CAPÍTULO 12
Conhecerem-se
Narrado por Mia
Venho cá para fora para o jardim, sinto o ar lá dentro abafado, sei que esta sensação é derivada daquela conversa, que me deixa sempre desconfortável e sem saber como agir. A minha vontade é mandar todo mundo ir levar no cu, mas imagina que eles vão mesmo, gostam, e depois a culpada ainda sou eu, não quero ser a causadora disso não.
Sento-me num banco de madeira que está ali no jardim, mas longe dos olhares indiscretos daquela gente, que só quer enfiar palpites na minha vida.
Depois de estar sentada, suspiro aliviada, por estar longe deles, odeio festas e reuniões familiares, porque sempre acabam comigo stressada e pronta a fuzilar todo o povo metidinho.
Olho finalmente para o monumento à minha frente, que continua de pé com as mãos nos bolsos das calças e com o casaco desabotoado, não trás gravata e tem três botões da camisa abertos, o que deixa ver um pouco o seu peito malhado.
Tem uns olhos incrivelmente azuis que me encaram neste preciso momento, deixando a minha bitó um pouco saltitona. Os seus cabelos estão mais bagunçados do que há pouco, e eu acho toda esta visão aqui na minha frente, incrivelmente sexy.
Mas de onde saiu este homem? De um concurso de modelos?
Para acabar com este silêncio estranho que está aqui entre nós, resolvo mostrar a minha bonita voz, kkk.
— Agradeço por me ter tirado daquela situação embaraçosa. — Falo sincera.
— Parece que a Mia se mete em muitas destas situações, — diz ele sorrindo — é a segunda vez que a vejo e nas duas vezes, a situação não era das melhores.
Acabo rindo, ele tem razão.
— Mas como sabe o meu nome.
Ele encolhe os ombros.
— Ouvi no decorrer da conversa alheia, perdoe-me, não quis ser indelicado ou metediço.
— Que nada, como disse, agradeço.
Continuo a olhar para ele.
— Mas eu ainda não sei o seu nome! — pergunto curiosa.
— Elijah, — pega na minha mão dá um selinho nela, e levanta apenas o olhar azul para mim — Elijah Bettencourt.
Olho espantada para ele.
— Oh, é da família do Jason? — pergunto admirada.
— Sim sou, o Jason é meu primo direito, filho do meu tio, irmão do meu pai. — Ele explica, se sentando ao meu lado no banco.
Fico b***a, porque raio o Jason nunca disse que tinha um primo destes?
E como a minha curiosidade fala mais alto pergunto.
— Por acaso já conhecia a minha irmã?
Agora vejo ele ficar curioso.
— Irmã?
Eu rio, já vi que ele não sabe.
— A Emily é a minha irmã. — Eu digo sorrindo.
Ele arregala os olhos e sorri.
— Quem diria, mas vendo bem vocês até são parecidas. E respondendo à pergunta, sim, já conheço a Emily desde o início do namoro deles.
Olhem só, e nem a minha irmã falou deste pedaço de mau caminho?? Porquê?? Alguma coisa me está a aqui a falhar, mas vou averiguar isso depois.
Ele estreita os olhos divertido.
— Já vi que eles nunca falaram de mim!
Eu assinto com a cabeça
— Bem, se serve de consolo, eles também nunca falaram da Mia, quer dizer, eu sabia que a Emily tinha uma irmã, mas nunca aprofundaram muito esse assunto.
— Duas pestes, aqueles dois. — Falo rindo.
— É verdade. Feitos um para o outro.
Rimos.
A companhia dele é agradável.
— Deve se estar a perguntar o que aconteceu no café, para eu estar naquela situação. — digo por fim.
— Em primeiro lugar podemos deixar as formalidades de lado e tratarmo-nos por tu? — ele pergunta.
— Claro que sim.
— Em segundo lugar, eu não tenho nada a ver com isso, apenas me pareceu que estavas em apuros, mas depois vi que conseguias bem te desenvencilhar daquele palerma.
Ele dá uma gargalhada.
— Nunca tinha visto uma mulher socar assim a cara de um homem, fiquei perplexo. — Ele diz sem parar de rir.
— E eu nunca tinha feito tal coisa, só que ouvir ele me chamar de vagabunda, mexeu com as minhas entranhas, fiquei cega de ódio.
— Eu entendo, ele foi mesmo um mané.
Ficamos em silêncio.
— Merda! — digo de repente.
— O que foi?
— A parva da minha prima está ali.
Ele olha na direção daquela doida.
Joanne parece um peru de cabeça no ar, à procura de qualquer coisa.
Tento que ela não me veja, mas já é tarde.
Sorri com aquela cara de sonsa m*l fodida e volta para dentro.
— Qual o problema dela? — Ele pergunta curioso.
— Ser uma enxerida, esse é o maior problema, não só dela, mas como da minha família.
— É, esse é o problema da maior parte das famílias. — Ele fala distraído.
Oiço alguém a passar e a chamar-nos porque os noivos vão cortar o bolo.
Eu levanto-me e ele continua sentado.
— Eu vou voltar para dentro, mais uma vez agradeço por me salvares. — Sorrio para ele.
— O prazer foi todo meu.
E sorri, aquele sorriso tão bonito.
O Charmoso e Misterioso Primo
Narrado por Mia
Ao voltar para dentro, claro que a Jenny se colou logo a mim, para saber pormenores.
— Menina do céu, — ela começa — quem é aquele gato? Ai gato não, gatão!
Eu rio com ela.
— E se eu te disser que é o mesmo do café? — Digo para a surpreender, kkk.
Ela pára, fazendo com que eu olhe para trás para ela.
— O teu amante? — ela diz divertida.
— Ai que parva, amante, Jenny?!
Ela ri.
— Foi o que o louco do teu namorado falou!
— Ex Jenny, ex namorado. — Falo começando a andar.
Ela vem atrás de mim em passo apressado.
— Então, mas me explica, que eu estou aqui confusa, como ele está aqui??
— Depois conto, agora vão abrir o bolo. E olha, o teu marido já lá está na frente.
Ela faz cara de amuada, parece criança às vezes, kkk.
Paul, o marido da Jenny, faz-nos sinal e nós vamos na direção dele.
— Bem, assim és o primeiro a comer o bolo! — ela ri brincando com o marido.
— A intenção é mesmo essa, tu já viste o aspeto do bolo? Deve estar uma delícia só.
Rimos, Paul é um doido mesmo.
Emily e Jason abrem o bolo, sinto uma felicidade imensa por eles dois. Do outro lado vejo o Elijah, caramba, ele tem uma presença estrondosa mesmo.
Ele sorri para mim e eu também.
As mulheres aqui estão babando por ele, céus.
O resto do casamento correu bem.
Agora o tema já não era eu ser uma encalhada sem gato, mas sim, de onde eu conhecia o charmoso e misterioso primo do Jason, Elijah Bettencourt.
Não disse nada para aquele bando de curiosos.
A minha prima Joanne, parecia uma hiena, não desgrudava de mim a fazer perguntas e afirmações. A minha vontade era fazer-lhe o mesmo que fiz ao imprestável do Damien, dar um soco nas fuças dela.
A muito custo me contive e não dei, mas ela estava a ser tão incômoda, que o próprio marido a teve que chamar a atenção. Louca, não tem vida própria não??
Na pista de dança começou a dar uma música calma, e vários casais começaram a dançar, e qual não é o meu espanto quando vejo o Elijah perto de mim.
— Sabes dançar, ou vais pisar os meus sapatos até me doerem os pés? — ele sorri divertido esticando a sua mão para mim.
Eu fico feita i****a a olhar para ele, mas depressa me recomponho para não deixar o Deus grego aqui no vácuo com a mão esticada.
Estico a minha mão para ele, e m*l as nossas mãos se tocam, sinto um arrepio, um sentimento de que alguma coisa vai acontecer, e que eu me vou lascar.