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2252 Words
Hoje era o dia da visita. O menino me deixou na porta do presídio e tava maior fila já. Se agora era 6:40 da manhã imagina a hora que eu não acordei pra fazer tudo que o Filipe pediu. Fiz tudo com muito gosto, tudo do jeito que eu sei que ele gosta. Meu sono sempre foi grande, mas agora tá ainda maior. Meu bebê é preguiçoso igual a mamãe. Nosso filho tem sido minha maior companhia, passo o dia conversando com ele e agora que minha barriga começou a querer mostrar que existe, mas nada que eu não possa falar que só engordei. Quando começamos a entrar eu fiquei meio perdida. Nunca tinha entrado num lugar desses, coisa h******l. Passei pela revista, minhas comidas também e no fim liberaram tudo. Pedi ajuda de uma menina pra encontrar onde o Filipe ficava, qual era o pavilhão ou coisa assim, não entendi nada. Foi um perrengue mas quando achei de longe vi ele parado olhando pra entrada e quando me viu levantou e veio na minha direção. Eu parei onde estava, fiquei travada mesmo. Ele tava tão diferente, tava mais magro, com o olho fundo e eu fiquei morrendo de dó. Ele me olhou inteira, me mediu mesmo. Pegou as sacolas da minha mão e me deu um selinho. Ret: E aí, foi tudo tranquilo pra tu entrar? Te trataram bem? - Eu só assenti e ele concordou. - Bora! Nós fomos andando por uns corredores estreitos e com um cheiro não muito bom também. Situação precária mesmo. Até chegar na cela do bonito, era umas das mais arrumadinhas. Até aqui o poder dele tem influência né? Ret: Tu tá gata hein, cada vez mais bonita. - Me analisou e eu sorri com vergonha Vergonha, acredita? Mariana: Obrigada - Sorri me aproximando e ele abraçou minha cintura. Ficamos um tempinho se olhando, eu estava sem acreditar ainda que depois de três meses estava abraçando ele. Ret: Te amo. - Beijou minha boca e eu retribui. Mariana: Eu fiz as coisas que você pediu. Trouxe o bolo, a lasanha, arroz e todo o resto. - Sorri e comecei a tirar os potes da sacola. - Mas você vai aguentar comer tudo isso? Ret: Lógico, tanto tempo comendo essas comida estragada que agora eu como até os potes se tu deixar vacilando. Ele comeu tudo, só deixou a minha parte e eu fiquei olhando pra ele. Ret: Que foi? - Neguei e ele cruzou os braços. - Tu não vai me contar o que tá acontecendo ou vai continuar me fazendo de trouxa? Mariana: Não tô te fazendo de trouxa. - Revirei os olhos e ele continuou sério. - Eu tenho que te contar uma coisa. - Suspirei e vi ele ficando tenso. Ret: O que foi? Aconteceu o que? Mariana: Nada, quer dizer, aconteceu mas não é nada muito sério. Na verdade é sim, mas eu não sei como te falar. - Dei uma risada nervosa e ele levantou e ficou em pé junto comigo, me encarando. Ret: Então fala logo que é melhor, melhor coisa! - Falou sério mas eu estava muito nervosa, não conseguia falar. - O que foi Mariana? Tu tá com outro? Tá me traindo? O que é? Mariana: Não- Neguei de imediato e senti ele mais relaxado. - Eu tô grávida. - Falei séria, encarando ele e ele ficou me encarando também. Olhou pra minha barriga e virou de costas negando. Ret: Tu sabe a quanto tempo? Mariana: Tive certeza a quatro semanas. Descobri no dia que você me ligou pela primeira vez. Ele virou me encarando e ficou em silêncio e depois me abraçou. Ret: Parabéns. - Falou sério e eu forcei um sorriso. De longe dava pra ver que ele não estava feliz, mas lembrou que eu queria muito e por isso me parabenizou. Mariana: Parabéns pra gente né? Você vai ser pai. - Me afastei sorrindo e ele concordou. - Olha. - Levantei o blusão e fiquei de lado pra ele ver melhor. Mariana: Tá começando a crescer. - Sorri passando a mão na barriga e ele ficou me encarando e olhando pra minha barriga. - Fala com nosso filho. - Puxei a mão dele e coloquei na minha barriga. Ele deixou a mão ali mas na primeira oportunidade tirou. Mariana: Eu trouxe as fotos do ultrassom, quer ver? Ret: Cadê? - sentou no meu lado na cama e eu peguei os exames dentro da sacola e dei pra ele. - Tu quer o que? - Me encarou e eu dei de ombros. - Poderia ser um menino né? Mariana: Você quer um menino? - Perguntei sorrindo e ele deu de ombros. - Poderia ser um menino então. - Sorri e ele forçou um sorriso. Ele ficou ali tentando entender o exame e até a parte escrita ficou lendo tudo. Ficamos maior tempo ali com ele vendo as coisas do exame, depois ele veio me perguntar se eu estava feliz. Mariana: Tô, tô muito feliz! - Sorri e ele sorriu me olhando. - E você? Ret: É estranho, pra mim é estranho pensar que agora eu sou pai mermo. A gente tava tentando por você mas não era nada certo, ainda mais depois daquela vez que o outro bebê não vingou. - Falou sério e eu fiquei quieta. Ret: Mas eu fico feliz por tu, tu tava tentando e agora vai ser mãe né? Mariana: É! Eu fiquei com medo da sua reação por isso tava meio estranha, não queria falar por ligação. Ret: Se tu soubesse tudo que eu pensei. - Negou e cruzou os braços. - Tu ficou como quando descobriu? Vem aqui, deita comigo. - Me puxou e deitou abraçado comigo. Mariana: chorei, fiquei com medo ainda mais porque você tinha acabado de ser preso. Mas ao mesmo tempo fiquei feliz, a Eliana me acalmou muito também, me deixou mais tranquila. Ret: Tu tá muito magrinha pra quem tá grávida, não acha não? - falou apertando meu rosto e eu neguei. - Eu acho, tá com jeito de quem não tá comendo direito! Mariana: Tô comendo sim amor, tô passando na nutróloga e tudo mais! Ret: Hum, é pra passar mermo viu? Vê tudo certinho aí pra dar tudo certo! Minha esposa e agora mãe do meu filho! - beijou meu pescoço e eu me arrepiei. Mariana: Senti tanta saudade disso aqui. - Abracei ele bem apertado e passei minhas pernas pela cintura dele, entrelaçando. Não sei se ele já estava e******o antes mas ele deu um gemido muito gostoso no meu ouvido, acho que sem querer. Ret: p***a, solta aqui. - Falou tentando soltar minha perna mas eu prendi mais forte. - c*****o Mariana! Mariana: Tô com saudade amor. - Falei baixo encarando ele e ele passou a língua nos lábios. - Muita! Ret: p***a, eu então! O auge, quando que eu antes dos de conhecer ele, durante meus 16 anos de vida ia pensar que ia t*****r dentro do presídio. O bom é que o final é sempre ótimo. (...) Ret: Tu não vai chorar não né? - Perguntou segurando a risada quando meu olho encheu de lágrimas. O primeiro sinal tinha tocado e eu estava começando a me vestir. Mariana: Não quero ficar longe de você. Ret: Uma semana só pô, semana que vem tu tá aí outra vez! Não é pra chorar. - Falou segurando meu rosto e beijou minha bochecha. Mariana: Não vou chorar. A gravidez tá me deixando muito emotiva. Ret: Tu já era né, agora tá mais ainda, tá toda manhosa. - brincou e eu sorri. - Se veste aí pra gente ir. Me arrumei, juntei os potes na sacola e ficamos ali esperando o último sinal. Ret: Se cuida viu garota? - Falou sério e eu concordei. - Te amo! Se cuida e cuida do nosso filho também! - Falou pela primeira vez do bebê e foi impossível não sorrir. Mariana: da tchau pra ele, amor! - Sorri e puxei a mão dele pra minha barriga. Ret: vou falar com a tua barriga? Tá maluca? Mariana: É seu filho. Fala logo! - Mandei séria e ele revirou o olho e deu um tchau bem sem vontade enquanto passava a mão na minha barriga. - Insuportável! Não vou deixar meu filho perto de você. Ret: Pelo amor Mariana, eu não tenho jeito com essas paradas não. É tudo novo pra mim e tu sabe que eu fui nessa de ter filho pra te ver feliz, mas nunca foi meu sonho. Agora tu precisa esperar eu digerir a informação. - Falou sério e eu revirei os olhos. Ele ficou ali me abraçando, me mimando até o ultimo minuto e logo eu sai daquele lugar. O motorista já estava me esperando. Xxx: E aí, como foi lá? Mariana: Tudo certo, só quase me perdi na hora de entrar. Mas uma menina me ajudou. Xxx: Todo mundo te respeitou, tudo certo? Mariana: Tudo! - Falei já sem paciência. Odeio que me pergunte as coisas mais de uma vez, parece que eu sou lesada e não entendi de primeira. Fora que depois do que aconteceu com o Filipe eu não tenho muita i********e com nenhum dos caras que trabalham pra ele, não consigo confiar muito. O único que eu ainda tenho mais contato é o PL porque ele quem tá cuidando lá da favela e o Peixe, que é o chefe da minha segurança. Fiquei quieta até chegar em casa e assim que cheguei avisei o Filipe. Só deixei as vasilhas na cozinha e pedi pro Peixe me deixar lá na favela do Filipe, porque eu precisava dar uma passada lá no bar. Nesses meses o único lugar que eu fui foi nas lojas do meu pai, estava cuidando do bar de longe mesmo. Mas é aquilo né, nada como ver com nossos próprios olhos. Chegamos lá rapidinho e o Peixe foi cantando o tempo todinho, toda hora repetia a música e eu fui rindo. Impossível não rir com esse cara! Mariana: Então você tenta encontrar outra pessoa, vê alguém que você conhece e confia pra gente por no lugar dela. Só não dá pra você ficar atendendo sozinha em horário de pico porque ela nunca tá disposta a vir trabalhar! - Falei séria. Tinha uma menina que trabalhava aqui no bar que era o auge, só por Deus. Falta sempre, mete muito atestado e acho que esquece que todo mundo aqui me conhece. As vezes ela me manda que tá de atestado e posta coisa em praia, viagem. Não gosta de vir trabalhar mas se der 10 horas e o salário não tiver na conta dela a bonita bem cobrar. Fiz a lista de tudo que tinha no estoque e tudo que precisava comprar. Comi dois salgados, um suco de maracujá e fiquei um tempinho ali vendo o atendimento. Quando cansei pedi pro passar na minha casa por aqui, a que eu morava com o Filipe. Assim que eu entrei bateu a maior nostalgia, saudades! Andei pela casa inteira mesmo, fui na área da piscina que é uma das que eu mais gosto é a piscina estava toda suja, parecia de casa abandonada. Mariana: Peixe, vê com alguém que saiba limpar piscina pra vir aqui limpar. - Falei assim que vi que ele estava atrás de mim. - Vou no meu quarto, mas quero ir sozinha. Peixe: Tranquilo, mas eu vou ficar aqui dentro mermo. Qualquer coisa a senhora me grita! Entrei no nosso quarto e tinha uma camisa do Filipe jogada na cama, o lençol estava esticado do jeito que eu deixei da última vez que estivemos aqui. Peguei minha caixinha com todos os testes negativos e fiquei encarando, mas me sentia aliviada, feliz. Minha penteadeira estava ali com quase todas as minhas maquiagens. Aqui era a minha casa, nossa casa, o lugar onde eu me sentia bem. Mariana: Peixe, pede pra moça que faz faxina aqui vir limpar pra mim. Eu vou voltar pra cá. - Avisei enquanto respondia a mensagem do Gui, confirmando estar na favela. - Peixe: Como assim vai voltar? O patrão sabe? Porque eu não posso fazer uma parada dessas sem ele saber! Mariana: Pode sim fofinho, já vou ficar aqui hoje. Enquanto a moça não vem eu vou limpando e outro dia vou lá na outra casa buscar minhas coisas importantes. Ele ficou quieto e saiu falando no celular. Peguei a vassoura, um paninho, pano de chão, balde e comecei a limpar a casa. Menos de meia hora depois a mulher chegou e começamos a limpar juntas, terminamos já era bem tarde. Mariana: Ficou quanto? - Perguntei enquanto procurava minha carteira. Marluce: É 100 reais meu dia. Mariana: Toma, obrigada viu. - Entreguei duzentos reais pra ela porque a limpeza foi doida mesmo, limpamos cada canto da casa. Ela agradeceu e saiu. Mandei mensagem pro Guilherme perguntando se ele vinha mesmo e ele confirmou que viria só me dar um oi, porque queria ver minha barriga. Coitado, vai ficar querendo porque minha barriga nem aparecendo está. Gui: Vai voltar pra cá então? - Perguntou enquanto passava a mão na minha barriga e eu concordei. Mariana: Vou sim, lá não é minha casa. Se você soubesse como eu me senti quando entrei aqui depois de tanto tempo! - Sorri Gui: Deve ser f**a mesmo, tu teve que mudar toda sua vida né. Quando eu fui responder meu celular começou a tocar. Era o Filipe. Oi Filipe Como assim "Oi, Filipe?" Tu tá maluca? Onde você tá que até agora não chegou em casa?
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