O Sonho

1484 Words
CAPÍTULO 8 O Sonho Narrado por Mia Entro no café e vejo Damien lá dentro, mas que p***a. Entro na mesma, não tenho que sair, ora essa, o lugar é público. Sento-me no outro lado do balcão e então vejo aquele jumento vir na minha direção. Ohhh paciência de Santo impaciente. — Mas tu vais fingir que nem me conheces, Mia! — ele pergunta muito irritado e logo se sentando. Olho para ele com desdém. — E eu conheço-te por acaso? Não, não conheço, tu és uma pessoa totalmente diferente da que eu conheci há um ano e meio atrás Damien, por isso, poupa-me desta conversa i****a. Volto a olhar para a frente, e ele mais uma vez agarra o meu braço com força e dá-me um puxão tão grande que caio do banco. Olho para ele assustada, e vejo atrás dele o desconhecido dos olhos azuis, ele empurra o paspalhão do Damien com tanta força, que ele cai para o outro lado me largando. Perco-me naquele olhar azul, que olha para mim com um sorriso para lá de maravilhoso e me estica a mão para me ajudar a levantar do chão, m*l me levanto, fico colada no seu peito, e… uau, ele cheira tão bem, fecho os meus olhos por momentos e sinto o seu hálito quente, tão perto que até fico com a minha bitó molhada. Mas de repente lembro que o Damien não tem nada na cara! Mas eu não lhe parti o nariz? Olho para o local onde à instantes o desconhecido o mandou feito lixo, mas ele não está mais lá, olho para a frente e também o desconhecido não está mais aqui, de repente já não estou no café, mas sim à beira de um precipício. Mas, onde é que eu estou? Estou louca? Dou um salto e acordo sentada na minha cama. Puta merda, era só um sonho. O meu coração está a mil, eu estou a mil, mas porque merda eu estava a sonhar com aquele desconhecido? Fecho os meus olhos e deito-me para trás na almofada. Recordo aqueles olhos, aquele rosto, aquele cabelo todo bagunçado, ai f**a-se, a única coisa realmente verdadeira aqui, é a minha bitó, que está realmente molhada. No Hospital Narrado por Mia — Dra. Mia, Dra. Mia, chamada à ortopedia. Sou chamada pelo altifalante. Dirijo-me então à ortopedia, já sei porque fui chamada, um menino de 12 anos entrou nas urgências com muitas dores no seu pé direito, tenho a certeza que está partido, então pedi para fazer um raio-X para ver a dimensão do estrago. Chego lá e pergunto à técnica do raio-X se é muito grave. — Veja por si a Dra. O que acha? — ela pergunta. Olho e realmente o estrago é grande. Suspiro, detesto dar más notícias, mas o meu trabalho consiste em dar mais más notícias do que boas. — Ok, mande isso para a minha sala. — É para já Dra. Mia. Faço o caminho de novo para a minha sala. Sento-me, olho o estrago que já aqui está na tela do computador e chamo o menino e a sua mãe, que o vem a acompanhar. — Fredrick Andover, ao gabinete da Dra Mia Knight. Eles chegam, a mãe do menino a empurrar a cadeira de rodas que emprestamos. Explico então à mãe que o filho tem realmente o pé partido em três lugares, e que vai precisar de colocar gesso e estar três a quatro semanas com ele, e depois vai precisar de fisioterapia. Pronto, mais um paciente foi encaminhado. Tenho uma pausa agora, e vou ao bar, mas ao chegar no corredor ouço a voz do meu pai. — Mia! — ele chama, e não parece estar contente. — Sim, pai! — digo me virando para ele. — Vem à minha sala. — Mas, pai, eu estou na pausa! — tento fugir. — Agora, Mia! — ele fala chateado. Ai que merda, nem comer posso. Mas o que ele quer assim de tão urgente que não pode esperar? Misericórdia. Vou atrás dele, chama o elevador e subimos até ao 7°andar e isto tudo no mais profundo silêncio, olho pelo canto do olho para ele e ele está carrancudo, por fim entramos no seu gabinete. O meu pai é o dono do Hospital, já era do meu avô que passou depois para o meu pai. O Hospital tem o nome do meu bisavô, Jones, que foi um grande Médico, muito reconhecido e importante, então o meu avô inaugurou o hospital em memória do seu pai, "Hospital St. Jones Memory". O meu avô também era médico, Cardiologista, o meu pai é cirurgião e eu sou, clínica geral, e a minha paixão é estar nas urgências, onde aparece todo o tipo de pacientes, a adrenalina do local, dá vida à minha vida. Que poético kkk, já que o resto da minha vida é tão paradinha ou menos que tenha um pouco de ação quando estou de farda branca vestida. O Gabinete do meu pai tem a melhor vista, e isso deve-se a ter dois lados que em vez de ser parede é janelões enormes, a sua secretária de cor branca fica perto de uma dessas janelas, e ele fica sentado num enorme cadeirão de couro bege claro com as costas viradas para uma dessas enormes janelas, por baixo da secretária um enorme tapete felpudo preto, vários diplomas na parede, fotos dele com vários colegas de profissão, fotos nossas, uma bonita estante cheia de livros, de médicos, pois claro. Ele senta-se e faz sinal com a mão para eu fazer o mesmo. Não sei porquê, mas tenho a sensação que vai ser uma conversa de caca. — Mia, chegou aos meus ouvidos uma conversa estranha. — Ele começa. Oh, merdice caganice, que foi agora. — Que conversa? — pergunto indiferente. — O Damien esteve aqui. Pronto, aquele peraltinha veio fazer queixas ao meu pai, que bom aliado que ele foi arranjar. Era só o que me faltava, Damien, o meu ex namorado, com Richard, o meu pai. — Ah, esteve? Tava doente? — que falsa que eu sou, ahahah. O meu pai olha para mim, como se me fosse fuzilar com o olhar. — Eu, o teu avô e o teu bisavô, não trabalhamos tanto para tu mandares tudo ao ar, por continuares a ser uma imatura. Eu fico calada antes que diga uma grande p***a estúpida. — Não dizes nada, Mia? — ele pergunta. — Não sei o que queres que te diga! — eu falo já aborrecida. — Mia, o Damien veio aqui há dois dias atrás, tinha o nariz partido e disse em alto e bom som para quem quisesse ouvir, que foste tu que fizeste aquele trabalho. Eu não resisto, e rio só de lembrar quando eu lhe dei aquele murro perfeito, kkk. O meu pai estreita os olhos, visivelmente irritado. — E o que é tão engraçado? — pergunta — Anda diz-me! Também gostaria de rir, Mia! Paro de rir e tento colocar uma cara normal, mas não dá. Em vez de rir, sorrio, para o meu pai não ficar ainda mais bravo, céus, onde está o sentido de humor desta gente. — Olha, pai, eu não vou me desculpar pelo que eu fiz. Fiz, está feito e não me arrependo nem um pouco, sabes porquê? Porque ele além de ter sido agressivo para mim, ainda me chamou de vagabunda. O semblante do meu pai muda, não parece estar mais zangado comigo. — Chamou-te de vagabunda? Mas porquê? Ele sempre pareceu tão educado! — ele fala admirado. — Pois é, pai, há pessoas que não são bem o que parecem, e o Damien infelizmente é uma dessas pessoas. — Sim, é verdade, mas afinal o que se passou? Eu conto o que aconteceu no café naquela manhã, e o meu pai fica abismado com a situação. — Bom, sendo assim não tiro a tua razão, mas Mia, tu não podes andar por aí a agredir as pessoas, tu és médica, não fica bem nem a ti nem ao hospital, que ande por aí uma médica a partir narizes aos murros. Eu rio com a descrição, e o meu pai acaba por fazer o mesmo. — Filha, eu sei que tem sido difícil para ti, ainda não teres arranjado um homem que se torne teu marido, e pelos vistos ainda não é o Damien o escolhido. — Não mesmo. — Falo rápido. O meu pai suspira. — Pode ser que o casamento da tua irmã seja uma ajuda, afinal virá muita gente, com certeza haverá alguém interessante. Eu reviro os olhos. — Ai pai, eu não vou ao casamento da minha irmã para arranjar marido, mas que desespero, eu não estou assim tão desesperada. É, não estou desesperada, mas vai ser uma tortura, porque conhecendo como conheço a minha família, já sei que vou ser motivo de conversa e chacota.
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