Os Homens são Estranhos

1431 Words
CAPÍTULO 21 Os Homens são Estranhos Narrado por Mia — Ora, ora, se não é a minha amiga desaparecida — Jenny diz toda sorridente. Estou na cafetaria do hospital e a Jenny entra e vem se sentar junto a mim. — Que exagero, só tive fora dois dias, eu também folgo sabes? Uma exagerada esta minha amiga. — Tinhas assim tantas saudades, desta tua melhor amiga, é? — pergunto brincando com ela. — Por acaso, até tinha. — Ela diz sorrindo — Mas e novidades! Eu faço uma careta. — Que queres saber exatamente? — Se o doido do Damien voltou a procurar-te! — ela pergunta baixando um pouco a voz. — Não, e sinceramente isso preocupa-me. — agora que ela fala nisso, fico a pensar. — E porque isso te preocupa? — ela fala admirada. — Porque eu conheço o Damien, ele não é de desistir assim tão fácil não. — Falo preocupada. — Tu tens saudades dele, Mia? — ela pergunta curiosa. Eu fico a pensar na pergunta dela. — Tenho saudades de quando nós éramos um casal normal, — digo um pouco triste — apesar de tudo eu amei o Damien, ele no início era um sonho, tinha tudo o que eu queria e necessitava para mim e para a nossa relação. Mas os ciúmes e as cenas mirabolantes que ele arranjava, já não era nada de um casal normal. — E se ele mudasse? — ela pergunta de repente. — Pessoas assim não mudam, Jenny, pelo contrário, pioram com o tempo. O sentimento de posse torna tudo impossível. Jenny encosta-se às costas na cadeira. — Aposto que desde que o deixaste, nunca mais deste uso ao que tens dentro da calcinha! — ela diz aquilo com uma naturalidade, que parece que está a dizer que eu não almocei hoje, por Deus. — Jenny!! — chamo ela um pouco mais alto do que deveria. — Que foi?? Até parece que estou a dizer uma mentira. — Ela fala encolhendo os ombros. Reviro os olhos, não sei porque ainda me surpreendo, com essa louca da minha amiga. — E o gostoso do café? E do casamento! Mia, que pedaço de mau caminho é aquele bofe dos infernos! — ela diz toda alegre. — Por acaso, até fui jantar com ele no primeiro dia da minha folga. — Falo sorrindo para a deixar toda surpresa. — Estás a brincar! E não me contaste nada? — ela diz ficando amuada. — Estou a contar agora, doida, eu hein. E também não há muito para contar, fomos jantar, apenas isso. — Falo um pouco dececionada. Ela levanta a sua sobrancelha e sorri de lado. — E porque dizes isso dessa maneira tão desiludida? — Ah, Jenny, vai catar macacos, vai! — digo sem jeito. — Ahahah, tu querias que o gostoso dos olhos azuis, te agarrasse com força contra a parede, e te desse umas valentes palmadas nessa tua b***a magrela, ahahahah. Ela ri, e eu não consigo ficar indiferente ao rir contagiante dela. Maluca, kkk. — Bem, sinceramente pelo que a minha irmã contou… E conto a conversa que a minha irmã teve comigo acerca do Elijah. — Ele deve ter tido um desgosto amoroso no passado. — Ela fala toda confiante. — E porque dizes isso? — pergunto curiosa. — Sei lá, os homens são estranhos, normalmente quando são assim uns cafajestes, é porque os sentimentos deles foram profundamente magoados. Olho para ela com espanto. — Já pensaste ir para a ala psiquiátrica?? Acho que te davas lá bem, como psiquiatra. — Eu falo brincando com ela. — Eu?? Ah não, e depois quem tomava conta de ti nas urgências? — Tu é que precisas que tomem conta de ti, doida. Surpresa Com o Meu Convite Narrado por Elijah Tenho tido tanto trabalho no hotel, que chego a casa, como qualquer coisa e deito-me, adormecendo logo de seguida, e assim aquele assunto, ainda não tive oportunidade de tratar dele. O tempo não pára, Elijah, penso com os meus botões. O nosso jantar foi há quatro noites atrás, e nem eu nem ela dissemos nada um ao outro. Resolvo ligar para ela, o telemóvel dá sinal de toque, mas ela não atende. Raios, deve estar a trabalhar, ou então não me quer atender. E esse pensamento me deixa inquieto. Deixo o telemóvel para lá e tento dormir. Mas não consigo e acabo por ligar a TV. Uma hora depois ele toca desesperado onde eu o deixei. Olho para o ecrã e sorrio. — Oi, Mia! — falo m*l atendo. — Oi, Elijah, não podia atender, estava a trabalhar. — Ela diz, com aquela voz sensual que ela tem. — Não faz m*l. — digo apenas, céus, pareço um retardado que não sei falar com uma mulher. — Mas, está tudo bem? — ela pergunta, depois do meu silêncio absurdo, afff. — Ah sim, está! — aclaro a voz — Queria perguntar-te uma coisa. Por fim, sai alguma coisa de jeito da minha boca. — Sim, estou a ouvir! — Amanhã será que nos podemos encontrar? — pergunto de uma vez, para não me arrepender. — Sim, mas a que horas? — ela pergunta surpresa — Eu saio de manhã, às oito da manhã. — E depois entras a que horas de novo? — Às oito da noite. — Achas que nos podíamos encontrar um pouco antes de entrares? — eu pergunto. Percebo que ela está surpresa com o meu convite. — Ãhh, sim pode ser! — ela fala, não muito segura. — Não te vou fazer nada! — falo rindo — Só preciso de conversar contigo sobre um assunto. — Ok, sem problema. — Ela fala um pouco mais calma. — Vai ter comigo ao Kerry Park, pode ser? — pergunto um pouco ansioso. — Pode sim, por volta das quatro e da tarde, está bem para ti? — Ela pergunta, e eu digo que sim e desligamos. Fico ali a pensar como eu vou abordar o assunto, como ela vai reagir ao que vou dizer a ela. Respiro fundo, desligo a TV e finalmente consigo adormecer. Tu Não Tens Saudades? Narrado por Mia O meu telemóvel vibra em cima da minha mesa, está no silêncio, olho para o ecrã a ver quem é. Elijah. Não atendo, o meu paciente acaba de entrar na minha sala. Entretanto chega uma urgência, e é um corre corre para cá e para lá. Quando finalmente paro, olho de novo para a chamada dele. Depois do nosso jantar, que foi há quatro noites atrás, que ele não disse mais nada, e eu achei que também nada devia dizer, vai que ele pensa que eu sou uma tarada?? Kkk. Devolvo a chamada, e fico para lá de curiosa com o que ele me quer falar. Ele pediu para ir ter com ele ao Kerry Park. Kerry Park é um pequeno parque público e mirante na encosta sul da Queen Anne Hill. Tem vista para o centro de Seattle e está localizado ao longo da West Highland Drive, entre a 2nd Avenue West e a 3rd Avenue West. É um parque muito bonito. Estou aqui pensativa quando o meu telemóvel toca nas minhas mãos me assustando, merda, tá louca. Olho para quem me liga e não posso acreditar. Damien. Ainda penso em não atender, mas atendo. — Damien! — falo apenas. — Mia, pensei que nem fosses atender. — Ele diz com uma voz triste. — Pensei nisso, mas aqui estou eu, o que queres? — falo seca, para ele não ter ideias. Ele parece não saber como falar e gagueja. — Damien, para de gaguejar homem e fala. — Queria saber se tu por acaso, não queres pegar um cineminha comigo! — ele convida. — Damien, não acho boa ideia, eu não quero que tu tenhas esperanças de uma coisa que não vai acontecer. — Nós não sabemos o futuro, Mia, eu prometo que me comporto. — Tu sempre prometes e isso só dura no máximo uma semana. — Eu digo segura. — Tu não tens saudades minhas? De nós os dois? Da maneira como nos tocamos? Da maneira como nos beijamos. Da maneira em como eu te deixo louca quando passo a minha língua por ti? — ele fala sussurrando, me deixando excitada só de pensar nisso. Fecho os olhos e recordo esses bons momentos. Sou tirada das recordações, ao ser chamada com urgência por outra doutora. — Dra. Mia, Dra. Mia, venha rápido por favor. — Ela me chama. — Damien, agora não posso falar, tenho uma urgência. E desligo sem sequer me despedir.
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