As Regras de Marcos : Redenção

A Estratégia de Bruna

A cada segundo que passava, Marcos sentia uma necessidade crescente de se afastar. O olhar suplicante de Bruna parecia pressioná-lo, deixando-o à beira de uma crise de ansiedade. Ele lutava para manter a compostura, mas por dentro, sentia-se como se estivesse à beira de um colapso emocional.

Com um sorriso forçado que não chegava aos seus olhos, Marcos sugeriu:

"Preciso checar algumas coisas no escritório. Por que você não passa o dia vendo televisão? Praia e piscina com essa chuva são impossíveis."

Sem esperar por uma resposta de Bruna, ele se virou e saiu, dirigindo-se ao escritório no andar de baixo. Era a primeira vez que Marcos se dedicava ao trabalho desde que ele e Bruna chegaram à ilha, mas ele sentia que precisava se ocupar com algo, caso contrário, temia que explodisse sob o peso das emoções que o consumiam.

Ao entrar no escritório, Marcos fechou a porta atrás de si, deixando claro que não queria ser incomodado. Ele suspirou profundamente, passando as mãos pelos cabelos em sinal de frustração. Ele conhecia Bruna bem o suficiente para saber que, naquele momento, ela provavelmente estava tecendo planos para convencê-lo a ser pai.

Enquanto se sentava à sua mesa, Marcos tentava focar em seu trabalho, mas sua mente continuava voltando para Bruna e para a conversa difícil que tiveram mais cedo. Ele sabia que teriam que resolver essa questão mais cedo ou mais tarde, mas por enquanto, ele precisava de espaço para respirar e tentar entender seus próprios sentimentos.

Enquanto observava Marcos se afastar, Bruna sentia uma mistura avassaladora de emoções. No fundo, ela queria correr atrás dele, tentar conversar, resolver as coisas de uma vez por todas. Mas, ao mesmo tempo, ela conhecia Marcos o suficiente para saber que ele já havia erguido suas barreiras emocionais, e pressioná-lo agora só levaria a mais conflito e distância.

Mais uma vez, Bruna se pegou questionando se deveria ceder. As vezes que Marcos havia dito que não queria ser pai ecoavam em sua mente, incluindo uma conversa séria que tiveram em sua casa em Nova York, quando Marcos perguntou se ela tinha certeza de que não queria ser mãe, e ela respondeu que somente Marcos bastava para ela.

Parada diante da janela, Bruna refletia sobre o que havia mudado desde então. Mas ao pensar mais profundamente, ela percebeu que, no fundo, sempre acreditara que poderia fazer Marcos mudar de ideia. Por isso, não havia dado muita importância para isso antes. No entanto, havia uma coisa que não mudara: Bruna era incapaz de deixar Marcos. Ele era o amor de sua vida, sua razão de viver. E só faria sentido para ela ser mãe se Marcos fosse o pai.

Essa realidade a atingiu com força, fazendo-a perceber a gravidade da situação em que se encontravam. Enquanto contemplava o horizonte pela janela, Bruna se viu enfrentando um dilema angustiante. Ela sabia que precisavam resolver seus problemas, mas não sabia por onde começar. E o medo de perder Marcos era um peso insuportável em seu coração, uma sombra que pairava sobre ela constantemente.

Enquanto observava a tempestade rugindo do lado de fora e as ondas quebrando com força na praia, Bruna sentiu uma determinação crescente dentro dela. Ela percebeu que não precisava abrir mão de nada: nem de Marcos, o amor de sua vida, nem do sonho de ser mãe. Afinal, por que teria que escolher entre eles? Por que não poderia ter ambos?

Com essa certeza, Bruna decidiu esperar o momento oportuno. Ela planejava deixar Marcos pensar que ela desistira, baixar a guarda, e então ela voltaria com a ideia de ter filhos. E se tudo mais falhasse, se Marcos não aceitasse de jeito nenhum, ela tinha um plano B: engravidar por "acidente". Ela tinha certeza de que Marcos não renegaria um filho, mesmo que fosse resultado de uma situação inesperada.

Com esse plano traçado, Bruna caminhou determinada para a cozinha. Ela decidiu fazer um almoço gostoso para os dois e, em seguida, reestabelecer a paz em seu relacionamento. Ao passar pela porta do escritório fechada, uma voz chata em sua mente alertou que manipular Marcos não era uma boa ideia. Mas Bruna decidiu ignorar essa voz. Ela estava determinada a lutar por seus sonhos, que incluíam uma família ao lado de Marcos.

Enquanto preparava o almoço, Bruna sentia uma mistura de ansiedade e esperança. Ela sabia que o caminho à frente não seria fácil, mas estava disposta a enfrentar qualquer obstáculo para alcançar o que desejava. Porque, para ela, não havia nada mais importante do que construir um futuro ao lado da pessoa que amava, mesmo que isso significasse enfrentar desafios e tomar decisões difíceis ao longo do caminho.

Enquanto estava no escritório, por mais que tentasse se concentrar nos inúmeros documentos e e-mails que tinha para responder, Marcos estava plenamente consciente da movimentação de Bruna pela casa. Ele se perguntava qual seria a estratégia adotada por ela para lidar com a situação que os envolvia, e quando ouviu uma batida na porta, soube que estava prestes a descobrir.

"Entre", ele disse, sua voz revelando um leve tom de expectativa.

Bruna entrou no escritório com um sorriso no rosto. "Garotão, já está aí há horas. Vamos comer?", ela disse, seu tom casual escondendo a ansiedade que estava sentindo.

Marcos olhou para o relógio em sua mesa e se deu conta de que realmente fazia tempo que estava ali. Levantando-se, ele respondeu:

"Meu anjo, desculpa, não me dei conta da hora."

Juntos, eles foram até a mesa de jantar. Marcos observou que Bruna preparara uma de suas massas preferidas. Ele se perguntou se esse seria o método dela para fingir que nada havia acontecido.

Enquanto se sentavam à mesa, Marcos tentou ler as expressões de Bruna em busca de pistas sobre seus verdadeiros sentimentos. Ela parecia calma e tranquila, como se nada estivesse errado. Ele se perguntou se ela estava apenas fingindo ou se realmente havia decidido deixar o assunto de lado por enquanto.

Durante o almoço, eles conversaram sobre coisas triviais, evitando tocar em assuntos delicados. Bruna parecia empenhada em manter um clima leve e descontraído, e Marcos decidiu seguir seu exemplo. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, teriam que enfrentar suas questões de frente, mas por enquanto, ele estava disposto a aproveitar a paz temporária que Bruna havia trazido para o ambiente.