A sala estava silenciosa, exceto pelo som dos passos abafados dos agentes enquanto recolhiam o corpo de Stacy, minha querida babá. Ela tinha sido uma presença constante na vida dos meus filhos, Cassian, Dorian e Kane, desde que eles nasceram, cuidando deles com carinho e devoção. Agora, seu corpo estava sendo levado, vítima de uma tragédia que ainda não conseguia compreender por completo.
Sentada no sofá, meus olhos seguiam os movimentos dos agentes funerários com um vazio na alma. A dor era avassaladora, mas eu precisava manter a compostura. O oficial Andrew Moore estava à minha frente, fazendo perguntas que eu lutava para responder.
A sala da minha casa estava mergulhada na tristeza enquanto observava os agentes funerários recolherem o corpo sem vida de Stacy, nossa amada babá. A sensação de desamparo pesava sobre meus ombros, e o brilho triste da luz da manhã invadia o cômodo, fazendo com que cada detalhe se destacasse nitidamente. Meu coração doía, e a culpa me corroía por não ter sido capaz de evitar aquela tragédia.
O oficial Andrew Moore estava diante de mim, um homem de expressão séria e olhos perscrutadores, fazendo perguntas que eu desejava não ter que responder. Stacy era uma pessoa maravilhosa, alguém que se tornara parte da nossa família ao longo dos anos, e pensar que alguém pudesse machucá-la de tal maneira era difícil de acreditar.
Ele começou a questionar se Stacy possuía algum relacionamento romântico ou se havia tido alguma briga com alguém nos dias anteriores à sua morte. Minha mente automaticamente passou por todas as vezes que conversamos, tentando encontrar algum sinal de que ela estivesse enfrentando problemas pessoais que não compartilhara conosco. No entanto, eu não conseguia pensar em nada.
Sacudi a cabeça com tristeza. "Não, oficial Moore, Stacy sempre foi uma pessoa amável e querida por todos. Não acredito que alguém pudesse machucá-la."
O policial Moore prosseguiu, olhando-me com seriedade. "E quanto a você, Sra. Silver, existe alguém que possa tê-la como inimiga na vizinhança? Alguma disputa recente ou desentendimento que você saiba?"
Refleti por um momento, pensando em meus vizinhos e nos relacionamentos na comunidade. "Não, oficial, nós mantemos boas relações com todos na vizinhança. Não consigo pensar em ninguém que possa ter algo contra nós."
Os olhos do policial estreitaram-se levemente quando a próxima pergunta surgiu. "E quanto ao pai dos trigêmeos? Ele está envolvido na vida das crianças? Ele poderia estar ligado a isso de alguma forma?"
Meus olhos desviaram-se para o chão enquanto minha mente vagou até o nome de Hunter, um nome que me fazia reviver lembranças dolorosas. Por muito tempo, Hunter fora minha paixão proibida, o pai dos meus filhos. Ele era um segredo que eu mantinha escondido, mesmo de Stacy.
Senti um nó se formar em minha garganta, mas minha resposta foi firme. "Meus filhos não têm um pai, oficial Moore. Eu cuido deles sozinha."
Moore franziu a testa, claramente intrigado. "Então, você optou por fertilização in vitro ou algo do tipo?"
Suspirei, sentindo o peso da mentira sobre meus ombros. "Algo assim, sim."
O oficial assentiu, fazendo mais algumas anotações em sua caderneta. Ele parecia compreender que nossa situação era complicada e delicada.
"Entendo", ele disse, então perguntou: "Você tem alguma ideia de por onde podemos começar a investigação, ou se há alguém que possa ter interesse em levar suas crianças?"
Olhei nos olhos do policial, sentindo a urgência pulsar dentro de mim. "Eu não sei, oficial Moore. Eu só quero eles de volta. Daqui a dois dias, meus filhos completarão seis anos, e tudo o que quero é tê-los de volta. Há esperança, certo?"
O policial Moore fez algumas anotações em seu bloco de notas antes de olhar para mim com compaixão. "Nossa investigação está apenas começando, Sra. Silver. Até o momento, não há sinais de violência além do ocorrido com a Sra. Stacy. Vamos trabalhar com calma e precisão para descobrir o que aconteceu."
Minha mente girava enquanto as palavras dele ecoavam em meus ouvidos. Tudo estava acontecendo rápido demais, e minha ansiedade só aumentava à medida que os minutos passavam. Eu m*l conseguia acreditar que, em apenas dois dias, meus filhos completariam seis anos. Seus aniversários sempre foram um motivo de celebração e alegria, mas agora, eles estavam desaparecidos, e meu coração estava partido.
"Preciso encontrá-los, oficial Moore", murmurei, as lágrimas surgindo novamente em meus olhos. "Eles são tudo o que tenho, e eu não posso perdê-los. Há alguma esperança de que os encontremos a salvo?"
A resposta do oficial Moore foi ponderada, seus olhos expressando uma sinceridade que eu ansiava ouvir. "Vamos fazer o possível, Sra. Silver. Vamos investigar com calma, mas é importante não criar expectativas muito altas neste momento. Vamos encontrar seus filhos e levar justiça a quem fez isso. Conte com a polícia e, se souber de algo, por favor, não hesite em nos informar."
Suas palavras caíram como um peso em meu coração. Eu não podia imaginar uma vida sem meus filhos, sem o riso e a alegria que eles traziam para minha existência. Mas eu sabia que a realidade estava se impondo, e as incertezas pairavam no ar, envolvendo meu coração em trevas.
Com um suspiro profundo, olhei para a foto dos meus filhos na mesa de centro, prometendo a mim mesma que faria qualquer coisa para tê-los de volta em meus braços e que enfrentaria o desconhecido com a determinação de uma mãe que nunca desistiria.
***
***
Após a partida do oficial Andrew Moore e dos outros agentes, a casa silenciou, mas a tensão que pairava no ar parecia nunca ter ido embora. Stacy, a babá que havia se tornado uma parte querida de nossas vidas, agora estava morta, e meus filhos estavam desaparecidos. A incerteza do que havia acontecido com eles me atormentava, deixando um vazio profundo em meu peito.
Eu sabia que a investigação estava em andamento, mas eu não podia simplesmente esperar. Não podia ficar de braços cruzados enquanto meus filhos estavam em perigo. Havia algo dentro de mim, uma fera que estava adormecida há muito tempo, algo que eu havia reprimido desde o nascimento dos trigêmeos. Era a minha natureza de lobisomem, e eu precisava despertá-la.
Decidi fazer algo que não fazia há seis anos. Eu me transformaria em minha forma de loba para buscar meus filhos. Era uma habilidade que não usava há seis anos, desde que os trigêmeos nasceram, e eu havia mantido minha natureza sob controle durante todo esse tempo para protegê-los. ,
Fui para o centro da sala, onde a Lua Azul ainda brilhava através das janelas, lançando uma luz etérea sobre o ambiente. Eu sabia que essa transformação não era fácil, especialmente depois de tanto tempo sem usá-la, mas era a única maneira de me aproximar de meus filhos.
Fechei os olhos, buscando me conectar com minha loba interior, aquele ser selvagem que era parte de mim. A concentração era essencial.
Os primeiros momentos foram estranhos e incertos, como se estivesse tateando no escuro. Eu me concentrei em lembranças, lembranças de quando me transformei pela última vez, quando deixei a minha alcateia e vim para Seattle. Lembrei-me da sensação de meus ossos se alongando, dos músculos se enrijecendo, da pele se transformando em pêlo, e da fúria incontrolável que vinha com a transformação.
Respirei fundo, buscando encontrar a fera dentro de mim, mas algo estava errado. Minha pele não arrepiou, minhas unhas não se alongaram, e minhas presas não surgiram.
Normalmente, a sensação de transformação começaria a se apoderar de mim, as garras surgiriam, os sentidos se aguçariam, e eu me sentiria uma com minha loba. Mas nada disso estava acontecendo.
"Loba," sussurrei, como se estivesse chamando uma velha amiga. "É hora de despertar."
Minha mente não se conectava com a força primal que eu conhecia desde a infância. Ela simplesmente não estava lá. O desespero começou a crescer dentro de mim.
"Vamos, Fierce," sussurrei para mim mesma, tentando encontrar aquela parte escondida de minha alma. "Você precisa fazer isso. Seus filhos precisam de você."
Tentei mais uma vez, fechando os olhos e buscando as profundezas escuras de minha essência. Durante anos, eu sempre soube como invocar minha natureza lupina, como canalizar a fúria e a força que ela representava.
"O que diabos está acontecendo comigo?" sussurrei para mim mesma, sentindo um vazio profundo e escuro no âmago de minha alma. Tentei mais uma vez, mas a sensação de vazio persistiu.
A transformação deveria ser um ato natural, uma extensão de quem eu era como lobisomem. Eu nunca tinha encontrado problemas em me transformar antes, mesmo quando não era necessário. Mas naquele momento, quando precisava mais do que nunca da força e dos instintos de minha loba, eles me escapavam.
"Por que você não está respondendo?" sussurrei, agora com lágrimas nos olhos. Minha loba, que sempre foi minha força, parecia ter me abandonado em um momento em que eu mais precisava dela.
Eu continuei tentando, lutando contra o medo que começava a se infiltrar em mim. Eu me esforçava para invocar a parte mais primitiva de minha natureza, mas nada acontecia. As lágrimas se acumularam em meus olhos, e eu sussurrei para mim mesma, como se minhas próprias palavras pudessem trazer minha loba de volta.
"Onde você está? O que aconteceu com você?"
Minha voz ecoou na sala vazia, sem resposta. A sensação de desamparo me envolveu, e eu me senti mais vulnerável do que nunca. Minha loba interior sempre fora uma parte fundamental de quem eu era, e sua ausência me deixou com um vazio inexplicável.
Mas era como se minha loba interior tivesse desaparecido, como se ela tivesse sido apagada. O medo começou a se insinuar em minha mente. O que havia acontecido comigo?
Eu sabia que minha transformação era um ato de desespero, uma tentativa de encontrar meus filhos, mas agora estava diante de um bloqueio inexplicável. A frustração se misturou ao medo, e eu me senti impotente. Minha habilidade mais fundamental como lobisomem, minha conexão com minha natureza selvagem, havia desaparecido. E, neste momento, eu estava sozinha e vulnerável, sem saber como proteger meus filhos ou como encontrá-los.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto eu olhava para o vazio. O mundo lá fora continuava a se mover, indiferente à minha dor. O que eu faria agora? Como eu encontraria meus filhos sem a força que minha forma de loba me proporcionava?
Com um suspiro pesaroso, eu me levantei do chão e me dirigi à janela. A Lua Azul ainda brilhava no céu noturno, mas sua luz não me trazia a mesma sensação de poder e conforto que costumava. Olhei para a floresta que cercava minha casa, um lugar que sempre foi o meu refúgio, e agora senti uma estranha distância entre mim e o mundo que eu conhecia.