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645 Words
Devo dizer que não sou a pessoa mais fã de casamento que existe, mas o casamento de Gustav foi bastante emocionante e diferente de todos os casamentos que eu já assisti. O amor era palpável a todo momento durante a cerimônia e dois fizeram discursos emocionantes e falaram sobre os seus sentimentos para com o outro. Foi a primeira vez que não me senti incomodado em um casamento, para ser sincero. Os casamentos feitos na máfia não tem nada além de uma grande conta bancária e um sobrenome poderoso no meio. Decadente de assistir. Bella chorou a cerimonia inteira emocionada e eu me mantive quieto ao seu lado. Encará-la depois de notar as diferenças entre ela e Dávila e do seu flerte descarado comigo foi um tanto difícil, mas eu consegui. Foi a primeira vez que uma mulher me deixou sem jeito em toda a minha vida. Felizmente, nos separamos depois da cerimonia e fotos. A sua presença me causa alguns calafrios, não sei por que. Minha vida ao lado dela é cheia de porquês. Estou num ponto afastado da festa degustando um whisky e pensando na vida. – Está se escondendo por acaso? – Dou um pulo ao ver Bella sair do meio dos arbustos e aparecer subitamente. Sua voz me assustou muito, como não a ouvi chegar? – O que acha? – Digo esperando que ela se toque e vá embora. – Por que não está aproveitando a festa? – Não sou o maior fã de interação social. – Digo esperando que ela pegue a dica, mas ela me ignora novamente. – Por que? – Não interessa. – Você não gosta de falar. – Não foi uma pergunta e sim uma afirmação. – Acertou em cheio. – Pelo menos ela acertou essa. – Bom, ser uma pessoa calada não significa que você não tem nada a dizer e sim que você tem muito a dizer, mas prefere ficar em silêncio. – Arqueio a sobrancelha para ela e continuo em silêncio. Isso sempre funciona comigo, as pessoas não sabem reagir ao silêncio e preferem ir embora sempre que eu faço isso. Para a minha surpresa, Bella senta-se ao meu lado e começa a observar ao redor. Nenhuma palavra é dita e tudo que se ouve é a interação social que está acontecendo ali perto pelas pessoas da festa. Pela primeira vez, alguém não se incomoda com o meu silêncio e isso para mim é inusitado. – Não está incomodada com o silêncio? – Pergunto subitamente. – Não, por que estaria? – Porque não estaria? – Há muitas coisas que fazemos melhor em silêncio, eu aprendi isso muito jovem. Se você não gosta de falar, para quê vou ficar te pressionando? – Bom, ela tem um bom ponto. Ficamos assim ainda algum tempo até o tempo esfriar e ela se despedir e ir embora. Eu a observei de longe até que ela sumisse. A sua existência é um enigma para mim, eu continuo a não gostar dela, mas reconheço que ela é sensata. Não pude deixar de associar a sua aparência a da sua irmã, assim como a sua personalidade. A forma como ela falou comigo hoje foi um choque para mim, a irmã dela nunca teria sido tão compreensiva ou teria dito palavras tão coerentes para mim. Felizmente não nos veremos tão cedo, então não preciso me preocupar em ficar desconfortável em sua presença novamente pois a probabilidade de que nos encontremos novamente é de uma em mil já que eu raramente vou a Itália. – Bella Ricciáceo, você é bem diferente da sua irmã pelo que vi até agora. Mas mesmo assim eu prefiro manter distância de você e da sua família para o bem da minha saúde mental. Eu já experimentei isso antes e não pretendo cometer esse erro novamente. Mal sabia eu que a probabilidade baixaria tanto em tão pouco tempo.
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