A ESPOSA DO CONSIGLIERE

CAPÍTULO 5 (VINCENZO FIZTERRA)

— É uma desonra para nós que não tenhamos nenhuma de nossas filhas casada com algum sangue importante da mafia.

São moças decentes, de bom sangue e de famiglias importantes. Foram criadas e educadas para servir, serem boas esposas e ótimas provedoras de herdeiros — contextualizou Marco.

Era óbvio que o desgraçado pensaria nisso, ele tinha uma filha que beirava à idade de se casar. Elisa deveria ter uns vinte anos. Era muito conveniente que Marco tenha esperado todo esse tempo para oferecer tal acordo de paz dentro da máfia.

Logan tamborilou os dedos na mesa longa de mogno e franziu levemente o nariz.

— Quer que eu obrigue o Vincenzo a se casar com Elisa? — questionou, cheio de sarcasmo.

Marco fez um sinal de desdém com a mão.

— Não com Elisa, mas com alguma mulher de sua preferência, embora eu tenha, sim, predileções quanto a minha filha ser a escolhida — afirmou.

— A maioria de nós possui garotas com idade adequada para se casarem e, como eu disse, todas elas são moças decentes que foram educadas para servi-los. Além do mais, temos a certeza de que irão passar no teste de castidade.

— Deixa eu ver se entendi bem. Você vem até aqui cuspir essas merdas e quer me obrigar a casar com alguma das suas filhas puritanas?

— Eu ri, balançando a cabeça.

— Quanta inconveniência, Marco, mas vou adorar matá-lo. Será um enorme prazer.

Eu já estava sem paciência com esses velhos impertinentes. Logan tinha matado Matias, então nada mais justo que eu também pudesse sujar as minhas mãos exterminando qualquer outro que fosse.

Marco grunhiu.

Ele me odiava, era um fato, mas não era corajoso o suficiente para me desafiar. Afinal de contas, ser o maldito psicopata da máfia tinha as suas vantagens. Eu gostava de me vangloriar com o sangue dos inimigos, sujar as roupas e manchar a minha pele. E isso deixava as pessoas tão enojadas quanto amedrontadas.

— Não sou eu que estou impondo, mas todo o conselho de Caporegimes. Estamos infelizes com os atuais eventos e queremos agregar forças e unificar a máfia, reforçando as nossas alianças.

Quanta baboseira.

Entramos na máfia jurados pelo sangue e só sairíamos dela mortos. Não havia outra maneira e nem outro caminho para homens como nós.

— Se bem me lembro, Marco, a morte é o castigo para aqueles que traem a famiglia — comentou Aurio, manifestando-se pela primeira vez desde que a reunião começou.

— Ninguém aqui falou em traição, Aurio

. Estamos falando em resgatar nossas alianças e enviar uma resposta para Trevex. Ele ganha forças e espaço em nosso território a cada dia que passa.

Precisamos reagir — contestou Gustavo.

Logan suspirou e esfregou as pontas dos dedos nas têmporas.

— E acha que casando meu Consigliere com alguma das filhas de vocês será a solução?

— Objetou.

Eles ficaram em silêncio, entreolhando-se e ponderando.

— Não completamente, mas já é uma resposta para Trevex — disse Marco, por fim.

Aurio arqueou uma sobrancelha para mim e correu os olhos a Logan, apontando silenciosamente. Girei a cabeça na direção dele e percebi que estava pensativo demais para alguém que deveria achar a ideia absurda.

Engoli em seco.

Isso não parecia ser nada bom.

— Já eu acho que nada será resolvido com um casamento.

Existem outros meios — afirmei.

Marco riu.

— Diz isso porque foi você o culpado, o causador dos nossos problemas — acusou.

Mas que velho filho da p**a. Ele queria me arrastar direto para a forca?

Olhei para Logan de novo e um tremor atravessou o meu corpo quando notei que seus olhos estavam fincados em mim. Isso parecia ser péssimo.

Resfoleguei e puxei o nó da gravata para baixo.

Restava apenas a mim para assumir o compromisso, o desgraçado psicopata que se ocupava torturando as pessoas. Eu gostava de sexo e adorava f*der mulheres, mas meu interesse por sangue era relativamente maior.

P*ta merda!

E se eu mentisse sobre ter me apaixonado por alguém? Logan poderia ser um desgraçado insano, mas ele ainda era o meu amigo e levaria os meus sentimentos em questão.

— Aurio?

— indagou ele, tamborilando os dedos na mesa em um ritmo constante e irritante.

Ele inclinou sobre a cadeira de Logan, agarrando o topo do encosto, e comprimi os lábios em um esgar.

— Acho que seria uma boa solução. Trevex veria isso como um desafio e consideraria seus próximos passos antes de destilar ataques ao nosso território sem pensar.