chegar ali, agora não podia chorar e querer correr. Precisava acreditar que estava segura, só esperava que não estivesse enganada.
Ezequiel mais uma vez pegou as malas dela, Belinda ficou impressionada com a beleza da casa, era a decoração de uma casa de família, a mesa era para um casal que tinha filhos, não parecia em nada com uma casa pensada para dois homens.
Não havia escadas, mas um corredor que levava para os quartos, e Belinda imaginou como seria o quarto de uma empregada daquela casa.
Seu novo patrão fez sinal com a cabeça para que ela o acompanhasse, passaram pelo corredor. A porta que foi aberta era em tons rosas, não um rosa infantil, mas exatamente no tom que ela gostava, o quarto não era para uma funcionária, era enorme, a cama também.
E Belinda notou a porta do banheiro, aquilo era bom, mas estranho, nenhum patrão tratava uma empregada assim.
_ Gosta do quarto?
_ É maravilhoso, mas não é muito para um quarto de empregada?
_ Não, não é. Vai descobrir isso, em breve.
Ela concordou com um acenar de cabeça, não queria soar ingrata.
Ezequiel saiu, a deixando sozinha com seus pensamentos, Belinda terminou de guardar seus pertences no guarda roupa e foi para cozinha. A casa estava extremamente organizada. Então pensou em fazer o jantar e preparar algo para o café, assim se os irmãos acordassem cedo, seria mais prático, e não correria risco de se atrasar na primeira manhã de trabalho.
A cozinha era extremamente eficiente, era o sonho realizado dela, o forno era capaz de assar uma carne em meia hora, aquilo era maravilhoso. Um dia teria dinheiro suficiente para morar em um lugar assim, ela e Beatriz fariam receitas maravilhosas.
Tinha uma carne temperada na geladeira, com batatas e cenoura, Belinda retirou o papel filme e colocou para assar. Fez uma arroz com alho, salada e o usou o liquidificador para preparar suco de abacaxi, não sabia se tomavam suco com açúcar, pois eram donos de academia e estavam sempre cuidando do corpo.
Pelo vidro da janela ela pode visualizar alguns equipamentos de ginástica, a piscina e um grande telão. Alguns aparelhos eram rosas, outros estavam em tom dourado, era a cor da bolsa que comprou e enviou para Beatriz. Sua irmã adorava objetos naquele tom, dese.jou que ela pudesse estar naquela casa com ela, assim não se sentiria sozinha, e assust@da por estar morando com dois estranhos.
Não sabia nem mesmo o hábitos deles. Sabiam que não tinham jantando porque Ezequiel havia dito, já eram quase 21:00 horas, muito tarde para uma refeição, mas precisa seguir os hábitos deles, e não os horários dela. Demoraria a se ajustar aquela rotina, já que em casa, e na pousada as refeições aconteciam nos horários normais, às 22:00 horas todos já tinham jantado e a casa estava silenciosa.
Colocou a mesa e aguardou.
Viu quando Ezequiel passou pelo corredor, o homem estava só de bermuda, sentiu seu rosto esquentar, era muito para um primeiro dia de trabalho. Ezequiel sentou a mesa.
_ Ben está chegando, você come na mesa com a gente.
Belinda pegou copos no armário para o suco, mas no momento que a grande porta de vidro foi aberta os copos foram para o chão, o homem que entrava era ainda maior, mas expressão pesada a deixou inquieta, e se sentiu tomada pela presença de Benjamim Orlov.