01 - Introdução
Primeiro quero-me apresentar e contar um pouco da minha história, sou a Lunna e tenho dezenove anos, sou baixinha e morena do cabelo liso não tão comprido, mas gosto dele desse jeito, eu cresci aqui no morro dos prazeres e apesar da vida difícil que eu levo aqui, não escolheria outro lugar para morar.
Sempre morei com a minha família, nos quatro sempre unidos eu os meus pais e a minha irmã caçula Luciana que hoje já esta com dezesseis anos, depois que os meus pais se foram as coisas não melhoram como eu acreditei que seria por que mesmo eu amando eles muito mesmo, eu não aguentava mais a minha vida de buscar eles bêbados em bares, buscava na boca também comprando drogas e para piorar tinha que aguentar os bandidos me cobrando dividas deles todos os dias.
A minha casa nunca foi nada muito grande e muito menos ´´bonita´´, na verdade, ela e só um barraco de madeira que quando chove se alaga, nunca foi de ter muitos móveis ja que os meus pais vendiam os poucos que tinham para comprar mais droga, mas apesar de morar num barraco, aqui e o meu porto seguro, onde eu posso-me acolher aonde ninguém vai julgar-me por ser a filha dos ´´drogados do ze e da marlene´´. Nunca tive tempo ou dinheiro para conseguir pagar uma faculdade, mas sempre quis cursar enfermagem, porém aprendi a guardar esse sonho só no meu coração mesmo, já a Luciana nunca se esforçou para conseguir nada, mesmo só tendo a escola de prioridade e eu ficando com as contas da casa, a minha irmã tem uma personalidade forte, começou a sair sozinha aos doze anos e logo começou a ser usuária também como os meus pais eram, ela sempre chegava tarde em casa e eu sempre tentei enfiar um pouco de juízo na cabeça de vento dela, mas não adiantava porque a minha mãe falava para ela que ela devia continuar, que a droga era como um remédio para mente e que ela poderia dar pros bandidos para conseguir mais e mais drogas.
Agente ja brigou muito, e, aliás, hoje tá bem pior porque a Luciana piorou dez vezes mais, agora ela não estuda mais e nem me ajuda com as compras do mês como de costume, o único a fazer dela hoje e esperar a noite chegar pra poder sair e dá, a ´´buceta´´ pros bandidos que trabalham na boca e eu continuo aqui na esperança de um dia conseguir tirar a minha irmã desse vício e sairmos daqui pra que ela não volte a usar, apesar de tudo ela é a minha única família e eu não quero perder- lá pras drogas.
Hoje era uma terça-feira e mais um dia de trabalho longo na lanchonete do seu Abel, sou muito grata a ele por ter-me dado esse emprego, as vezes ele até me dava as sobras de comida da lanchonete e eu agradecia muito por isso, pois as vezes não sobrava muito pra comprar comida pra dentro de casa.
Trabalhei o dia inteiro só imaginando quando eu iria chegar em casa pra deitar no meu colchão duro e fino, mas que era o meu único lugar de paz, limpei toda a lanchonete pro dia seguinte e fechei com a ajuda do seu Abel, depois disso sair pelo morro indo pra casa, acredito que já eram umas seis horas da tarde.
Passo pelas ruas vendo as crianças descalças brincando e sinto uma paz vendo elas ali, eu e a minha irmã sempre brincava na rua e esse foi o melhor tempo da minha vida pena que eu não imaginava senão teria aproveitado mais, mas bom vamos lá.
Chego em casa e abro a porta, a minha casa só tem dois quartos, uma sala com à cozinha e um banheiro minúsculo, mas nem por ela ser pequena a Luciana me ajuda a organizar, sim, ela não faz absolutamente nada aqui, só come se eu fizer comida e não lava uma colher se quer.
Entro na sala e não a vejo, a cozinha tá uma zona e o chão cheio de terra.
- Luciana - a chamo e ela não responde - Luciana você tá aí? - Grito, e do nada ela aparece na porta com os olhos vermelhos e fundos, ela parecia estar chorando porém muito drogada também.
- Poxa Luciana, eu trabalhei o dia inteiro e você não fez nada aqui cara, olha a situação dessa pia, será que custava você limpar as coisas que você mesmo suja.
Luciana: Eu ia limpar Lunna.
- A você ia?- sorri - você ia limpar quando? Quando eu chegasse do trabalho e eu mesma limpar? Você precisa fazer alguma coisa da vida Luciana, eu não vou viver a vida toda pra te sustentar não.- ela começou a chorar, entretanto, dessa vez a chorar muito, tipo soluçar em meio às lágrimas.
Luciana: Me perdoa irmã, eu juro que não queria - ela chora.
- Calma também não precisa isso tudo, você nunca muda mesmo.
Luciana: Não Lunna, você não tá entendendo eu não queria, você e boa demais e eu sou uma fodida- ela me abraça e eu contínuo sem entender essa mudança repentina dela até ouvir alguém bater na porta, bater não pelo visto tava chutando já.
- Quem pode ser uma hora dessas.- falei num suspiro de cansaço.
Luciana: São eles, eles vieram, não abre Lunna por favor me desculpa, me perdoa eu não queria- nessa hora eu já fiquei nervosa.
- Aí Luciana, o que foi que você fez dessa vez menina.
Luciana: Eu não tive escolha Lunna, eu não podia morrer - É quando ela disse isso eu já imaginei o pior e a pessoa continuava a bater na porta e eu fui abrir com a fé e a coragem.
- Olá!? - falo assim que abro a porta e vejo três homens, três bandidos, na verdade, um eu já conheço de vista era o Th subdono do morro dos prazeres, ele sempre anda pelo morro de moto, já o dono eu nunca vi, dizem que ele é o verdadeiro d***o.
Th: E aí mina, cadê a Luciana tá aí?
- Está sim, pode entrar - falo quase que num suspiro, acredito que eu nunca senti tanto medo como hoje, ele olha toda a casa numa única olhada.
Th: Tu achou mermo que ia se esconder da gente filha da puta
Luciana: Calma th agente vai encontrar uma solução. - Ele riu
Th: A única solução aqui e tu ir pra vala vagabunda do c*****o.
- O que a minha irmã fez dessa vez? - olho pra ele esperando uma resposta é com o coração na mão.
Th: Tu não foi nem mulher de falar pra a tua irmã o que tu fez?- fala e depois cospe no chão e eu olho pra Luciana esperando alguma resposta dela.
Luciana: Lunna por favor me desculpa, eu juro que não queria, mas eu não tive outra escolha, e eu não podia morrer.
- O que tu fez garota?- falo já sem paciência, mas ela não me responde.- O QUE TU FEZ LUCIANA?- ela continua queta.
Th: Ela te vendeu, te vendeu pro lobão
- pro dono do morro?- pergunto desçendo lágrimas pelos meus olhos.
Th: E Lunna né? aí Lunna pega algumas muda de roupa e vem comigo- disse frio.
- Não, por favor eu não fiz nada- começo a chorar e ele me olha com pena.
Th: Eu queria muito levar a filha da p**a da tua irmã, á dívida e dela e não tua mais infelizmente a Luciana te ofereçeu como p*******o, pega logo tuas coisas que eu tô com pressa, te espero lá fora.
- Quando a Luciana deve?- pergunto quase num sussurro.
Th: Quase 50 mil - tomo um susto quando ele diz, como ela pode fazer isso comigo, a minha própria irmã, saio dali indo pro meu quarto e sem olhar na cara dela, pego uma mochila pequena e coloco umas mudas de roupa, as que eu mais gostava, pego também o meu terço e a minha santinha que sempre me deu força pra nunca desistir.
Olho em volta do meu quarto e sinto um aperto enorme no coração, o que será de mim agora? vou sentir falta do meu colchão duro e fino, ele era o meu ponto de paz e só ele sabe quantas noites eu chorei com fome e com frio.
Saio do meu quarto voltando pra sala e lá estava ela, a minha irmã a minha única família, bom, até hoje né, ela me olha e chora não sei se é falsidade ou e de verdade mais nessa altura pouco me importa, nada no mundo justifica vender a própria irmã.
Luciana: Me perdoa- ela chora e eu não digo nada- Eu vou te tirar de lá.- no impulso levanto a mão e dou um tapa com toda a minha força no rosto dela, pra marcar os meus cinco dedos.
- Agente teria dado um jeito, agente era uma família mas hoje eu só quero que você se lasque Luciana
Luciana: Ele ia me matar Lunna- grita.
- É comigo ele vai fazer oque ?- Eu rir fraco
Luciana: No máximo vai te colocar pra trabalhar.
- Eu te odeio - saio dali com lágrimas nos olhos, meu coração doía, me lembrei dos meus pais...A Luciana era igual a minha mãe, nunca se importou com ninguém além dela mesma, saio dali indo lá pra fora em direção ao carro do th, alguns vizinhos estavam na rua olhando tudo mais ninguém dizia nada.
Entrei no banco de trás, e logo ele saiu subindo o morro, nunca subi o morro depois que cresçi, na real eu nunca tive tempo e dinheiro pra ir num baile, sempre foi da casa pro trabalho e do trabalho pra casa...
Quando ele parou o carro eu enchuguei as minhas lágrimas e sair do carro com a ajuda do th.
- O que vocês vão fazer comigo? - pergunto e ele nem me olha.
Th: Isso quem decide é o lobão, mais se quer um conselho não discorda do lobão, ele é temperamental e não aceita um não como resposta.- ele abre o portão da casa enorme, nunca tinha visto uma casa tão linda assim, a piscina era enorme, ele abre a porta de madeira gigante e entra e eu nem vou falar como é casa por dentro, mais e a coisa mais linda que eu já tinha visto.
Th: LOBÃO- ele grita - EU JÁ TROUXE A MENINA - sinto um medo enorme quando um homem vestido com um moletom preto aparece, ele era branquinho, tatuado e não era tão forte, mas era lindo igual o Mc Hariel.
Ele me olhou dos pés a cabeça mas não mostrou nenhum tipo de atitude, o olhar dele era frio e me dava arrepios.
Lobão: E a desgraçada da Luciana?
Th: Ficou no barraco dela, essa aqui e a irmã, preciso resolver umas coisas na boca vou deixar ela aí.
Lobão: Não sei aonde eu tava com a cabeça quando aceitei essa p**a como pagamento.- ele disse sem me olhar, mas não precisou nada disso pra que eu chorasse denovo.- Leva essa daí pro porão até eu resolver o que fazer.
Th: Pega leve com a mina Lobão- ele diz e me puxa, me leva pros fundos da casa e me faz desçer uma escada escura, o cheiro era horrível e dava pra se ouvir os barulhos dos ratos, ele me leva até um quarto e me joga lá dentro sem dizer nada.
Olho em volta e vejo uma pequena janela no alto da parede, a única coisa que ilumina aquele lugar escuro, as paredes eram de bloco e sem reboco, a porta do quarto era de ferro como um calabouços dos filmes, o chão era no cimento grosso, úmido e frio como se a água passasse por ali, no canto do quarto tinha um banheiro velho, com um vaso imundo e um chuveiro quebrado.
Do lado havia uma pequena cômoda velha, tirei o meu terço, e a minha santinha e coloquei em cima da mesma, me ajoelhei naquele chão cascudo e começei a pedir misericórdia pela minha vida, não me deixe morrer nas mãos desses bandidos minha santinha, e que nosso senhor possa iluminar o coração da minha irmã pra que ela possa mudar de vida, apesar de tudo eu não quero ver ela se acabar nas drogas sozinha.
Me sento na cama que havia ali e percebo que a cama era mais dura que a minha, parecia que tinha pedras ao invés de espuma, olhei ao redor e não havia nada pra esquentar do frio, me encolhi ali e comecei a chorar e implorar pra que tudo aquilo fosse só um pesadelo e que amanhã eu acordasse na minha cama dura e o meu barraco com goteiras.
.....
Acho que pelo cansaço acabei dormindo, mas acordo no susto com o barulho da porta de ferro se abrindo, meu coração palpita de medo do que pode está atrás daquela porta, e sim era ele, os olhos dele estavam vermelhos igual os da Luciana quando ela tá drogada, o semblante dele e de raiva e aquilo me assustava.
Lobão: Tira a roupa vagabunda- ele diz seco e eu me arrepio, como assim tirar a roupa, aí não eu não quero isso, eu sou virgem e vou ter a minha primeira vez sendo estuprada por um bandido.- TÁ SURDA?- ele diz e eu me tremo, e começo a tirar a roupa chorando muito.
- Por favor...Não faz isso - digo e sinto meu rosto arder.
Lobão: Cala essa boca por que quem manda em você sou eu, fica de quatro pra mim - faço o que ele mandou mesmo não querendo, é sinto ele entrar dentro de mim sem aviso prévio, a dor de está sendo rasgada contra a minha vontade é imensa, a cada gemido que ele dava era uma lágrima que desçia pelo meu rosto, tava doendo muito, mas o que mais doía era a minha alma por saber que a minha vida tinha acabado ali, e que a minha pureza tinha ido junto à ela, e depois dele se saciar ele tirou o "documento" dele de dentro de mim e fechou o zíper.
Lobão: Tu não presta pra nada, nem pra gemer tu presta, amanhã eu volto e espero que tu melhore se não quiser morrer - ele diz e sai dali fechando a porta, olho pra cama e vejo que ela tava cheia de sangue, começo a chorar denovo e me encolho no canto da parede.
" Meu Deus o que eu fiz pra merecer isso, por favor me dê força meu pai "
Eu tava me sentindo suja e usada, não foi assim que eu pretendia ter a minha primeira vez, eu sempre quis viver um namoro certo, onde essas coisas só acontecem depois do casamento, naquela hora eu só sabia chorar e pedir perdão a Deus.
Me deito na cama mesmo suja de sangue e me encolho por causa do frio, me lembrando do que ele tinha dito...
" Tu não presta pra nada, nem pra gemer tu presta, amanhã eu volto e espero que tu melhore se não quiser morrer"