Lucius
Ela não podia ser tão linda como é? Os olhos espantados com a arma apontada em sua direção deixavam a mulher mais atraente que antes, além da semelhança com minha mãe, a pele é morena, os cabelos estão presos em um coque desajeitado, mas com certeza não tira sua beleza.
— Tenho que sair daqui, onde estou? Fale, mulher, pare de olhar para mim como se estivesse falando outra língua.
— Está na Vila Rosa, na clínica de saúde do bairro... Como quer que olhe para você com outros olhos se está apontando uma arma na minha direção, não precisa disso, está fugindo de alguém, é isso? Não pode sair daqui, já parou para pensar que quem atirou em você pode voltar com reforços? Deite na cama novamente, vai acabar abrindo seus pontos.
Não posso confiar que essa mulher não esteja ajudando meu inimigo, por mais linda e gostosa que possa ser é perigoso confiar nela. Sinto uma pontada no ferimento e preciso sentar ainda assim continuo com a arma apontada para mulher, seu olhar continua amedrontado, mas gosto disso, ela deve me temer, pois assim vai continuar viva e bem disponível para mim.
— Precisa descansar, ficar agitado demais pode fazer m*l, se deite, por favor.
— Não! Quero tomar um banho e comer algo para ir embora.
— Você não pode ir embora, acabamos de tirar um projétil do seu abdômen. Não podemos correr o risco de agravar o seu caso, por favor, fique quieto.
Não podia perder tempo discutindo com essa mulher, olhar para ela é como ver minha mãe novamente é estranho por que sei que não tem ligação alguma, mas o jeito que me olha curiosa e ao mesmo tempo querendo cuidar de mim é diferente. Decido acatar seu pedido me deitando ainda segurando a arma, ela vem em minha direção tirando a roupa que estou usando, tentei impedir, mas ela foi rápida em explicar.
— Não quer tomar banho? Vou ajudá-lo. Não acredito que seja interessante deixar uma enfermeira fazer isso, está muito nervoso. Venha, vou levá-lo até o banheiro.
— Não quero desconhecidos aqui, mulher, somente você deve cuidar de mim. Preciso desse banho e me alimentar, mas iremos embora assim que fizer o que preciso.
— Ir com você? Só pode estar louco, primeiro que nós iremos para onde? Segundo, você precisa se recuperar depois vai embora sem mim é claro, não conheço você apenas o ajudei. Ajuda dada, com sua recuperação, não lhe devo mais nada e pode ir sem olhar para trás.
Neste momento não posso correr o risco dessa mulher sair de perto de mim, além da visão ser muito agradável não posso confiar inteiramente nela. Pode estar trabalhando para alguém que quer minha cabeça ou as informações que possuo, ela tenta sair do banheiro, mas seguro seu braço.
— Preciso que me ajude, mulher... Não vou conseguir sozinho.
— Tudo bem, mas, por favor, me chame de Inês, pare de me chamar de mulher, eu sou uma mulher, mas tenho nome.
Gosto de como seu rosto fica quando está nervosa... Imagine como deve ficar quando está na cama gemendo e gozando enquanto chama meu nome. Ela é extremamente profissional me ajudando sem sequer mudar sua expressão, ela me ajuda a sair do banheiro me colocando na cama novamente vejo que quer sair do quarto, mas não deixo.
— Aonde pensa que vai?
— Buscar sua comida ou não está mais com fome?
— Você vai e volte rápido, tem cinco minutos contando no relógio.
Com menos de cinco minutos ela já havia voltado com a comida, ela parecia extremamente nervosa, mas o importante é que sabe que deve me obedecer. Começa a me alimentar mesmo que a contra gosto, sua expressão raivosa não muda. Escuto uma batida na porta e já fico alerta.
— Veja quem é? Mande embora, mulher!
— Deve ser o rapaz dos medicamentos, ele precisa entrar.
Minha expressão já deixava bem claro que não queria ninguém aqui além de nós dois, tenho que evitar que outros descubram que estou aqui, quanto mais pessoas souber mais risco corro da minha localização ser revelada.