Capítulo 02

1021 Words
Narrativa: GB Desde que meu foi morto no asfalto eu e meu irmão, TH, nos viramos, nos desdobramos, para comandar o complexo da maneira mais suave que existe. Não tem sido uma caminhada suave, encontramos muitos pela saco pelo caminho, gente querendo atrasar nunca falta não é mesmo? Mas passamos por cima, e até ontem, ninguém foi bom o suficiente para nos tirar daqui. Além de toda a preocupação com a minha comunidade, ainda tenho toda a amolação de ter uma irmã mais nova teimosa pra p***a. Depois de muita discussão, muita gritaria, a Bruna passou por cima de mim e do TH como sempre e está fazendo faculdade no asfalto. É como meu pai sempre dizia, da porta pra fora de casa a gente é impiedoso e mandamos em geral, mas da porta pra dentro quem manda é a Bruna. Sem neurose, a mina é osso duro de roer. Inclusive, por encheção de saco dela na minha cabeça que estou aqui cheio de bagulho pra resolver, mas vou ter que parar tudo para receber duas jornalistas que querem fazer uma reportagem aqui. Se eu e o TH queríamos isso? Óbvio que não! Mas a Bruna ficou de falazada até convencer a gente que os moradores precisam ter voz e blá blá blá. Na real, acho que aceitei essa reunião só para ela parar de falar na minha cabeça. Um dos vapores que faz a contenção da favela passou o rádio avisando que elas haviam chegado e o TH desceu pra buscar, não quero surpresa muito menos gracinha em plena segunda feira. Enquanto ele desceu eu fui no w******p, passei por algumas conversas de mulheres, e então a porta se abriu e a Bruna entrou. - Você tá fazendo o que aqui Bruna? - disse bloqueando o celular e a encarando. Bruna: Eu vim para a reunião Gabriel, ou você achou que eu iria deixar você resolver isso sozinho? - disse sentando na cadeira ao meu lado. Bufei mas resolvi não discutir, passou cinco minutos e o TH entrou acompanhado de duas mulheres. A primeira era uma ruiva, muito bonita e simpática, mas a segunda chamou minha atenção. O olhar dela era mais tímido, ela tentava aparentar tranquilidade mas eu percebia que ela não estava tão a v*****e assim, além é claro de ter uma beleza f**a. Ela me encarou por alguns segundos mais rapidamente desviou o olhar.  Bruna: Boa tarde meninas, eu sou a Bruna. - a simpática da família já começou. As duas sorriram.  Mariana: Eu sou a Mariana e essa é a Melissa. - a ruiva disse sentando na cadeira na nossa frente.  Melissa: Prazer. - disse sorrindo.  Bruna: O miss simpatia aqui é o GB e o outro esfomeado é o TH. TH: Qual foi Bruna tá tirando? Eu não almocei ainda. - disse devorando um salgadinho.  - E então, vou ser bem sincerão pra tu, essa ideia de ter jornalista no morro não me agrada muito não. Mas resolvi escutar o que vocês tem a dizer. - disse me ajeitando na cadeira.  Mariana: Então GB né? - eu assenti. - A nossa proposta é dar voz aos moradores, mostrar a realidade mesmo do que acontece aqui, na real, sem enfeitar muito.  Melissa: Na verdade, quando a grande maioria das pessoas houve sobre qualquer comunidade do Rio de Janeiro logo já pensa em invasão, tiroteio, morte, etc etc. E bom, eu não sou daqui, não tenho propriedade para dizer como é viver em uma comunidade, mas tenho certeza que vocês não vivem só em guerra não é mesmo? Eu acho que é essa outra parte que deve ser mostrada, que existe o lado negativo em se morar em um lugar que vive em conflito mas também o sentimento de pertencimento que os moradores tem aqui. - ela acabou de falar e meu olhar estava fixo na boca dela, era de se impressionar a forma como ela falava, parecia muito entendida e inteligente, me desnorteou não posso negar. Eu fiquei sem palavras, isso aconteceu poucas vezes na vida. TH: Aí a morena passou a ideia legal. - TH disse impressionado com a fala dela.  Bruna: Eu amei Mel! Posso te chamar assim? - ela assentiu com a cabeça rindo. - Ai que bom! Sério é isso que eu te falei GB, a gente precisa ter voz no asfalto, as pessoas de fora precisam saber que nós não somos bicho, somos tanto quanto eles.  Mariana: Com certeza Bruna! E é isso que queremos fazer. - ela disse sorrindo.  - E como isso funcionaria? Tem muita coisa que rola aqui dentro que também n******e ser gritada aos quatro ventos, principalmente pela nossa segurança. Mariana: Claro, não queremos prejudicar vocês em nenhuma circunstância. Todo nosso conteúdo, todas as nossas matérias só serão publicadas depois que vocês derem a aprovação.  - Massa. - disse ascendendo um cigarro e as duas se entreolharam.  Melissa: Massa quer dizer que você aceita? - ela disse arqueando a sobrancelha, o que deixou ela ainda mais linda e me fez dar um sorriso de lado.  - É.  As duas abriram um sorriso enorme e a Bruna também claro, minha irmã sempre "lutou" por essa causa de mudar a imagem que o pessoal do asfalto tem sobre os moradores da comunidade. Pra mim isso nunca me importou, até porque eu sou todo errado mesmo, mas sei lá, pra ela que sempre está no asfalto acho que isso tem um peso maior.  TH: Aí, e como vai rolar isso?  Mariana: Se vocês estiverem de acordo, podemos visitar alguns lugares, conversar com os moradores, participar de alguns eventos...  - E seria só vocês duas?  Mariana: A princípio sim, temos que conhecer o local primeiro para planejar toda a matéria.  - E quando vocês começam esse bagulho aí?  Mariana: Se tiver tranquilo pra você, amanhã.  - Suave então. Vou liberar a entrada das duas na favela.  Se eu estava cem por cento seguro dessa decisão? p***a nenhuma! Mas algo dentro de mim pediu para que eu aceitasse essa ideia, sem contar que eu zelo demais pelos moradores, e se for algo que vai acrescentar pra eles, vale a pena tentar. 
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