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2218 Words
[•••] Alguns dias depois... ─ Acorde Mikael! vamos, está na hora já já nos atrasaremos novamente. Anda Mika... ─ A doce e paciente voz de Paulo invadiam meu ouvidos a medida em que ele batia na porta para eu me levantar. Pela primeira vez em toda a minha vida, eu estava feliz ao acordar e me sentia aliviado por não mais ter que sofrer nas mãos de meu pai. Não me lembro de muita coisa, somente que eu havia sofrido novamente nas mãos dele e que teria me despertado em um quarto de hospital, uma das primeiras pessoas que tinha visto era a própria Anna e fiquei imensamente feliz quando Paulo retornou e aparentava estar bem. ─ Ah! me deixe dormir vai. Só mais cinco minutinhos, Paulo. ─ O respondi de forma rouca e preguiçosa já que os efeitos do sono ainda me inundavam. E no momento seguinte um silêncio tomou conta do local. ─ Estranho, ele desistiu muito fácil hoje. ─ Pensei não dando muita importância no momento e voltei a fechar meu olhos. Não muito tempo depois as batidas à porta voltaram. ─ Mikael já deu seus cinco minutos, vamos! ─ Não acredito que contou mesmo os cinco minutos, eu quero dormir... é mesmo obrigatório ir hoje?? ─ murmurei cobrindo o restante da minha cabeça. ─ Como assim? hoje tem aula se esqueceu? vamos levante! ─ "Que teimoso vamos nos atrasar novamente, argh!" ─ Mikael, se não levantar por si próprio eu mesmo vou entrar... ─ Não faria isso, eu, eu estou nu. ─ O respondi claramente mentindo, eu nunca cheguei a dormir por vontade própria totalmente despido. ─ Um... ─ Mas Paulo, claramente não parecia estar mentindo. ─ Dois... ─ Neste momento já pude ouvir a maçaneta girar e destravar a porta. ─ Mas Paulo, eu não quero ir hoje. ─ Três. ─ Aquele "três" me fez gelar a espinha, pior foi quando ele adentrou no quarto e veio diretamente até mim me pegando no colo e caminhando comigo até o banheiro. Meu coração palpitava em um ritmo acelerado enquanto eu observava seu rosto sério, e no momento seguinte suspiro um tanto assustado, já que ele havia literalmente me tacado em uma banheira já cheia de água. Somente depois de me encharcar que ele resolveu tirar a maior parte de minhas roupas, deixando apenas a cueca, ainda haviam hematomas pelo meu corpo que aos poucos iam sumindo, e que agora já não doíam como antes. Logo em seguida o loiro pegou o sabonete e a bucha começando a me lavar. Embora eu estivesse igual a um tomate, Paulo não demonstrava absolutamente nenhum tipo de emoção, ele apenas continuava a me lavar e não demorou muito para em seguida me enxaguar. ─ P-Paulo, eu posso me secar sozinho... ─ Sugeri ainda tímido com tudo aquilo, ele já com a toalha em mãos apenas suspirou e concordou entregando-a para mim. ─ Dez minutos, não demore já estamos atrasados. ─ Completou e logo em seguida se retirou do banheiro. Já Paulo atrás da porta fechada suspirou fundo fechando os olhos e recompondo-se com a mão destra sobre o lado esquerdo para logo em seguida descer as escadas e aguardar Mikael perto da saída. Depois que Paulo saiu, meu rosto parecia estar em chamas e tive que me conter para não gritar ou simplesmente surtar pelo que havia acontecido ali. Neguei com a cabeça para mim mesmo, não podia demorar mais, ou então ele viria terminar o serviço e disso eu já não tinha mais dúvidas. Assim que me sequei enrolei a toalha envolto da minha cintura e segui para o quarto onde coloquei meu uniforme, sapatos e somente passei as mãos pelos cabelos para rapidamente pegar a mochila e ir até Paulo que de fato estaria me esperando para irmos á escola. Quando desci as escadas, lá estava ele me olhando e assim que estava ao seu lado ele sorriu de canto passando as mãos pelos meus cabelos e terminando num carinho sutil em minhas bochechas que não durou muito, logo ele abriu a porta dando passagem para que eu passasse. Ao lado de fora um carro preto de luxo já nos esperava, eu nunca havia se quer visitado Paulo antes, então nunca soube como era sua casa e afirmo que me surpreendi quando pisei nela pela primeira vez. Haviam rumores pela escola a respeito da vida de Paulo e como a família dele era rica, mas por ele sempre ser tão na dele e deveras sempre humilde nunca me passou pela cabeça que tudo aquilo poderia ser verdade. ─ Alfredd... ─ Paulo chamou pelo homem ─ seu mordomo ─ que estava ao volante e que logo o respondeu em um "sim senhor" ─ Por favor nos leve para a escola o mais rápido possível. ─ Allfred, é um mordomo de confiança da família de Paulo, um ser muito gentil e educado, embora Paulo afirmando que ele era muito mais velho sua aparência jovial diria ter bem menos. Logo Paulo colocou o sinto em mim e depois nele mesmo; e Allfred como um bom mordomo cumpriu o que Paulo havia pedido, meu coração gelou e eu estava feito um gato assustado enquanto Paulo mantinha a calma, agora sabia como ele nunca chegava atrasado na escola. Em não muito mais que cinco minutos o carro parou em frente ao portão principal, e eu mais parecia um fantasma de tão branco e frio. Ri de nervoso. ─ Chegamos senhor. ─ Disse o mordomo que logo desligou o automóvel e assim que direcionei meu olhar para o lado Paulo estava a me olhar sério o que me fez engolir a seco e sentir um leve arrepio percorrer pelo meu corpo ─ Quer que eu o carregue até a sala também "Senhor Mikael"? ─ Ele questionou com ar de ironia e pude ouvir uma baixa e discreta risada que era do mordomo no banco da frente. Minhas bochechas estavam tão quentes naquele momento que a minha primeira reação foi negar com a cabeça pra logo depois me pronunciar. ─ N-não precisa eu vou andando. ─ Assim que o respondi, mesmo que desajeitado e gaguejando pude notar um sorriso discreto formar no canto de seus lábios. Paulo sempre era tão sério com tudo e todos, mas, sempre que estou ao lado dele sinto que algo muda. Por parte acho isso bom, seu sorriso é o mais sincero que já vi. ─ Então, vamos? ─ Questionou ainda me observando, nem havia percebido que ainda estava ali parado olhando pra ele. ─ Ah sim, claro! ─ mais do que depressa abri a porta e sai dali. [•••] Assim que chegamos na sala, Anna veio nos cumprimentar como o de costume, só que mais empolgada. Nunca a vi tão radiante como naquele dia e seu abraço parecia mais forte também. ─ MIKA! Que saudade! ─ exclamou enquanto me apertava e me sacudia como se eu fosse uma pelúcia. ─ A-anna foi só um final de semana e, bem... calma esta me apertando. ─ Uh! Me desculpe, ─ Disse um pouco constrangida me soltando em seguida e ajeitando meu uniforme. ─ Ah! Oi Paulo, vocês estão bem né? ─ Sim estamos bem Anna. ─ Afirmou o loiro que se aproximava com as mãos no bolso. Logo atrás, pouco tempo depois de nos sentarmos em nossos lugares veio o professor Allex, e sua expressão não estava muito amigável. Os alunos estavam sérios e logo foram direto para suas carteiras. ─ Bom dia. ─ Ele dissem com um tom frio, sua voz também estava diferente já não era a mais doce e gentil de antes, tudo mudou desde o dia em que me ausentei, até a forma dos alunos cumprimentá-lo já não era a mesma e aquilo me deu calafrios. [•••] Os horários seguiram, as aulas do dia terminaram e mais dias se passaram, e as coisas só pareciam piorar, apesar de que entre mim, Anna e Paulo tudo estava normal, brincávamos como o de costume e seguíamos nossas rotinas. Eu queria chegar até o professor e perguntar o motivo dele estar assim, o porquê de tal mudança bruta mas Obviamente não tinha me esquecido da última vez em que estive com ele, e ainda tentava não manter nenhum contato visual. Então só abaixava a cabeça e ficava quieto na minha. [•••] ─ Um... ─ uma breve pausa até a sequência seguinte ─ dois... ─ Okay, okay! você já venceu estou me levantando, calma... ─ Bom menino! ─ Bufei revirando os olhos me levantando rapidamente, ainda mais porquê eu não queria que o Paulo ficasse toda hora me carregando pra cima e pra baixo, isso já estava virando rotina. Então faço o de costume e vamos para a escola, fomos brincando no carro e Allfred até estranhou ver Paulo se divertindo, bom pelo menos foi o que ele disse antes de sairmos do carro. Enfim havíamos chegado na escola, meu corpo já não aguentava mais as cocegas de Paulo, entramos na sala e os horários se seguiram até o recreio. Anna foi á biblioteca, já eu e o Paulo ficamos no pátio conversando e tirando sarro de alguns alunos até o professor aparecer. ─ Bom dia meninos! ─ Mesmo que ele tenha nos cumprimentado com um tom de entusiasmo, em seu rosto demonstrava serenidade, seus olhos estavam fixados no Paulo e o clima parecia meio tenso. ─ Bom dia. ─ Paulo o respondeu de forma indiferente enquanto se levantava e estendia a mão para mim, no intuito de me tirar dali. ─ Mikael, vamos na lanchonete comigo? ─ E antes mesmo que eu pudesse responder Allex interveio. ─ Eu queria muito conversar com você Mikael, se não for incomodar. ─ Uh... ─ Naquele momento eu não sabia o que fazer as expressões em seus rostos davam medo pareciam querer esganar um ao outro, ou poderia ser impressão minha? ─ Bom, depois nos vemos Mikael... ─ Eu nem ao menos respondi ao professor, mas Paulo pareceu bem incomodado com aquilo e simplesmente saiu. ─ Paulo? "Ele pareceu tão bravo agora, me preocupa isso." ─ Vamos até minha sala, lá estaremos mais a vontade. ─ Propôs o mais velho, e já que Paulo havia saído apenas suspirei e concordei seguindo o mais velho até a sala dele. [•••] biblioteca... ─ Paulo?! não estava com o Mikael? ─ Anna vendo uma movimentação na sala abaixa o livro em que estava lendo fixando os olhos em Paulo que estava claramente frustado. ─ Sim, eu estava. ─ A respondeu enquanto puxava uma cadeira se sentando à frente da garota. ─ E então... ─ Pronunciou ainda confusa por ele está ali sozinho sem o moreno ao lado, já que ultimamente estavam bem próximos e pareciam "indesgrudaveis". ─ Allex apareceu falando que queria falar a sós com ele, então saí de perto. ─ Nossa que chato, já percebeu como ele muda perto do Mika? ─ Sim, nem me lembre ele me dá nos nervos. ─ Suspirou levando a destra até as têmporas e massageando ali. ─ Silêncio vocês dois ai! ─ A bibliotecária adivertiu ambos pelo barulho no local, mas isso não pareceu incomodar os jovens que ainda conversavam entre si, Anna soltou uma breve risada e se levantou indo até uma das prateleiras mais afastada e longe da mulher séria ao que o loiro fez o mesmo a seguindo e fingindo procurar por algo nas prateleiras. ─ E ai quando vai contar para ele? ─ Contar o que? Do que está falando? ─ questionou um tanto confuso. ─ Não finja de bobo Paulo você ama o Mikael desde pequeno e nunca falou isso pra ele, daqui uns dias não vai dar mais pra disfarçar sabia? você fica mais solto perto dele e mais fof- ─ Antes que a menina pudesse terminar de falar Paulo tampou a boca de Anna a olhando mais corado. ─ Cala a boca Anna sua maluca! eu não posso você sabe disso. Eu e ele, não creio que ele sinta algo além da amizade por mim. ─ Anna revirou os olhos o afastando um pouco. ─ Ai, ai! não pode o que? O fato de saber ou não... isso você tem que ir descobrir, ele não vai adivinhar que você o ama, e se não se declarar logo pra ele outro chegará na sua frente, e isso vai acabar te machucando. ─ Eu sei. ─ murmurou desviando o olhar ao que seus ombros caíram. ─ Está perdendo tempo, você que é bobo se fosse eu já teria dado uns beijinhos no Mika, ainda mais agora que moram juntos, está tão perto... imagina aquela boca rosada com a sua. ─ Anna o provocou soltando mais uma vez uma risadinha. ─ Anna eu vou te dar uns... ─ O loiro voltou a encara-la com certa "raiva" claramente indo lhe ameaçar mas logo interrompido. ─ Eu não vou falar novamente pros dois ficarem em silêncio! ─ Adivertiu mais uma vez a mulher que parecia impaciente. ─ Okay! vamos ficar quietos agora, né apaixonadinho? ─ Anna sua i****a. ─ Suspirou corado desviando o olhar uma vez mais, agora irritado se afastando da garota indo pra outra prateleira. ─ Ei! Volte aqui estressadinho... ─ murmurou em tom baixo seguindo o loiro. [•••]

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