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1027 Words
Minha mãe está estática no lugar, ela estava de pé e acabou se sentando devido ao choque. – Estou imaginando coisas? Estou com tanta vontade assim de ver o meu filho que estou vendo ele ao olhar para os outros? Me diga Giani, estou vendo coisas? – Ela olha para o meu pai pegando em sua mão. – Não está imaginando coisas, ele está aqui mesmo querida. É o nosso menino. – Meu pai diz sorrindo de forma emocionada. Não sei o que fazer além de ficar aqui parado. – Landon, meu filho? É você mesmo? – Ela se levanta e caminha até onde eu estou olhando de cima abaixo. – Oi mãe. Senti saudade. – Digo sorrindo em beira as lágrimas e ela finalmente cai em si e me abraça. Agora sou muito mais alto que ela e meu pai, isso mostra como o tempo passou rápido. – Meu filho. É o meu filho. – Ela se afasta sorrindo e põe a mão no meu quadril. – Isso é uma arma querido? Achei que você não fosse seguir esse caminho. Eu retiro a arma da cintura e mostro aos dois, meu pai fica tão surpreso quanto ela. Retiro canivetes, facas e outras coisas escondidas em meu corpo e coloco na mesa de centro. – Eu sei o que disse mãe, mas eu subestimei a mim mesmo quando disse isso. Sou outra pessoa agora. Tudo que eu precisava era de alguém que acreditasse em mim, eu ainda sou muito bom com computadores, mas também domino luta e armas. Claro que não sou como Gustav ou Landon, mas também sou muito bom. Eu volto a colocar as armas em seus devidos lugares enquanto falo. – Eu te amaria mesmo assim, você sabe disso já que eu sempre disse. – Minha mãe diz passando a mão pelos meus braços e rosto como se admirasse uma peça exclusiva que foi esculpida. – Sim, você não precisava ter ido embora por causa disso. Nós lemos a sua carta e respeitamos a sua escolha por todos esses anos, mas não entendemos. – Isso não importa agora então não vamos pensar nisso hoje. Sinto o cheiro de Fettuccine desde a entrada, mãe. – Ainda é seu prato preferido? Estou tão feliz de vê-lo, meu filho. Se eu soubesse teria feito uma festa. – Minha mãe pergunta sorrindo e depois vira para o meu pai com a cara feia. – Sua comida sempre será meu prato preferido. Sobre a festa, eu previ isso e pedi ao meu pai que não contasse. Isso não mudou nem um pouco em mim, eu ainda não gosto de festas nem um pouco. O jantar foi muito diferente do que imaginei que seria, achei que eu não teria fome e me sentiria estranho o tempo inteiro, porém, foi como se eu nunca tivesse ido embora. Comemos conversando e meu pai me atualizou de tudo, quem casou e quem morreu enquanto a minha mãe perguntou se eu estava namorando alguém. – Não estou namorando, mãe. Não tenho tempo para isso. – Digo para desconversar. – Bom, então arranje. Quero netos, estou ficando velha. – Mãe, está cedo. Depois dos trinta quem sabe. – Eu sei que você tem paqueras, você é bonito como eu então não lhe falta mulheres. Escolha uma que goste e se case. – Quando essa mulher coloca alguma coisa na cabeça, ninguém tem o poder de tirar. – Você quis dizer bonito como eu, querida. – Meu pai corrige e ela o encara. – Não, eu quis dizer como eu mesmo. – Ela fala como se não fosse nada demais e meu pai faz careta. Me sinto em casa ao ver que eles não mudaram nem um pouco. São os mesmos pais amorosos da minha adolescência e o mesmo casal apaixonado que briga por besteiras. Na hora da despedida, minha mãe insistiu para que eu dormisse em casa mas eu não aceitei. – Eu virei passar algum tempo com vocês novamente, mas não hoje. Amanhã é o velório então quero estar lá na primeira hora da manhã. – Vejo que tem um relacionamento muito bom com os dois irmãos Pierce. – Meu pai diz. Ele nos viu juntos na chegada, por isso deve presumir esses fatos. – Sim, eu moro com eles lá em Seattle. São como irmãos para mim, me ensinaram tudo que sei. – Digo ao lembrar de tudo que aprendi com os dois. – Fico feliz que não esteja sozinho, meu filho. Meu coração fica em paz. Como estão os dois em relação a morte da mãe? – Minha mãe pergunta franzindo as sobrancelhas. Ela só faz isso quando está preocupada. – Muito tristes, para falar a verdade. Eles tinham acabado de conhecer o que é uma mãe e ela se foi tão de repente. Bernard não enfrentou a notícia muito bem, mas ele está sendo forte. A famiglia precisa dele agora. – Sim, você tem razão. Depois de muita conversa, finalmente consegui sair. Abracei os dois e prometi que voltaria mais vezes para visitá-los. Ao sair da casa, eu olhei para o jardim e sorri um pouco pois pela primeira vez em muitos anos eu sinto que a minha felicidade está no auge. Ficar longe dos meus pais foi uma grande prova de resistência e não pretendo fazer isso novamente. Volto para casa caminhando e pensando como a minha vida mudou. A ultima vez que eu fiz esse caminho a pé, eu carregava uma mochila com algumas roupas e o meu notebook a fim de sair do país e procurar uma nova vida para mim, mas o universo acabou fazendo o mundo girar e eu voltei ao meu ponto de partida de uma forma totalmente diferente. Olho para a lua cheia no céu que ilumina a rua inteira e suspiro. – Não importa o que você quer ou pensa que sabe, se for o seu destino, uma hora ou outra você vai enfrentá-lo e ai não terá mais volta. O que é seu, ninguém tira. – Digo em voz baixa para a lua e continuo a caminhar rumo a casa. Amanhã será um dia muito cheio e cheio de obstáculos para enfrentar.
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