Capítulo 4 Lavínia

1409 Words
Polegar me deixou na porta do apartamento e eu sabia muito bem o que iria acontecer, que eu havia vendido a minha alma a um traficante e se a minha mãe sonhasse com isso, talvez se sentiria muito m*l, porém, essa é a minha única solução para salvar ela da morte, ou ao menos tentar. Estava cansada do meu dia puxado e tudo o que eu queria era dormir para amanhã ir ao hospital, essa é a minha rotina da manhã, eu passo a manhã com a minha mãe. Abrir o portão e subir as escadas apresada para entrar em casa, porém, fui surpreendida pelo Antunes, ele era o dono do prédio e pelo jeito que me olhou, eu tinha certeza de que iria me cobrar os 3 meses de aluguel atrasado. — Estou cansado de desculpas, garota! Quero que me pague agora. Se não tem dinheiro, me pague com o que tem — falou comendo o meu corpo com os olhos. — Senhor, se tiver paciência, amanhã te pagarei tudo o que devo — sussurrei. Analisei todo o perímetro e percebi que estava sozinho com ele naquele ambiente. Isso me deixou um pouco apreensiva e nervosa. — Você é uma miserável, sua mãe esta a beira da morte, as dividas dela passaram para você e a única forma de me pagar é esquentando a minha cama com esse seu corpo delicioso — falou tocando meu braço e eu fiquei em estado de choque. Ele era um velho asqueroso, não suportava a possibilidade dele tocando em mim. — Não! Eu não quero. Estou prometendo que te pagarei tudo amanhã — falei nervosa. — Eu não quero dinheiro, quero seu corpinho jovem e gostoso — falou e eu tentei me afastar. — Para com isso, por favor! Eu já falei que vou pagar — empurrei ele brava. — Vagabunda — ele deu um tapa no meu rosto. — Já falei que não aceito o seu dinheiro, eu quero o seu corpo — rosnou avançando, porém, o Caio apareceu feito um anjo para me salvar. — O que está acontecendo aqui? Lavínia! O que você iria fazer com ela seu velho asqueroso — ele pergunta bravo. — Você tem namoradinho, sua v***a? Engraçado que estava se oferecendo para mim agora — ele disse. — Isso é mentira, Caio — falei nervosa. — Eu sei que é mentira! Seu desgraçado — ele gritou nervoso e partiu para cima do homem. Os dois começaram a brigar feio e eu fiquei no meio tentando separar toda aquela confusão, mas não sabia como. — Parem por favor — falei me tremendo quando o Caio ficou caído no chão e o Antunes aproveitou para chuta o estomago dele. — Pare por favor, eu estou implorando — supliquei nervosa. Eu sabia que o Antunes era barra pesada, ele se envolvia com os milicianos e tinha esse prédio como uma fachada para que ninguém soubesse sua verdadeira face. Ele colocou a arma na cabeça do Caio e eu estremeci. — A escolha é sua! Vai ser minha por bem ou por m*l? — perguntou. — Eu vou matar o seu namoradinho — ele gritou. Mas ao ouvirmos as sirenes da polícia, ele se afastou de imediato. Olhou para mim mais uma vez e correu me deixando ali com o Caio. — Caio! Você está bem? Eu sou a culpada de tudo. Me perdoe, por favor — implorei nervosa. — Eu estou bem, Lavínia. O importante foi que ele não conseguiu o que queria e não acho prudente você ficar aqui. Venha comigo para o meu apartamento — pediu. — Não, eu não posso! Caio, eu... — ele me cortou. — Você vai me deixar sozinho? Eu o enfrentei — falou e eu abaixei a cabeça. — Você não existe. Obrigada, por ter me salvo — sussurrei. — Eu quero que fique bem, sei que está uma barra com a sua mãe — balbuciou se levantando. Caio não morava longe de mim, ele tinha um apartamento, eu seguir andando e ajudando-o. Assim que chegamos no local, eu ajudei ele com os ferimentos e percebi os olhares dele para mim. — Lavínia, me der uma chance — declarou tocando meu rosto. Olhei para ele, aquele jeito de cachorro abandonado, eu percebi um amor profundo, porém, as imagens do Barão invadiram a minha mente, a proposta indecente de 150 mil reais, uma que me faz se comporta como uma p**a que vende o corpo em troca de dinheiro. Não consegui manter o sorriso. Imaginei a tristeza nos olhos dele, eu não pensei nele quando aceitei aquela proposta e se ele sonhar, vai achar que sou uma vagabunda, ele vai me odiar para o resto da vida. — Desculpa, eu estou com sono. Onde posso dormi? Amanhã tenho que ir ver a minha mãe — falei mudando de assunto. — Lavinia, sei que está fugindo de mim, mas se abrir o coração, eu posso dividir essa dor com você, quero cuidar de ti — afirmou tocando meu rosto. — Eu estou cansada, Caio — declarei me deitando no sofá. — Durma na minha cama, eu durmo no sofá — ele afirmou. — De jeito nenhum! Você levou uma surra do Antunes, tudo por minha causa. Não me faça se sentir pior. Durma na sua cama, eu dormirei aqui — declarei fechando os olhos. No dia seguinte, eu despertei com o celular tocando. Olhei no relógio e vir que eram 09 horas da manhã. Eu fiquei desesperada e levantei em um pulo vendo muitas ligações perdida da Ingrid. Sair nas pontas dos pés da casa do Caio e enquanto descia as escadas, fui ligando para a Ingrid que me atendeu de imediato. — Garota, onde você está? O Polegar está na frente do seu prédio! — falou. — Amiga, uma longa história, mas não dormir em casa. Estou indo para lá — falei desligando. Seguir caminhando apresada pelas ruas e encontrei o Polegar encostado no carro do outro lado da calçada. Ele me olhou e sinalizou para que eu entrasse no carro. — Eu posso tomar um banho? Eu preciso de um banho — sussurrei. — Te dou 10 minutos, mina! — falou entrando no carro. Subi as escadas apresada e entrei no meu AP, fui correndo até o meu quarto e lá tirei toda a minha roupa. Peguei uma toalha e corri para o banheiro onde tomei um banho rejuvenescedor. Em seguida, vesti um vestido tubinho rosa acima do joelho, ele tinha alças finas e era ideal para o calor do rio. Dei os cabelos soltos, pois eles estavam molhados, passei um pouco de perfume e gloss labial. Peguei uma sandália rasteira e a minha bolsa. Desci as escadas apresada e entrei no carro. Polegar me olhou de cima a baixo e eu fiquei completamente constrangida, pois ele era o namorado da minha amiga. — p***a! Você vai deixar o Barão doidinho, nunca vir uma mulher tão linda nessa vida — sussurrou ligando o carro. Não respondi ao que ele disse, pois estava me sentindo completamente constrangida e ele percebeu, tanto que mudou um rumo da conversa. — Onde você estava, mina? — indagou. — Na casa de um amigo — afirmei inocente. — Amigo colorido? — perguntou. — Eu não gosto dessas coisas, por gentileza me respeite — cortei e ele ficou sem graça. O caminho até o hospital foi silencioso, eu passei no financeiro e acertei a minha diva, pagando adiantado mais 3 meses de tratamento para a minha mãe, com a esperança de que muito em breve ela vai conseguir um doador. Logo em seguida fui ver como ela estava e as lágrimas molharam meu rosto, pois a minha mãe estava muito magra e debilitada. Aquilo estava me deixando muito machucada. O medo estava me destruindo. — Mãe, eu estou lutando para você ficar bem — sussurrei emocionada. Dona Eloisa estava em coma, ela estava muito debilitada e segundo o doutor Michel, ela é o número 20 na fila de transplante. Eu estou confiante demais que logo vamos conseguir sair dessa. Fiquei mais uns 20 minutos ali com ela, porém, sabia que não era possível ficar mais tempo. Eu sair destinada a seguir, já havia me esquecido do Barão, mas ele não iria esquecer de mim. Polegar estava do lado de fora me esperando e eu sabia muito bem o que iria acontecer comigo. — Vamos? O Barão está te esperando, mina — declarou fazendo o meu coração disparar.
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