CAPÍTULO 5
O Compromisso
Narrado por Mia
Acordo com o som do meu telemóvel a tocar, olho para o ecrã e reviro os olhos.
Que quererá a minha mãe?? Ela sabe que saí hoje cedo!
— Sim, mãe! — atendo muito a contragosto.
— Bom dia, Mia, onde estás? — ela pergunta.
Onde estou??? Ela só pode estar de brincadeira.
— Mãe, saí do hospital às oito da manhã.
— Há, pois, foi, desculpa esqueci-me.
Reviro os olhos, que paciência.
— Não faz m*l, vou continuar a descansar então. — Digo finalizando a conversa.
— Mia, tu não te esqueceste do nosso compromisso hoje à tarde, pois não?
Afinal a conversa ainda não foi finalizada, afff.
— Que compromisso? — não lembro de merda nenhuma de compromisso.
— A prova dos vestidos, Mia, como podes te ter esquecido? A tua irmã fica furiosa quando te esqueces dos compromissos que tens com ela. — Ela diz chateada.
Suspiro, que p***a, já me tinha esquecido mesmo da porcaria da prova.
— Não precisas de lhe dizer, não me apetece nada ter que levar com uma aula de moral, ok.
— Ok, até logo então.
— Até logo, mãe.
— Porcaria de prova. — resmungo — Era só o que me faltava.
Tinha também uma mensagem da minha amiga Jenny.
"Quando puderes liga-me, amiga"
Olho para as horas meio dia e quarenta, ótimo, que bom, maravilha, não descansei p***a nenhuma.
Já lhe ligo.
Decido ir tomar um bom banho e almoçar antes de ir, não me posso atrasar, senão tenho que ouvir a senhora professora de Português e Matemática toda a tarde.
A minha irmã quando quer, é uma chata de primeira.
Tomo o meu banho, visto uns jeans de ganga clara e uma blusa creme, e por cima um casaco preto e tênis pretos.
Continua a chover, o bom e velho tempo que se faz quase sempre em Seattle.
Preparo uma salada e ligo então à Jenny.
Ela atende ao terceiro toque.
— Mia! — está entusiasmada, demais da conta.
Sorrio com isso.
— Tu não sabes o babado que aqui houve menina! — Ela continua.
— Então? O que se passou? — pergunto curiosa.
— Imagina quem apareceu aqui nas urgências com o nariz partido!
PUTA QUE PARIU, nunca mais me lembrei daquele desgraçado, embora a minha mão ainda me doa, kkk.
— Santo Deus, aquele filho da p**a foi para aí??
— Caraca, então foste mesmo tu que lhe deste um murro?? — Ela começa a gargalhar alto.
— Fui, ele me chamou de vagabunda, já viste, o bicho tá doido, eu hein. Já aturei muita merda desse bofe, não aturo mais não.
Jenny não para de rir.
— Ele disse raios e coriscos de ti, só não te chamou santa e disse que estavas acompanhada pelo teu amante, e aí eu pensei cá para os meus botões, amante??? Quem é a figura que eu não sei de nada?
— Amante! É mesmo uma anta aquele atrasado mental. — Digo irritada.
Conto então à Jenny o que realmente aconteceu.
— Que bom samaritano. E era bonito ao menos? — ela pergunta toda atrevida.
Eu paro para pensar e…
— Olha, depois falamos, tenho que ir ter com a Emily, e sabes como ela é quando nos atrasamos.
— Oh sim, lições a esta hora não ahahah. Mas não penses que me vou esquecer desta conversa.
Depois de desligar, fico a pensar no que ela perguntou.
É, o homem tinha cabelo escuro todo bagunçado, que lhe dava um ar muito sexy, uns olhos azuis que parecia que eu estava a olhar para o oceano, uma postura implacável, uma presença avassaladora, o bofe era bonito, ah c*****o, bonito não, lindo de morrer.
Eu não estava precisando de ajuda, deu para ver não é, mas mesmo assim, o simples facto de ele lá ter ido tentar salvar a donzela em apuros, caiu bem aqui no meu goto.
Deixo este pensamento para lá, do gostoso do café e vou embora, senão Emily me mata.