Barbara
— Por favor, coloque mais uma para mim — pedi ao barman que assentiu simpático enchendo novamente meu copo de alguma bebida que não fiz nem questão de saber o nome, mas era forte o suficiente para ter a sensação de que a garganta queimava.
Queria me libertar, esquecer tudo, então limpei as lágrimas, juntei o que sobrou da minha dignidade, coloquei a minha melhor roupa e vim para essa balada no centro da cidade.
Acho que não combino muito com esse tipo de ambiente. Como minhas amigas do colegial diziam, "eu sempre fui bem careta" preferia ficar em casa lendo livros românticos e assistindo televisão até que sair, me divertir… Me arrependo muito de não ter curtido a minha vida o quanto deveria.
— Você vem aqui sempre? — Virei abruptamente para a direção da voz. Um homem que nem havia prestado atenção que estava ao meu lado quem perguntou — Não lembro de tê-la visto por aqui antes.
Viro completamente, o copo com a bebida me sentindo ousada demais, ao mesmo tempo que minha visão gira.
Ok! Acho que estou um pouco tonta, um pouco não, muito tonta. Olho novamente para o misterioso homem de olhos castanhos e lembro-me que não respondi à sua pergunta.
Ele sorri assim… de maneira muito sensual. Meu Deus! Eu não lembro de ter visto homem mais bonito do que ele em toda a minha vida.
Aliás, por que ele está falando comigo? Analisando pelo modo como está vestido, o terno caro, o relógio de marca, com certeza de ouro puro, chega quase a me cegar com o brilho, ele poderia falar e ter a atenção de quaisquer outras mulheres... lindas. Por que perdendo tempo justo comigo? Pobre, cafona e… corna!
— Na verdade, essa é a primeira vez na vida que venho a uma boate. — respondo.
E levando em consideração o preço que se paga para entrar aqui, essa será a última vez. Não sei onde eu estava com a cabeça para dar quase metade do meu salário pra entrar em uma droga de boate!
Que ódio! Tudo culpa daquele desgraçado do Ramon.
O barman enche um pouco mais meu copo e bebo tudo sem nem pensar duas vezes. Hoje só quero sentir.
— Mais uma, por favor. — Pedir. Mas dessa vez o estranho sentado ao meu lado lançou um olhar para o barman e negou balançando a cabeça.
— Eu acho melhor não, senhora! — O barman adverte, olho para o homem ao meu lado e reviro os olhos.
O estranho no qual não sei como se chama, me olha intrigado, depois franzi o cenho.
— Está passando por algum momento difícil?
Está tão evidente assim?
— Como você sabe?
— Venho por aqui constantemente, já ouvi muitas histórias.
— Às vezes eu só queria sumir desse mundo. Acho que ninguém iria sentir minha falta mesmo. — resmungo amargurada, sou dramática mesmo.
Ele riu.
— Não vale a pena se martirizar e sofrer pelos outros. — Retorquiu levantando-se e estendeu a mão para mim, super educado — Me permite?
Olhei para sua mão e depois para seu rosto indecifrável, mas ainda sim sensual.
Não faço ideia de qual seu nome e nem porque está aqui conversando comigo, convidando-me para dançar. Mas quero aproveitar a noite, por que não?
Já passei tanto tempo tentando seguindo regras, tentando usar em primeiro lugar a razão, e no fim sempre me dei mau.
Segurei sua mão e fomos para o meio do salão, onde várias pessoas, com corpos suados dançam alegres, bêbados, extravasados...
— Você não me disse seu nome. — reclamei.
Ele me puxou fortemente fazendo meu corpo tombar com o seu. Ficamos coladinhos, quando ergui a cabeça e olhei em seus olhos nossos rostos ficaram a milímetros de distância.
— Eduardo. Me chamo Eduardo Aquino. — respondeu com a voz firme e passou a mão envolta da minha cintura conduzindo-me a dançar no seu mesmo ritmo.
— Prazer, Barbara Garreto.
Sou totalmente desengonçada, não sei dançar direito, na verdade eu não sei dançar nada, nem forró, nem funk, nem qualquer outro tipo de dança. Acabo pisando em seu pé.
— Oww... me desculpe! —Peço envergonha.Eduardo sorri me erguendo em seus braços.
— Coloque seus pés por cima dos meus.
Estou com um salto enorme — que comprei há quase três anos no Black Friday —, não vou me atrever a machucá-lo.
— Não. Melhor não, posso te machucar.
— Mas não vai — retrucou mais firme.
Não ousei reclamar, coloque meus pés em cima dos seus com cuidado e ele me guiou.
Ficamos dançando por alguns minutos, calados, apenas mantendo contato visual. Eduardo me olhava como se estivesse me analisando, já estava ficando envergonhada com o seu modo indiscreto de olhar para mim.
Tentei me manter mais solta, percebo que começo a gostar do nosso embalo, passo meus braços envolta do seu pescoço e repouso minha cabeça em seu peito. Enquanto todos à nossa volta dançam afoitos com o som estrondante, nós dois ficamos em um cantinho por ali dando pisadas leves de um lado para o outro, totalmente fora do ritmo que toca na boate.
— O que a fez vir aqui e encher a cara?
— Acho que hoje foi o pior dia da minha vida. — Confessei sem muito ânimo.
— Como assim, o que aconteceu de tão trágico para você fazer tal afirmação?
— Eu fui traída pelo meu namorado com quem tive um relacionamento de nove anos, sabe? — Ele assentiu — o pior de tudo foi encontrá-lo na minha própria cama, transando com a prima dele que eu considerava pra carambas. Ela era minha amiga, os dois me traíram.
Expliquei a situação, agradecida por ter com quem desabafar, apesar de ter sido com um estranho. Sempre quando falo de algo que me incomoda ou machuca pareço tirar um peso enorme dos meus ombros.
— Entendo, mas não tem o porquê você se sentir m*l com isso, não há coisa melhor na vida que ser livre e t*****r com quem você quiser sem dar explicações no dia seguinte.
Arregalei os olhos e quase me engasguei de tanto que sorri. Esse cara deve ser louco, estou aqui falando dos meus problemas e ele me vem com essa se t*****r com quem eu quiser, assim do nada.
— Eu estou m*l por sentir que desperdicei nove anos da minha vida com ele, Ramon só queria que eu o sustentasse, lavar suas roupas e servir de empregada pra ele. O que me reduz a um lixo, olha só, não sirvo nem para fazer com que as pessoas gostem de mim pelo que sou.
— Hmmm — foi a única coisa que saiu de sua boca antes de se fazer um silêncio ensurdecedor entre nós dois.
Me sinto uma grande estúpida por esta desabafando todos meus problemas e ficar o entediando com minhas Histórias de Uma Corna Ofendida.
— Desculpe, acho que você deve está me achando uma chata. — me desvencilhei do seu toque virando em direção a saída da casa noturna.
Eduardo me puxou outra vez e quando senti seu corpo atrás do meu, toda minha pele se arrepiou instantaneamente. Algo dentro de mim se acendeu, engolindo a seco quando ele passou novamente os braços envolta da minha cintura, senti sua respiração quente na minha nuca me fez amolecer.
— Não agora! Tenho planos pra você esta noite. — A ordem estimulou todo meu corpo a reagir a cada provocação indiscreta dele. Meu estômago embrulhou e senti como se houvessem milhares de borboletas dentro da meu ventre.
— Então tá. — Fora a única coisa que conseguir dizer, pouco tempo depois sentir sua boca em meu pescoço fazendo uma trilha de beijos por ali e o mordiscando.
Onde está meu juízo?
Por que estou permitindo que um estranho me beije e me toque dessa forma?
Constatei que seu m****o estava rijo quando o volume cresceu um pouco acima do meu bumbum. Suspirei sentindo que minhas partes íntimas se contraiam só em perceber que ele me quer.
Eduardo colou mais ainda nossos corpos, as pontas dos dedos tocou as barras do meu vestido com cuidado, e sendo muito discreto um de seus dedos tocou minha calcinha. Joguei o pescoço para trás apertando os olhos totalmente sem forças para mandá-lo parar.
— Olha só... molhadinha, do jeito que eu gosto.
Todos ali pareciam totalmente alheios ao clima e toques entre nós dois. Sobretudo por conta da música alta, das bebidas e da pouca luz que nos favorecia.
— Você não quer se vingar do seu ex dando uma f**a bem gostosa comigo? — Sussurrou rente ao meu ouvindo, tremir toda com o timbre da sua voz.
Hesitei pensando se devo ou não ir.
FODA-SE.
Ele me quer, eu também o quero, nem que seja ao mesmo por uma noite!
Tenho certeza que vou adorar esquecer Ramon e me perder em seus braços.
—Sim! — Respondir firme sem deixar dúvidas a ele que era isso que eu também queria — Eu quero que você me f**a, quero que me faça gozar como Ramon nunca me fez.
Céus, em poucos minutos esse homem me corrompeu.
Eu deveria tacar a bíblia na minha cara, sim deveria!
Mas ao contrário disso, estou ansiosa por senti-lo.