As Marcas Do Passado

2130 Words
••Dez anos antes•• JULES MONTEZ — Sara Adams, espera aí coisinha ridícula. Você está fugindo da gente? — Digo rindo. Aquela garota é tão irritante, eu não suporto o jeitinho dela. — Jules, eu não quero brigar, por favor, me deixe ir! — Diz com voz chorosa, me fazendo rir ainda mais. — Fala sério garota! Você pode ir parando com essa ceninha de garota ofendida, eu odeio isso! — Grito pegando no seu cabelo. — Ai! — Ela grita. — Eu sei muito bem que você está dando em cima do Edu, o que acha? Que ele vai olhar pra você? Não seja ridícula! Olha só esse cabelo, que horror, essa pele horrorosa! — Eu puxo ela até o banheiro, arrastando pelos cabelos. — O que vocês estão fazendo? — Ela reclama enquanto nós tiramos suas roupas — pára, por favor, pára com isso! — Continua gritando desesperada e eu lhe dou um tapa. Assistir seu desespero me enche de satisfação. Eu nunca gostei dessa nerd filha da p**a*, ela fica se fazendo de santinha, mas por baixo dos panos fica pegando o namorado das outras. Eu olho aquele corpo magro com muita raiva, ela é alta, pele clara, cabelos louros e olhos verdes, isso me irrita ainda mais, essa cara inocente dela é o que faz os garotos acharem que ela vale a pena. Mas agora isso vai mudar, ela vai se arrepender do dia em que pôs os pés aqui. Eu vou destruir essa v***a*! [...] SAMUEL ADAMS — O que está acontecendo com você, Sara? — Pergunto quando vejo o rosto vermelho da minha irmã — quem fez isso? — Já sinto o ódio me invadindo ao ver seu rosto marcado por um tapa*. — Não foi nada, irmão, só o sol — ela mente, isso me deixa ainda mais irritado. — Sara, eu sei que tem gente te incomodando naquela escola, eu sei que você não está bem e que isso aí — aponto para sua bochecha vermelha — é a marca de um tapa*. Você não precisa aguentar nada disso, você sabe. Ela solta um longo suspiro e balança a cabeça concordando. — Eu sei disso, Samuel, não se preocupe, eu vou resolver isso, tudo bem? — Eu espero que sim, não quero ver minha irmã ser esculhambada por um bando de riquinhos mimados, você sabe que eu posso resolver isso. Ela olha pra mim e só balança a cabeça. Eu sei que tem algo errado com ela, sei que ela está sofrendo bullying naquela maldita escola particular que ela tanto se esforçou para entrar, mas eu não posso cobrar se não sei quem está fazendo isso. Na hora do jantar eu esquento a comida que minha mãe deixou na geladeira e vou até o quarto da Sara para chamá-la. — Sara, o jantar está pronto, vem logo! — Digo depois de bater na porta. — Já estou indo. Durante todo o jantar minha irmã não deu uma palavra, respondeu o que perguntei mas fora isso não falou mais nada, eu realmente estou preocupado, muito preocupado com esse silêncio dela. Eu acordei e fui trabalhar, mas estou com uma sensação r**m desde ontem, eu não consegui nem dormir direito. Não sei o que está acontecendo, mas tenho a impressão que vou descobrir em breve. Sabe aquele momento que a gente quer que nunca aconteça? Eu estou vivendo ele. Duas horas depois de chegar ao trabalho, eu recebi uma ligação da minha mãe, ela me disse para ir para a escola da minha irmã com urgência. — Quem fez isso? — Pergunto num fio de voz, olhando a cena à minha frente — Eu não vou descansar enquanto essa pessoa não tiver o mesmo fim! — Esbravejo cheio de ódio. Esse foi o pior momento da minha vida. Nunca imaginei que minha irmã estivesse sofrendo tanto. [...] ••Dias atuais•• — Você tem certeza que vai mesmo fazer isso, meu filho? — Minha mãe pergunta quando estou fazendo minhas malas. — A senhora sabe que sim, mãe — respondi decidido — aqueles monstros merecem receber um castigo e a Sara merece receber justiça. Pela sua cara, eu sei que minha mãe não está muito satisfeita com minha decisão, mas eu não vou mudar de ideia. Dez anos, foram dez longos anos planejando minha vingança contra aqueles assassinos covardes e hoje eu finalmente vou começar a cobrar deles. Um por um, eu vou fazer todos pagarem, principalmente a chefe da turma, Jules Montreal, aquela maldita v***a* vai sofrer. Meu nome é Samuel Miller Adams, hoje uso só o sobrenome da minha mãe nos negócios, então sou conhecido como o CEO Samuel Miller, tenho trinta anos e moro em Nova Iorque com minha família. Eu cresci em São Paulo, éramos eu, minha mãe e minha irmã, éramos felizes, mesmo depois da morte do meu pai, que morreu em serviço, ele era tenente-coronel da Marinha brasileira, meu orgulho. Meus planos era seguir os passos dele, tanto que me matriculei na academia, treinei e estava só aguardando concluir meu curso de primeiros socorros para me alistar. Eu estava com tudo organizado, meu futuro planejado. Mas de repente tudo mudou… eu tive que sair da minha cidade, deixei o meu país, para tentar salvar a vida da minha irmã, a vida que aquela maldita mulher destruiu. Eu passei dez anos planejando minha vingança, eu jurei fazê-los pagar e hoje eu estou finalmente no caminho para concluir meu objetivo. — A senhora não acha que eles merecem pagar pelo m*l* que causaram? — Pergunto. — Samuel, eu concordo que a justiça deve ser feita, mas é que… — suspira — eu me preocupo com você, não quero perder você. — Se aproxima me abraçando — todos são influentes, são poderosos, eu tenho medo do que são capazes de fazer, principalmente a família daquela garota. Eu sorrio quando ouço a preocupação dela, minha mãe não entende mesmo de negócios. — Mãe, os anos passaram e muita coisa mudou. Aquela família não é nada perto do que foram um dia. Eles mudaram de cidade e com a morte do velho os negócios não fluíram tão bem, e parte disso é culpa daquela mulher, ela é péssima! — Digo com satisfação. A má administração dela vai me facilitar muito as coisas. — Mas mesmo assim, eu duvido que sejam fracos — suspira ainda preocupada. — Mãe, a senhora só está esquecendo um pequeno detalhe, nós não somos mais aquela pobre família humilde, hoje nós temos o dobro do poder de todos eles — digo orgulhoso. — Nossa empresa é uma das mais poderosas de Nova Iorque, e nós trabalhamos com vários negócios que fazem sucesso, nem se quiserem podem me atingir facilmente. — Tudo bem, meu filho, tome cuidado — suspira. — Só tome cuidado, tá bem? — Diz e beija minha testa. Quando estou indo para o aeroporto dou uma última olhada nos arquivos que recebi. Olho cada página com sangue nos olhos, tem tudo ali, cada passo que deram, cada negócio que tem, família, amigos… tudo! A ficha completa de todos que destruíram a vida da minha irmã. O meu alvo principal é aquela maldita Jules Montreal, que agora é Jules Montez. Ela é a líder do grupinho, foi ela que arquitetou tudo, é ela a grande culpada. Eu tenho um plano muito bem organizado e que já começou há meses atrás, todos os outros já caíram, e a Construtora Montez também já começou a sofrer os efeitos dele. Envio uma mensagem para o Daniel: " Estou saindo de Nova Iorque, já está tudo preparado? " Ele responde: " Está sim, estamos ansiosos pela sua chegada. A galera do escritório já está aguardando aqui, todos preparados para começar. " Eu finalizo com um: "Ok!" O Daniel é meu advogado e um grande amigo. Eu o conheci quando nos mudamos para Nova Iorque e foi com a ajuda dele que já era fluente em inglês, que conheci o Jason Bishop e com a ajuda do Jason e o apoio do Daniel comecei minha primeira empresa. Nós crescemos juntos, porque hoje ele também tem o escritório de advocacia mais requisitado de Nova Iorque. Dez horas depois, pousamos no aeroporto internacional Tom Jobim, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa. Estou finalmente de volta ao meu país. Eu pego o carro que já estava esperando por mim e resolvo dar uma volta pela cidade antes de seguir para a empresa. Meu telefone toca e é o Daniel, deve está se perguntando onde eu fui parar. — Onde você está? — Pergunta assim que a ligação é conectada. — Já estou chegando aí. Só quis dar uma olhada na cidade antes. — Explico. — Tudo bem, cara, sem problemas, só estava preocupado que você tivesse errado o caminho. — Eu sou brasileiro, Daniel, eu jamais vou me perder aqui. Quarenta minutos depois eu paro o carro na porta do prédio com uma fachada requintada. Quem olha de fora já tem a total certeza de que o dono disso tudo é muito rico e poderoso, é justamente isso que eu sou e é isso que quero passar, uma imagem de poder e de que ninguém pode me intimidar. Assim que passo pela porta ouço os cumprimentos das pessoas, aparentemente todos aqui já me conhecem e eu gosto muito disso. O meu escritório fica no último andar, o da cobertura, eu fico impressionado com o ambiente, é realmente um espetáculo de decoração, o Daniel arrasou. — Finalmente você chegou, cara — Daniel se aproxima — então, gostou? — Pergunta apontando para o escritório. — Ficou muito bom, parabéns! — Respondi animado. — Eu realmente vou gostar de trabalhar aqui. — Digo olhando a vista maravilhosa da janela. — Essa é a Rafaela, a sua assistente pessoal que já está tomando conta da sua agenda — ele me apresenta a mulher loura com belas curvas que está ao seu lado. — Muito prazer, Senhor Miller —ela diz com um sorriso exuberante. —O prazer é todo meu, Rafaela — respondi também sorrindo. — E aí o que você já tem pra mim? — Pergunto. — Rafaela, você pode pedir nosso convidado para entrar, por favor. — Sim, é pra já, senhor. Poucos minutos depois, ela volta acompanhada de um homem de meia idade. — Pode se sentar, senhor Durval — Daniel diz apontando uma poltrona à nossa frente — Esse, como você já deve saber, é Samuel Miller, o homem para quem você está trabalhando. — Sim, eu já o vi em algumas notícias. — Samuel, esse é o Antônio Durval, o nosso contratado que se passou por dono da empreiteira Durval e ele acabou de concluir o trabalho. — Muito bem. Muito obrigado pelo seu apoio —digo apertando a mão do homem. — Foi um prazer, Senhor Miller. Sou eu que agradeço pela oportunidade de mudar de vida e oferecer um conforto maior para minha família. — Então, foi tudo concluído com sucesso? — Pergunto e ele confirma feliz. — Sim senhor, do jeitinho que queria. Uma hora dessas ela está sofrendo pressão por parte do Conselho administrativo da empresa e aparentemente os acionistas não estão a favor dela. — Perfeito! Você merece até um bônus — Digo satisfeito. — Agora só falta ir lá avisar que não vou conseguir terminar as obras, que já declarei falência e o trabalho estará concluído de fato. — Ótimo, faça isso. Agora sim começamos oficialmente. O primeiro passo está dado e amanhã eu irei fazer minha segunda jogada, vou me aproximar daquela maldita. Ela realmente achou que iria sair impune disso? Não mesmo! Eles mudaram de sobrenome e cidade para fugir do passado, mas o passado acabou de chegar para cobrar o que devem. […] — Finalmente nosso convidado vip chegou! — Leonardo Santorine se aproxima assim que me vê entrando. Eu fechei um negócio milionário com o Grupo Santorine. Para ter um acesso mais fácil ao alvo da minha vingança, eu investi uma grande quantia em dinheiro no novo projeto da Santorine, eles estão começando a investir em restaurantes e eu me tornei um dos acionistas. Hoje é o lançamento da nova loja de vinhos e também onde será divulgado o primeiro desenho do projeto do restaurante. — Convidado vip? Estou me sentindo importante agora — brinco. — Mas você é! — Afirma — Tanto que tem vários empresários ansiosos para conhecer o famoso Samuel Miller — ele sorri. Nós conversamos por um tempo, ele me apresenta algumas pessoas. Converso com alguns empresários. Realmente sou bem famoso por aqui. Depois de dar uma circulada pelo salão, eu finalmente vejo ela, a mulher que destruiu a vida da minha irmã. Eu aproveito que ela está sozinha e me aproximo. Continua…
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