CAPÍTULO 7
A Mulher Poderosa
Narrado por Elijah
Há três dias seguidos que venho a este café, e cada vez que saio do mesmo, pergunto a mim mesmo, que merda venho eu aqui fazer! Quer dizer, o café é bom, o atendimento nota 10, mas sinto que venho aqui fazer algo mais.
Não fico sentado de costas para o povo e a olhar feito estátua para a rua, não, agora fico de costas para a rua e virado para esse povo aí.
Fico b***a com a quantidade de pessoas que bebem café, santo Deus, devem chegar a um ponto em que têm que ir a correr para esvaziar a bexiga, assim como eu.
Olho para o balcão, mas não vejo a mulher poderosa que vi aqui, há três manhãs atrás.
Mas que p***a, que me interessa a mim a mulher que vi naquela manhã? Devo estar a ficar louco.
Mas a imagem dela a dar um murraço nas fuças daquele mané faz-me rir até hoje, kkk, ele agarrado ao nariz a sangrar feito um porco, foi hilário.
Coloco a minha carranca e saio, que merda, porque estou eu aqui feito b***a a pensar numa coisa que não me diz sequer respeito?
Entro no carro e arranco para o Hotel.
Estaciono no parque, entro no elevador e carrego no piso 0.
O piso 0 do Hotel tem um hall de perder de vista, várias áreas de descanso aqui e ali, onde os hóspedes se podem sentar para conviver ou apenas para ler, descansar ou apenas ver as vistas.
A recepção é enorme e tem três balcões, onde o atendimento é de puro profissionalismo. Neste mesmo piso, temos dois restaurantes com capacidade para 50 pessoas cada um. Por trás da recepção, fica a zona dos trabalhadores, onde tem os escritórios, os balneários, a cozinha e o refeitório. No piso 1 tem mais dois restaurantes, mas estes já têm uma capacidade maior, 300 pessoas cada, mas quando há festas maiores podemos perfeitamente juntar as salas e fica um salão com capacidade para 600 pessoas. No Piso 2, piscina interior, sauna, ginásio, aulas de dança, biblioteca, enfim, o piso do descanso e lazer. Depois temos nos pisos para cima, que vai até ao décimo quinto andar, os quartos, grandes e luxuosos. No décimo sexto andar há quatro coberturas com tudo, como se fossem apartamentos. Um hotel de luxo, com capacidade para 800 pessoas.
O meu pai conseguiu tudo isto, na força da sua inteligência, do seu esforço. Foram muitas noites fora de casa, e realmente para nos dar uma vida de luxo deu pouca atenção à minha mãe, ela nunca reclamou, e ajudava o meu pai sempre que podia, sempre que ele pedia. O meu pai teve muita sorte com a mulher que arranjou.
Já eu, nem acredito que algum dia vou conseguir amar alguém outra vez.
É no meio destes pensamentos, que encontro o meu pai no meio do corredor.
— Bom dia, pai! — o cumprimento.
Ainda estou chateado com a conversa dele, já passou quatro dias e continuo tão ou mais furioso que naquele dia que ele largou aquela confusão na minha cabeça.
— Bom dia, filho! — ele me cumprimenta de volta — Está tudo bem?
Ele pergunta, como se não soubesse que não, não está tudo bem, está tudo péssimo, tudo uma merda.
Mudo de conversa.
— Os marroquinos chegam hoje, preciso de ir verificar se está tudo certo para quando chegarem.
Vou falando e vou andando, não me apetece conversas, mas ele vem logo atrás de mim.
— O teu fato veio ontem, viste?
Que subtil, também ele a mudar a conversa.
— Sim, vi. — digo apenas.
— Saímos às duas da tarde de casa, não te esqueças! — ele me lembra.
— Sim, eu sei, mas eu levo o meu carro.
O meu pai pára de repente.
— E porquê? Pensei que viesses comigo e com a tua mãe!
— Não, pai, não penso lá ficar muito tempo, por isso levo o meu carro. Quando quiser vir embora venho e pronto.
— Tu, vê lá se não fazes desfeita ao teu primo, vocês dão-se tão bem! — ele me adverte.
— E o que uma coisa tem a ver com a outra, ele nem vai dar pela minha falta se eu sair mais cedo. — digo já sem paciência — Agora tenho que ir pai, até logo.
Apresso o passo, na esperança que ele não venha atrás de mim, e graças a Deus, ele não vem.