Capítulo 03

1098 Words
Lívia Narrando O dia hoje demorou muito pra terminar, a diretora veio falar comigo sobre o episódio de mais cedo, ela explicou que o tio da Raissa tinha um temperamento difícil mas que ele era uma boa pessoa, ele é conhecido como Rd, e olha que legal, também é o dono do morro e o pior bandido de todos, bom não foi assim que ela disse mas foi assim que eu entendi. Assim que cheguei no ponto do táxi um dos homens estava sentado bem próximo. — Ai mina, tua moto acabou furando, só tô avisando pra tu não achar que foi algum de nós aqui — Ele explicou com certa sinceridade na voz. — Tudo bem, imprevistos acontecem. Afirmei — Sabe onde eu consigo uma oficina? — Só subir mais duas quadras, tem um borracheiro lá — Ele explicou, então quando tentei subir ele falou — Vai andar na moto furada maluca? tá querendo dormir no morro mesmo? — O que eu posso fazer? — Disse confusa — Eu levo pra tu, tu pode subir com o Biel — Ele disse olhando pra um rapaz loiro, de olhos azuis e bom, parece que tatuagem é a farda deles, mas uma coisa que não entendo é porque tem tanto homem bonito aqui. — Obrigada — Disse sem graça. O rapaz gentil levou a minha moto empurrando até a borracharia, enquanto o loiro fez sinal que eu subisse na moto dele. — Não precisa de capacete? — Precisa aprender muito de favela mina, mas é aí tá gostando daqui? — O loiro perguntou. — Dos alunos sim — Olhei em volta — Mas não posso reclamar, minha mãe tinha me avisado. — Ele sorriu. — Se for esperta, vai se dar bem! Aliás meu nome é Gabriel — Ele avisou ligando a moto, ele tinha uma bela Xr 300 preta e parecia ter mais ou menos a minha idade. Ele me levou até a borracharia como prometeu, e lá senti mais olhares sobre mim do que no ponto de moto táxi. O loiro desçeu junto comigo. — Consegue fazer a força junin? — O loiro perguntou — De boa, preciso de uns quarenta minutos — acabei ficando bem perto do Biel, quando notei que Rd estava no meio daqueles homens me olhando de canto de olho. — Qual foi d***o loiro? tu é neguin virou mordomo da prof paty agora? — O tal Rd disse com uma voz grossa. — A mina precisava Rd, conhece nada na favela. — Eles deram de ombros, como se não tivessem nem aí. — Quer dar uma volta pelo morro? ou prefere ficar aqui com eles? — O loiro perguntou direto e eu não esperei mais nada pra subir na moto denovo. Rd Narrando Rd agora tá no papo! Cresci no complexo da rocinha, e o comando passou do meu pai pra mim a quase dez anos, o coroa morreu logo depois de passar a coroa dele, confesso que no começo foi difícil mas como tudo na vida passa acabei me acostumando. A única coisa que não me acostumo e com a falta da minha irmã Raiane. Nós dois éramos gêmeos e perder ela foi como se eu perdesse parte do coração que eu achei que nem existia mais tá ligado. A minha coroa Lúcia sempre tá pelos cantos chorando, a nossa única alegria lá em casa é a Raissa, foi a coisa mais linda que Raiane fez na vida dela, Raissa e nossa felicidade, e eu jurei protegê-la com meu sangue se for preciso. Rd vem de Randle, Randle Maicon Reis ou como é conhecido pelos cu azul, procurado da polícia por criar o nosso mundo, aqui não tem governo, e o que eu puder fazer pelo povo do morro farei, não roubo pobre, se roubei alguma vez na vida foi de quem tinha pra mofar e não me arrependo por isso. Não sou casado e nunca vou ser, aliança me dá alergia, então assim vou seguindo a vida, comendo quem eu quero a hora que eu quero, apesar de ter algumas emocionada no morro que acha que tem alguma coisa séria comigo só porque eu já repeti a f**a algumas vezes, tipo a Vitória, a mina é linda mas gosta de f***r o meu juízo, odeio melação mas elas não entende não pow, quer ficar colada e isso me estressa. Eu tava de boa na boca essa semana quando Jp me chamou no rádio avisando da entrada da professora da dona Ana, já mandei ele se virar com isso porque eu tava ocupado demais. JP e eu crescemos juntos aqui no morro, e ele é como se fosse um irmão pra mim, não é nenhuma novidade já que coloquei ele do meu lado aqui no comando. Jp é filho de dona Suzane, irmão mais velho de Gabriela e Gabriel que também trabalha pra mim como gerente de algumas vielas do morro. Quando dona Ana ligou eu tava fumando um beck pra descontrair, mas quando ela falou no nome da Raissa meu sangue subiu em questão de segundos, praticamente voei pra aquela escola, e não vou negar que fiquei putasso com aquela professorinha, quase levei ela pras ideias por me descontrariar, mas depois de ouvir a voz doce da Raissa, a única coisa que me acalma nos últimos dois anos me fez perceber que ela era uma gostosa! pqp que mulher linda, mas o que tinha de linda tinha de marrenta. " Aqui na minha sala quem manda sou eu" foi o que ela disse, que audácia pow. Já chamou a atenção do pai. — Fala pro teu irmão sair de cima Jp — Falei enquanto tomava uma cerveja na oficina do Junin e via o d***o loiro subindo com a morena. — Qual foi? tá falando da prof paty? — Tu viu outra aqui Zé mané — Ficou de m*l humor rápido hein — Debochou — Qual foi? todo mundo sabe que tu odeia patricinha. — Já me viu recusar b****a onde fdp? Só avisa o teu irmão, não quero ele perto da mina nova. — Fica de boa, claro que o chefe que vai experimentar primeiro e o Biel só tá levando a mina pra passear enquanto junin trabalha. — Não importa, melhor avisar agora do que depois tá ligado. — A tua preferida já tá ali te procurando — Ele disse e eu olhei vendo a Vitória subindo o morro com um micro vestido que caberia na minha mão. — Sai de mim chulé. Antes que ela pudesse se aproximar mais subo na moto e vou direto pra casa.
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