Capítulo 7

1288 Words
Após a perícia chegar e me tratar como parte da cena do crime, pedi ao agente que deixasse tomar um banho ali no quarto do hotel para tirar esse bafucá de defunto do meu corpo, depois eu iria embora. Até agora estou tentando entender todos esses acontecimentos que me cercaram nos últimos dias. Ao menos o banho valeu a pena, sempre soube que o Copacabana Pallace é lugar de gente da alta, contudo não podia imaginar o tamanho do luxo que é isso aqui. O pior já havia passado e deveria agradecer ao invés de reclamar. Estou viva. Com dinheiro do Trocacem. Não perdi minhas pregas. O que é ter presenciado um assassinato? Nada. Moro no Erre Jota e isso é bem comum. Tentando me enganar que tudo estava às mil maravilhas, sai do banheiro peguei minha bolsa e fui acenando para os agentes lhe dando tchau. Assim que chego a porta um dos agentes que a resguardava se pôs a minha frente como uma muralha. — Aonde você pensa que vai? — a voz grave do homem era de assustar. — Que pergunta! Vou para casa é óbvio. — Respondo sem a menos noção. — Mocinha senta aí e aguarda, que a divisão que vai cuidar do caso já está vindo lhe buscar para lhe conduzir até a delegacia. — Vão me levar presa! Mas não matei esse homem! — me desespero. — Quem foi que disse isso? Você terá de depor, pois foi assassinado o Ministro da Economia do seu país. A senhora é testemunha, a única que sabe o que realmente aconteceu aqui dentro desse ambiente. Aquele grandão jogou toda a realidade na minha lata, foi aí que tomei o chá de semancol e parei de fingir que era um tipo de Julia Roberts no hotel de luxo e que tudo estava bem. A verdade era bem outra. Estava fodida e m*l paga. Demorou alguns minutos, e dois policiais me Levaram de camburão. Já na delegacia, enquanto aguardava me chamarem para depor, pude ver chegar uma mulher de meia idade, lindamente loira, com um coque perfeito estilo aeromoça e um tailleur do bafo, chiquérrimo. A senhora estava acompanhada de três policiais federais estilo bofe odara! A gente sabe quando morre pessoa importante, quando começa brotar gente bonita, se morre um dos vereadores iniciantes lá do bairro, o que entra aqui. A esposa sem os centravantes na boca. Os irmãos sem os laterais. E os pais com abandono de campo. E todos eles gritando por justiça. Interromperam meus pensamentos maldosos, me conduzindo até a sala de interrogatório. pensa em uma cena de filme. Na sala tinha uma mesa cinza que combina com a cor das paredes, duas cadeiras, pouquíssima iluminação que vinha de um pequeno abajur. Não entendo para que essa p***a! Como se o fato de ficar no escuro faria alguém confessar algo. Me sentei a cadeira e logo entrou o investigador, um cara de meia idade e com uma carranca bem carrancuda. — Boa noite! Ainda está escuro, mas são quase bom dia pela hora. Sou inspetor Laércio, vou ligar o gravador e assim começamos o depoimento tudo bem? — Ok! Tudo bem. — enquanto confirmo ele já vai ligando o aparelho. — Como você chama? O nome todo. — Agnes da Silveira Venâncio. — Então Agnes, você está com uma soma muito alta na bolsa para um programa, minha opinião é que você já deveria conhecer o senhor Maurício a algum tempo. — Claro que não. Nunca havia visto aquele homem mais pelancudo. — Enfatizo. — Então me conte como o senhor Farias chegou até você. Pois já sei que não foi hotel quem solicitou seus serviços, nem os seguranças que estavam com ele. Yasmin tinha me explicado sobre a confidencialidade do app, sendo que virou casão de polícia e não mentiria as alibãs. — Existe um aplicativo onde só gente da alta pode participar como cliente, se paga um valor mensal e só pode entrar por indicação. Nesse aplicativo tem os perfis das garotas disponíveis. As garotas não pagam, mas também só entram indicadas. — Você quer que eu acredite que além da mensalidade eles pagam cinco mil, por um programa? — Não. — Então do que é aquele dinheiro Agnes — estava tentando me manter centrada, porém o homem começou a me deixar nervosa, quando saio fora da casinha tudo desanda. — Vou falar a verdade para o senhor, assim posso logo ir para minha casa dormir. O aqué não é só de uma trepadinha a toa, o Ministro pagou cinco mil por um edí virgem. — Edí? Agora tem uma tal de Edí na história? Aonde está essa mulher? — sua expressão é séria, entretanto poderia jurar que ele debochava da minha cara. Ele não sabe no que é um edí! — Edí é brioco em viadês — o inspetor me olhava como se fosse louca e de forma impaciente — brioco creio que o senhor saiba o que é. — Você não está aqui na minha frente me falando do seu ânus! — O senhor que quis saber o porquê dos cinco mil, é isso que estou explicando. Continuando… a colega que me pôs nessa fita, me explicou que ter um edí virgem vale mais que uma mapoa. Porque o edí é lu… — Chega...! — me interrompe com um berro — Você acha que isso aqui é uma brincadeira? — Não senhor. — Está vendo essa parede vidro — estressado ele aponta para parede, olho para minha direita e o vidro é tão escuro que não dá para ver do outro lado — por detrás desse vidro tem três federais, mas a superintendente chefe de segurança nacional, todos estão aqui para falar com você. Estou aqui me perguntando — ele cruza os braços, enquanto eu engulo em seco — os três federais entendo perfeitamente, morreu um Ministro e de certa forma é jurisdição deles, entendo que queiram acompanhar a homicídios. Mas eu te pergunto, o que essa mulher do alto escalão da federação, quer com uma prostituta do subúrbio? — Eu não sei! e também não sou prostituta — me altero— Sou cozinheira e estudante de gastronomia. Fui parar nesse emaranhado porquê tenho imã para coisa r**m. O que aconteceu naquela noite foi que um homem vestido de preto e óculos escuros, matou o Ministro, vasculhou todos os nossos pertences, roubou nossos celulares e foi embora pulando do prédio sem dar um pio — nessa altura minha voz já estava embargada, e comecei a chorar que nem a Maria do Bairro — não sei o que querem de mim. Não tenho nem como fazer um retrato falado porque não vi nada além do que já disse. O homem saiu da sala logo após meu depoimento dramático. Voltou alguns minutos depois. Minha cabeça que sempre pensa no pior achou que o policial me jogaria na carceragem. Ao invés ele voltou com papéis a mão. Ele põe as folhas de ofício sobre a mesa — Agnes, leia e se estiver tudo correto, é só assinar seu depoimento e está dispensada. — Estou? — ele apenas assente com a cabeça — graças a Deus. — Por enquanto não pode sair da cidade. Está cheio de repórter lá fora querendo descobrir a face da única testemunha da morte do Ministro, meu pessoal vai lhe ajudar a ludibriar os abutres. — Obrigada! — Agradeci com os dois pés atrás. Era para ter me sentido aliviada, mas não fiquei. O inspetor havia acabado de me dizer que o pessoal da federação estavam querendo falar comigo e de repente desistem! Tudo muito estranho! Algo me dizia que essa história ainda vai foderr minha vida em proporção catastrófica.
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