Destinos Cruzados

— Ele está no Brasil, você deve recuperar os documentos roubados, deve neutralizar o homem, portanto deve matá-lo e recuperar o que foi roubado, serviço limpo sem deixar vestígios. Sei que você é muito impetuoso quando quer, Lucius, por isso peço que mate o homem, não posso correr o risco que fuja, está me entendendo? Meu tio é ponderado demais, mas estou sob sua liderança por mais que odeie o jeito que lida com tudo, sei que ele é o melhor no que faz, além disso, o próximo na linha de sucessão sou eu, meu tio não teve filhos homens, apenas minhas primas, e como fui criado por ele como um filho, sei que logo estarei ocupando o seu lugar como chefe e líder da família. — Sim, senhor, não tem com o que se preocupar, farei tudo conforme seu pedido. Ele olhou para mim como se estivesse me recriminando, pois sabe que não tenho muita paciência para esse tipo de missão, tio Sálvio me treinou ainda muito jovem, tanto ele como eu queríamos vingança contra aqueles que destruíram minha família, mas meu tio sempre percebeu meu instinto assassino e já o usou muitas vezes para tirar seus inimigos do caminho mas sei bem que me teme pois sabe que nada poderia me impedir quando estou tomado pelo desejo de sangue. Fui cumprir minha missão. Era noite quando cheguei a São Paulo, fui direto para o local que o traidor estava, foi fácil encontrar o esconderijo. Ele com certeza não esperava que fosse encontrado já que tinha poucos seguranças o protegendo matei os três homens que cuidavam da proteção da casa sem nenhuma dificuldade, foi fácil entrar na casa encontrando o homem totalmente desprotegido, ele até tentou implorar por sua vida medíocre mas foi inútil, atirei nele sem pensar duas vezes. Peguei os documentos roubados conforme as ordens do meu tio, mas ainda precisava procurar algo que pudesse dizer por que este maldito nos traiu foi quando um dos homens do maldito que estava escondido dentro da casa atirou em mim, consegui atirar de volta na cabeça do desgraçado, sai da casa depressa pensando que logo outros poderiam aparecer para procurar o maldito que matei por isso resolvo sair andando até que acabei não conseguindo mais andar, pois a dor está insuportável. Inês — Boa noite, pessoal, até amanhã! — Amanhã? Até hoje você quer dizer... São 03h00min da manhã, doutora. Por favor, nada de aparecer aqui antes das 10h00min. Precisa descansar! A chefe da enfermagem é uma das muitas pessoas que gosta de puxar minha orelha por emendar plantões sem sequer ir para casa, mas não tenho muito lá para mim, minha madrinha faleceu há alguns meses, e não tenho parentes vivos, portanto, não tem ninguém me esperando. — Vou tentar descansar... Boa noite e bom plantão! Fui até meu carro sentindo um sentimento estranho de solidão e carência, sempre foquei nos meus estudos, nunca parei minha vida para namorar ou até mesmo para ter um romance passageiro, com 23 anos ainda sou uma virgem e pelo que parece vou morrer assim. Não tenho tempo como também não quero me envolver com homens vazios e que só querem um prazer momentâneo. Na faculdade odiava as festas e evitava todas ao contrário do resto dos meus colegas que participavam de todas, como também dos jogos universitários que sempre odiei. Escolhi medicina para salvar vidas bem como para cuidar daqueles que não tem muito, acredito que seja minha missão de vida cuidar do próximo seja ele quem for. Sigo o caminho para casa com tranquilidade, meu bairro tem seus perigos, mas desde o dia que cuidei da mãe do traficante que comanda o bairro, ninguém nunca mais me perturbou. Já me aconselharam sair daqui, mas não consigo, aqui foi meu lar junto com minha amada madrinha, por isso não consigo vender ou deixar minha casa. Quando chego a casa percebo que tem um homem caído no portão da garagem, de vez em quando aparecem bêbados caídos aqui, mas faz muito tempo que não encontro um caído no portão da minha casa, vou até ele percebendo que não se trata de um bêbado ou mendigo, o homem está muito bem vestido, foi quando percebi que estava coberto de sangue, olho para os lados e não vejo ninguém, por isso resolvi ajudar o homem. Seus olhos se abrem quando coloco sua cabeça em meu colo, ele sorri como se estivesse reconhecendo a mim mesmo nunca tendo o visto na minha vida, vejo a quantidade de sangue que está perdendo e sei que preciso agir rápido. Coloquei o homem dentro do carro o levando para clínica popular mais próxima, a minha sorte é que conhecia todos, portanto ninguém se espantou quando trouxe um homem baleado. Além disso, todos já estavam acostumados com esse tipo de situação aqui no bairro, o atendimento foi rápido e conseguimos tirar a bala alojada no abdômen do homem, ele estava agitado e foi necessário aplicar um sedativo nele para se acalmar, fiquei com ele quando finalmente acordou ficou olhando para mim por um longo tempo. — Meu nome é Inês, fui eu que encontrei você baleado e prestei seu atendimento inicial como também o procedimento para remoção do projétil em seu corpo. Poderia informar seu nome e se tem parentes, preciso desses dados para acionar a polícia. Ele se levantou em um pulo rápido como se não tivesse acabado de passar por uma cirurgia, pegou seu paletó tirando uma pequena arma de lá, apontando em minha direção como se estivesse pronto para atirar. — Sem polícia, doutora bonita!