Eduarda Gutemberg
Aquele dia era o meu dia de princesa, o dia que seria lindo e o mais impossível da minha vida, eu havia esperado por praticamente seis meses para que finalmente chegasse naquele dia tão especial pra mim.
Estava tão ansiosa e ao mesmo tempo bastante nervosa, havia deixado a minha família louca com todos os preparativos até os últimos detalhes pois tudo tinha que sair perfeito, e não sou uma mulher mimada apenas queria que tudo saísse como eu havia planejado para aquele dia.
Eu estava me sentindo a mulher mais feliz do mundo, estava me sentindo linda com o vestido que havia escolhido, digno de uma princesa, digna de Eduarda Gutemberg, filha de um empresário bastante conhecido em São Paulo, sempre fui tratada como uma princesa e tive tudo o que sempre quis.
Eu era rica e chamava bastante atenção por onde passava por conta da minha beleza e eu também me achava linda, mas ainda assim não entendia o do por que todos os homens me desejarem tanto assim.
Desde muito nova eu recebia muitos elogios dos meus colegas, e eles também falavam que o mais belo que eu tinha era o meu coração, e sempre tentei acreditar nisso, mas quando havia tantas pessoas que sempre queriam alguma coisa minha, então sempre me perguntei se era algo a mais que a minha beleza.
Então levou bastante tempo e algumas sessões de terapia para que ela acreditasse mais em mim mesmo, e o homem que eu amava me ajudou bastante também e sempre me apoiava, sempre fez eu me sentir especial, e por eu ser filha de quem era sempre que ia para algum lugar tinha alguém para me proteger, e no começo aquilo me incomodava um pouco, mas com o passar dos anos fui me acostumando.
Os seguranças eram legais e não me tratavam como uma menina mimada como muita gente fazia, já na faculdade sempre era uma tormenta pra mim pois sempre pensavam que eu não poderia me tornar uma médica e que eu só tinha conseguido entrar na faculdade por conta dos meus pais e aquilo me irritava muito.
Mas sempre me dediquei a tudo o que fazia, a aquilo me tor ou a melhor em tudo, e passei a mostrar para todos que eu era sim capaz e que não era uma mulher mimada por ser filha de quem era, e que não havia chegado até aonde estava por conta dos meus pais e sim por puro esforço meu.
Comecei a trabalhar na empresa dos meus pais e também abri mão do dinheiro que eles me davam como mesada e então comecei a ser vista como Eduarda Gutemberg, e finalmente eles não me viam mais como filha de Theo Gutemberg.
Me olhei naquele espelho gigante mais uma vez e observando cada mínimo detalhe do meu precioso vestido de princesa, e eu sempre sonhei com um vestido grande e brilhoso, o mesmo era tomara que caia, e em poucas horas eu seria a senhora Ferraz.
Marcelo Ferraz era o meu melhor amigo e eu conhecia ele desde criança, nós apaixonamos e depois começamos a namorar e após alguns anos ficamos noivos e hoje eu iria me casar, ele sempre esteve comigo nos melhores e piores momentos da minha vida.
Meu pai sempre apoiou a nossa união, ele sempre falou que éramos feitos um para o outro e que um dia ele nos veria casando, e ele não estava errado, me sentia feliz por ter o apoio dos meus pais e me sentia ainda mais feliz pelo meu pai não ter aquele ciúmes bobo, mas se ele tivesse seria compreensível pois eu era a única garotinha da família.
Mas também houve uma emoção por parte do mais velho, ainda mais no momento de abraçar e dizer o quão orgulhoso ele estava de mim, também havia escutado palavras da sua mãe que sempre me aconselhava e me dizia que eu seria uma mulher incrível e muito feliz.
E eu já me sentia a mulher mais feliz do mundo, Marcelo me fazia sentir daquela forma todos os dias possíveis, ele era um homem carinhoso, gentil, um namorado perfeito e sempre lembrou de cada data do relacionamento deles e sempre fazia uma comemoração naquela data.
Uma das suas amigas sempre falava pra ela que era loucura se casar e não aproveitar nada da vida, que eu deveria conhecer o mundo e me conhecer e eu até compreendia as palavras delas e sabia que ela não estavam me julgando mais sim um conselho, mas eu não conseguia viver aquela vida.
Não iria conseguir viver uma vida sem o Marcelo e então era por isso que aquele dia era o mais importante da minha vida, os minutos em frente ao espelho passaram a ser horas e comecei a ficar apreensiva, comecei a andar de um lado para o outro ainda mais que eu sabia que não deveria estar daquela forma.
Mas foi difícil pois meu pai não aparecia, minha mãe também não, e muito menos as minhas amigas, por que eles estavam demorando tanto assim ? E por que meu pai ainda não tinha vindo me buscar ? Por que ninguém apareceu, ao menos para me explicar o que tinha acontecido e do por que daquela demora ?
Me jogo no sofá não conseguindo mais controlar a minha ansiedade e incômodo que estava em meu peito, e eu não era daquelas noivas que se atrasaria no próprio casamento, logo a porta se abre e então vejo a minha amiga.
— Bárbara — Falo me levantando do sofá — Finalmente, o que está acontecendo ? Por que meu pai ainda não apareceu ?
— Você está linda amiga
— Obrigada — agradeço, mas percebo que ela estava preocupada
— É... eu não sei como falar isso — ela solta um suspiro — Eu queria poder falar que está tudo bem mas...
Quando ela fala isso eu tremo.
— Aconteceu alguma coisa com o meu pai ?
— Não ele está bem
Engulo em seco.
—Com... o Marcelo?
E levou alguns minutos para a loira negar e aquilo me deixou mais desesperada.
— O que houve com ele bárbara ?
E teve mais um momento de silêncio, mas a loira quebra o silêncio com um suspiro pesado.
— Ele não chegou ainda
Abro a boca, mas não saiu nenhum som.
— E ninguém consegue falar com ele, não o encontraram na mansão dos pais dele — ela fala
Eu queria escutar tudo menos aquilo, como assim seu noivo estava desaparecido, aquilo era demais pra ela, no dia mais importante para os dois como assim ele sumia ? Não fazia o menor sentido ele ficar sem dar notícias.
Então algo havia acontecido, e foi pensando nisso que pego o meu vestido e corro até o meu carro, e sim eu iria atrás dele, iria dirigir com aquele enorme vestido, eu tinha que encontrar ele para ter certeza de que ele estava bem.
E em primeiro lugar pensei na cobertura dele, aonde o mesmo morava sozinho desde os 18 anos, e enquanto ela saia daquele quarto ela podia escutar a sua amiga gritando por ela, mas ela não esperaria, ela não podia.
Passou por algumas pessoas que cochichavam alguma coisa sobre Marcelo ter desistido do casamento, mas ele não seria capaz de fazer aquilo, eu não iria acreditar naquilo.
— Eu vi, Vitória
— Mas ele não faria isso com ela
— Mas ele fez — A pessoa retruca firme — E ele ainda deve estar com ela
Ela ? Quem é ela ?
Seus olhos se encontram com os olhos verdes da sua prima, mas eu não parei apenas continuei correndo para o meu destino.
Marcelo não faria aquilo comigo, Lorenzo estava totalmente enganado, falava aquilo pra mim mesmo e repito como se aquilo fosse um mantra, quando chego ao apartamento dele sou recebida com um sorriso pelas funcionárias, mas eu não conseguia retribuir.
Entro no elevador e meu coração estava batendo muito rápido, era como se ele fosse sair pela boca, meu corpo tremia e minha respiração estava alta que todos poderiam escutar, e tudo piora quando o elevador para no andar dele.
Entro na cobertura que já conhecia tão bem e devagar começo a subir as escadas e sigo em direção ao quarto principal onde escuto vozes.
— Mas você já vai ?
Tinha a impressão de já ter escutado aquela voz antes.
— Eu já estou atrasado
— Se quiser posso acompanhá-lo no banho
Marcelo da uma risada.
— Se você me acompanhar eu não vou sair daqui hoje, e eu tenho que ir
— Claro, hoje é seu casamento
— Sim meu casamento, e todos estão me esperando
— Mas a sua família sabe que você se atrasará
Sinto meu estômago embrulhando a cada palavra que eles estavam falando, não podia acreditar que o meu próprio noivo havia feito, já tinha dormido ali várias vezes, e foi naquele quarto que ele falou que me amava.
Como ele pode ?
Por que ?
Entrei mais no quarto e então falei.
— Marcelo
O mesmo me olha com os olhos arregalados e a mulher na cama puxa os lençóis para tampar a sua nudez.
— Eduarda
— Como você pode fazer isso comigo ? Por que ? — minha voz é baixa — Se você não me amava mais, se você não queria se casar mais por que fez o pedido ?
— Eu te amo Eduarda
Dou uma risada anasalada.
— Você me ama ? Então é assim que você mostra que ama ? Transando com a secretária ?
Fica um silêncio.
— Foi.... apenas uma despedida
— Uma despedida ? — Falo indignada — Então quer dizer que essa não foi a primeira vez ?
— Lorena nos deixe a sós
— Não ela fica — Falo firme — O que vou falar é rápido — Falo olhando os dois — Vocês dois não prestam, você não passa de uma p**a que fica com homem comprometido e você simplesmente foi a maior decepção da minha vida, e eu vou me arrepender todos os dias por ter confiado em você, e ainda mais por ter me relacionado com você — Falo retirando o meu anel de noivado e jogo contra ele
— Eduarda
— Vai se fuder
Me viro e saio encontrando as minhas amigas, Bárbara, Vitória e Gabriela, atrás de mim, mas saio rapidamente daquele lugar afinal não estava conseguindo respirar naquele lugar, não sabia como tinha forças para falar nada, sua mente girava e sentia que a qualquer momento poderia desmaiar.
Entro no meu carro e escuto os gritos das minhas amigas desesperadas e eu podia imaginar o quão preocupadas elas estavam, mas mesmo assim eu acelerei saindo pra bem longe dali, estava dirigindo tão rápido mas acabou percebendo um pouco tarde uma garotinha há poucos metros e então piso no freio de forma desesperada.
Tiro o cinto e saio do carro afim de chegar até a garotinha.
— Você está bem ? Está machucada ? — Pergunto tocando nos bracinhos dela — Me desculpa querida, eu não vi você, eu estava tão.... — toco o rosto dela — Está assustada ?
Ela balança a cabeça concordando e me olha com os olhos brilhando, e para a garotinha era como se ela estivesse vendo uma princesa na sua frente.
— Me desculpa de verdade eu...
— Alice
Me viro e encontro um rapaz de cabelos negros e estava apenas vestindo uma bermuda azul.
— Filha — Ele puxa a garotinha para os seus braços — Você está bem querida ?
— Sim papai — a pequena responde baixinho toda meiga
— Por que você atravessou a rua ? Por que saiu da minha vista ?
— Me desculpa de verdade
O moreno olha pra mim um pouco curioso, afinal eu ainda estava com o meu vestido de noiva.
— Eu quase.... — meus olhos lacrimejam — Eu nem deveria ter pegado o carro
[...]
Henrique havia percebido que a mulher estava completamente em choque e se comoveu percebendo que alguma coisa havia acontecido para ela ficar daquela forma.
— Ela está bem
Seus olhos se encontram novamente.
— Mas poderia ter acontecido alguma coisa com ela e a culpa seria minha — levou as mãos ao rosto e começou a chorar mais ainda
— Papai ?
Henrique beija os cabelos da filha e então se aproxima da mulher de cabelos pretos e toca com a mão, e faz com que ela olhe pra ele novamente.
— Vem comigo
Eduarda não conseguia se mover.
— Você está precisando de água
Logo os olhos dela voltam a lacrimejar, mas mesmo assim deixou o homem desconhecido a ajudá-la, quando chegaram na casa do homem o mesmo pediu para a sua pequena pegar um copo de água para a moça.
— Obrigada — Eduarda fala olhando para a garotinha — Obrigada querida — deu um sorriso fraco
— Filha vai lá encontrar os seus irmãos
A garotinha olhou para o pai e para a mulher e então ela se vira e sai.
— Eu me chamo Henrique Cardoso
— Me chamo Eduarda Gutemberg
Ele balança a cabeça pois não era necessário ela falar afinal ele conhecia ela de todas as capas de revistas.
— Quem é você e por que está no quarto da minha mãe ?
Eduarda que chorava se virou e viu um garotinho com cabelos negros e olhos azuis, ele estava raivoso mas assim que viu ela limpando as lágrimas mudou a expressão.
— Levi
O garotinho fita o pai.
— Quem é ela papai?
— Eu já vou explicar pra você e seus irmãos, por favor me espera na sala
O pequeno fita a moça e depois faz como o pai pediu.
— Sinto muito, eu não quero ser um problema
— Não se preocupe, eles vão entender e só... — Henrique olha para o cômodo — Esse quarto era da minha esposa
— Era ? — Eduarda sussura
— Ela faleceu há um ano — Henrique fala e Eduarda sente seu coração apertar
— Sinto muito
— Eu estou superando aos poucos, aqui está a toalha e os objetos pessoais
Eduarda pega as coisas da mão do Henrique.
— As roupas são da minha cunhada espero que sirva
— Eu agradeço
O mesmo balança a cabeça e então fecha a porta do quarto.
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