Lúcifer narrando
Fala, meus crias! Me chamo Oliver Fernandes, mas prefiro o meu vulgo, tá ligado? Sou conhecido como Lúcifer, isso mesmo, o demônio. Escolhi esse vulgo ainda moleque, depois da minha primeira missão, e o meu pai acha da hora. Tenho 20 anos e sou o dono da Rocinha; herdei o trono do meu pai. Sou trigêmeo. Tem o Breno, que é idêntico a mim, é meu sub, e tem a Beatriz, que é totalmente diferente; ela é loira de olhos azuis, parece com a nossa mãe, que morreu.
Tenho 1,90 de altura, sou músculo, e tenho muitas tatuagens espalhadas pelo corpo.
Eu e meus irmãos fomos criados pelo nosso pai e pela nossa avó Olívia. Porr@, eu tive a melhor infância, tá ligado? Nós botava fogo na casa cüzão, deixávamos a vovó de cabelo em pé. Sempre fui o líder, ensinava meus irmãos a aprontar; pior que só eu e a Bia, aquela dali é o Cão de Saia. A Bia consegue ser pior que nós quatro juntos; até hoje ela não é moleza.
Sempre fui muito amigo dos meus primos, e tirando o Breno, meu melhor amigo é o Daniel, filho do tio Davi. A gente troca umas ideias massa e pá. Daniel é sub no SM, e a gente vive nos corre, tá ligado? Mas sempre que dá, a gente marca um rolê. Sou gêmeo, mas sou tratado como se fosse o mais velho e me considero assim, já que fui o primeiro a sair da barriga e o primeiro a ser escolhido pelo meu pai para assumir o seu lugar.
Desde muito cedo comecei a andar com meu pai, aprendendo tudo que ele sabe. Minha primeira missão, eu tinha 12 anos, foi quando descobri minha verdadeira paixão por fogo. A primeira missão foi em uma invasão; eu já sabia atirar e estava preparado. Colei com meu pai, e ele conseguiu pegar uma bota que ficou para trás. Me entregou a pistola e mandou apagar o cara, mas achei melhor levar para o micro-ondas e fazer um churrasco. Meu coroa vibrou. Eu podia ver o orgulho nos olhos dele, e foi a partir dali que decidi ser o rei do próprio inferno. O filho do rei do Caos não podia ser diferente. O fogo é a minha maior paixão e o meu maior aliado.
Não sou de muita conversa, tá ligado? Comigo não tem essa de enrolação. Se eu entro na parada, é pra resolver na hora. Sou focado, mesmo sob pressão. Posso ser a pessoa mais explosiva do mundo, mas, se a situação apertar, a cabeça tá sempre no jogo. Mas tem uma pessoa que tem o poder de me tirar do sério fácil, fácil: É a Caroline.
Eu e a Caroline estamos juntos desde os 14 anos. Nossos pais fizeram um acordo, e a gente cresceu sabendo que um era do outro. Pra mim, não foi difícil aceitar, ainda mais com ela sendo uma morena linda de olhos azuis, corpo perfeito e boca carnuda. Sexy? Ah, meu mano, pra caralhø. Caroline é tudo o que um cara pode querer, mas o que eu não esperava é que ela não aceitou muito bem essa parada no começo.
Minha avó conversou com meu pai, e ele junto com o tio Cobra resolveu desfazer o acordo. O que rolou foi que, quando a Caroline viu que eu já não tava dando mais bola pra ela, veio atrás de mim. E no fundo, a gente sabe que somos loucos um pelo outro. Depois do nosso primeiro beijo, as coisas mudaram de vez, e a gente começou a namorar. Eu levei ela pra cama, e mano, foi tudo intenso. Mas a Caroline é bem difícil, e eu também não sou fácil, então, é aquele rolê de vai e volta. Um dia estamos juntos, no outro, estamos trocando ideia de terminar.
Não vou mentir, sempre que ela me dá um pé na bünda, eu deixo as marmitas se chegarem e a Jeni é a primeira a vir correndo. Mas, dessa última vez que terminamos, a Caroline surtou de vez. Decidiu dá pra outro, um playboy que faz curso com ela. Aí, irmão, a chapa esquentou, mandei o Cüzão conversar com meu xará pessoalmente.
Eu fiz o inferno na terra e na vida dela. Não aceitei que ela me botasse pra fora da vida dela. Caroline é minha e pronto. Ela vai me aceitar de volta ou nunca mais vai ter paz na vida. Fui lá e proibi a saída dela do Morro. O tio Cobra veio falar comigo porque a Caroline faz curso no asfalto. E eu só respondi: Föda-se! Ela não vai pra lugar nenhum. Quando eu falo, já era. Ninguém passa por cima da minha palavra, nem meu pai.
Se ela quer sair, que venha pedir. Tem que voltar pra mim, ou é isso aí ou vai ficar como tá. Também coloquei o vapor da minha confiança pra vigiar a casa do tio Cobra. Assim que ela coloca os pés pra fora, já recebo a foto. Fala sério, sou desequilibrado mesmo, neurótico, e é assim que tem que ser.
Cuidar da quebrada não é fácil, não. Meu pai sempre me ensinou que a comunidade tá em primeiro lugar na vida do chefe. Eu faço de tudo pra ser o melhor que a Rocinha merece. E claro que meu irmão é meu fechamento, fortalece pra caralhø. Além disso, tenho os vapores de confiança e o meu gerente, o Nevado. Eles estão sempre ao meu lado, me ajudando a manter tudo em ordem.
Mas o que tá me consumindo agora é essa parada com a Caroline. Enquanto a gente não voltar, ninguém vai ter paz. A mente fica a mil, o coração acelera, e não tem jeito. Mandei anunciar um baile, aniversário dos meus irmãos mais novos, e a gente vai comemorar no pique. Bora ver se a morena não brota no bailão.
A ideia do baile é aquecer a quebrada, fazer a galera sair de casa, dar uma animada na comunidade. O clima na Rocinha sempre fica melhor com baile funk. Os moleques já tão se organizando, esse baile é pra gerar e quem sabe a Morena não brota e nós fica de boa.