I
O despertador toca, e já são 7:30 de uma manhã de sexta-feira. Estou exausto, mas, mesmo que meu corpo esteja no limite não posso me dar ao luxo de faltar no colégio. Caso contrário meu pai me puniria severamente por conta disso.
Digamos que eu e ele temos uma relação um pouco diferente, e que de fato não gosto muito disso, mas não é como se fosse eu a escolher meu próprio destino, né? As vezes penso que sou apenas um experimento fracassado, jogado em um beco escuro onde somente me resta a "sorte" e depender dela não é lá algo muito bom.
Como o de costume; me levanto, tomo um banho rápido, como uma fruta qualquer, tendo em vista que muito das vezes nada tenho para o desjejum, e logo depois de comer algo sigo para o colégio. Hoje teria aula de física no primeiro horário e a professora Simone não vai muito com a minha cara, então seria melhor que não me atrasasse.
Assim que saí de casa, duas quadras a frente pra ser mais exato, me deparei com dois valentões da escola que, assim que notaram minha presença ali começaram com as implicâncias.
"Olha lá se não é o queridinho do professor Allex." Dizia em tom alto um dos garotos, de porte físico atleta e cabelos ruivos, Marcos era o nome dele. Um belo garoto do time de futebol da escola. Mas também um completo i****a. Alex nada mais é que o professor de Educação Física do colégio, e um bom amigo que me ajudava e aconselhava sempre que fosse necessário. Muitos alunos não gostam nem um pouco dessa aproximação que tenho com ele, e vários acabavam reagindo como aqueles dois idiotas bem a frente, de maneira bem agressiva. Um ciúme b***a por assim dizer, pois eu particularmente não vejo Allex como nada além do que ele já é (meu professor).
─ O que fazem por aqui? Estão atrasados para aula...─ Tentei mudar o foco do assunto enquanto recuava alguns passos para trás na tentativa de fugir deles. Meu porte físico magricela definitivamente não me daria uma luta justa contra dois brutamontes, mas era bom o suficiente para correr como se não houvesse amanhã.
─ Ei! Ei! Calma, porquê tanta pressa? só queremos nos divertir. ─ O outro garoto indagou com malícia em sua face, este eu não fazia ideia de quem poderia ser, mas aquele maldito olhar me fez sentir o coração acelerar e um maldito frio atingir minha espinha. Não era a primeira vez que via aquele tipo de olhar sendo lançado contra mim, mas não queria saber como seriam as consequências daquilo vindo de outra pessoa, já me bastava um demônio em minha vida, dois seria de mais.
Sem coragem alguma pra esperar o que estaria por vir da parte deles, corri o mais rápido possível em direção a escola, pegando alguns atalhos por ruas bem estreitas. Nunca havia corrido tanto em minha vida como naquela manhã e com muita sorte cheguei no colégio a tempo, a minha única certeza e alívio era que, a partir dos limites daqueles muros para dentro aqueles idiotas não poderiam me tocar sem ter uma punição justa contra eles. Mas eu ainda estava distraído tentando ficar o mais longe possível que sem querer acabei esbarrando justo na bendita professora de fisíca.
─ Ai! Menino! ─ Exclamou um tanto irritada agora podendo notar em quem havia lhe esbarrado. E como um belo sentimento recíproco, eu também não ia muito com a cara dela, mas, antes ela do que os garotos que me perseguiam naquela manhã. ─ Mikael? Então foi você!
A minha vontade era de simplesmente dizer: "não! Imagine, Papa a seu dispor my lady..." contudo, não era hora pra brincadeiras ou zombaria.
─ M-me desculpa professora eu, quero dizer...─ E também, não seria como se meu lado covarde fosse permitir tamanha audácia então foi isso o que realmente respondi, meio embolado nas palavras devido a maratona que enfrentei pouco antes e ainda com a respiração arquejante.
─ Não quero saber das suas desculpas mocinho, vá direto pra sala olhe a hora. Vamos! vá agora.─ gesticulou com a destra como se estivesse afastando algum bichinho, certo, talvez eu seja um veado, mas não é assim que se trata um ser indefeso como eu.
Mas estava certa em uma coisa, já estava atrasado então não rendi assunto, apenas concordei com um singelo aceno de cabeça e me pus a sair da frente dela tão rápido quanto ainda podia, seguindo para minha turma. Eu realmente achei que ela poderia me dar uma bronca naquele momento, mas estava aliviado por somente ter sido enxotado do seu campo de visão a ter que começar o dia com um dos olhos roxos ou uma advertência.
[•••]
Chegando na sala, Pude contemplar os mesmos alunos de sempre, cujos os quais acompanho desde o jardim de infância. Todos estavam organizados em grupinhos separados cada qual com seu colega de classe, ou como preferem dizer no dito popular a famosa "panelinha", alguns até mesmo conversando aleatoriamente, outros fazendo idiotices do fundamental (mesmo estando no terceiro ano do ensino médio) e por aí vai.
Sem muito enrolar, segui diretamente para o meu lugar ─ costumeiramente mais ao fundo da sala e próximo à janela ─ e lá estavam meus amigos fiéis: Anna (uma garota tagarela sempre sorridente, cujos olhos verdes não se igualavam a beleza de sua pele morena e seus enormes cachos tão escuros quanto a noite) e Paulo (um menino com corpo bem definido pra sua idade, de pele alva, lábios finos e bem detalhados, olhoz azuiz acinzentados e cabelos loiros, sempre sério de poucas palavras e emoções que deixavam qualquer um sem ar ou com as pernas bambas), eles sempre estiveram comigo nos bons e maus momentos e sou muito grato a eles por isso.
Finalmente sentado em minha carteira, pude desviar o olhar para o enorme quadro à frente onde a professora já se dispunha a anotar tarefas e trabalhos. Um tédio por assim dizer, vez ou outra notando Anna a fazer caretas e imitações da própria tirando algumas risadas dos alunos, e claro, minhas também. Mas ali estava Paulo, sempre sério e atento a tudo.
Um frio na barriga sempre me intrigava com esse ar de mistério dele, por mais que nos conheçamos há anos, as vezes não conseguia tirar os olhos dele e consequentemente sempre me via envergonhado logo em seguida quando Paulo desviava o olhar da professora em direção a minha mesa e seus olhos se encontravam com os meus.
E lá estava eu feito um tomate, na tentativa de disfarçar a timidez, olhava rapidamente para a professora novamente. Já Paulo sempre que se deparava com essa cena, não conseguia conter um pequeno sorriso que se formava em seus lábios, achando bem fofo a minha situação de puro constrangimento.
[•••]
Depois de longos três e tediosos horários de aula, deu o sinal do intervalo, e como sempre sou um dos últimos a descer, tendo Anna e Paulo que sempre o esperavam por mim.
─ Vamos Mikael! ─ Disse Anna ao lado da mesa já impaciente, com os seus braços cruzados e seu pequeno pé nervoso a batucar no chão.
─ Ah! Sim, vamos. ─ Me pronunciei de forma a não contradizê-la, afinal o que falta de altura nas baixinhas, lhes sobra em estresse. E Anna tem um pavio muito curto.
─ Hoje você está meio distraído, não acha Mikael? ─ Questionou Paulo um tanto preocupado, ao que se achegava do lado de Anna, com as mãos no bolso e olhos atentos.
─ Hunf! Você é bobo... booooobo... Mikael bobão! Mikael bobão! ─ Começou a provocar. Anna as vezes mais se parecia uma criança, do que uma adolescente de dezessete anos, mas os meninos não a julgavam, Eu principalmente, pois assim éramos, dois idiotas quando estavam juntos. Então apenas soltei uma breve risada entrando em suas provocações, sabendo exatamente por onde começar.
─ Anna fu..mi..ga! ─ Somos ambos da mesma altura (1,50), e cá entre nós que essa não deveria ser bem lá uma ofensa entre a gente já que somos praticamente da mesma "raça", dois gnomos de jardim.
─ Ah! Paulo olha ele! ─ Murmurou toda manhosa ao que um beicinho se formava em seus lábios, assim segurando na barra do uniforme de Paulo o puxando, como uma criança mimada faria.
─ Parem os dois, comportem-se. ─ Já Paulo é de estatura bem alta (um avatar de 1,80) e mesmo com toda sua seriedade e sendo completos opostos, juntos eles me faziam sorrir a maior parte do tempo, com certeza são meus melhores amigos, simplesmente não saberia o que fazer sem eles.
Quando finalmente descemos para o pátio, vi Allex mais a frente. Não sabia o porquê, mas sua aparência sempre chamava a atenção (com seu corpo bem definido, talvez pelo simples fato da sua profissão, pele bronzeada e olhos negros, seus cabelos apesar de possuir uma aparência bem jovial, se mantiam grisalhos) também tinha muita facilidade com as meninas. Mas eu sempre ignorava este lado, achando ser somente uma imensa admiração pelo mais velho que era muito educado e gentiu com todos. O professor passando por nós, nos cumprimentou seguindo assim para a sala dos professores.
Já eu e os meninos, seguimos até o refeitório onde havia como comprar os lanches e tinham mesas, muitas mesas para podermos nos alimentar mais confortavelmente embora Paulo preferisse ficar no gramado embaixo de alguma árvore com sombra fresca.
[•••]
Logo após o intervalo, tivemos mais dois horários de aula. Foi um sufôco ter de aguentar todos eles, mas assim que o sinal para término das aulas ecoou por todo lugar, já se podia ouvir o som de carteiras se arrastando e alunos correndo pela escola empolgados para irem embora. Paulo e Anna precisavam sair naquela tarde, para um trabalho de recuperação que precisavam fazer juntos e então se despediram.
Já eu, bom, não estava tão animado assim, mesmo que as aulas fossem chatas queria que elas durassem o dia todo nas sextas e se não fosse pedir de mais, que durassem até a próxima segunda-feira.
E porquê todo este desespero em permanecer no pior lugar para um adolescente? Meu pai é um grande empresário e vive viajando a negócios, hoje é o dia dele aparecer em casa, um final de semana inteiro tendo de aguentá-lo. E o que tem de m*l em passar o final de semana com seu pai? Vocês devem se perguntar, afinal grande parte dos filhos anseiam pela chegada de seus genitores, mas não eu, que tinha meus próprios motivos.
Perdido em pensamentos nem havia notado que Allex passava em frente a sala vendo que eu ainda estava lá. Assim retrocedeu alguns passos.
─ Já deu o sinal Mikael, não vai para casa? ─ Questionou o homem que colocava metade de seu corpo pra dentro da sala com um sorriso meigo nos lábios me fazendo sair do breve transe, olhando-o ainda meio avoado.
─ Vou sim professor. ─ O respondi de forma rápida e impulsiva enquanto me levantava rapidamente colocando a mochila nas costas murmurando baixinho, sem saber que o mesmo ainda prestava atenção em mim.
─ O que foi, tem algo te encomodando? Quer que eu o leve para casa? ─ disse agora com ar de preocupação seguindo até a minha direção.
─ Não precisa! ─ Exclamei em apreensão, logo me dando conta do quão rude havia sido com ele, suspirei profundamente revirando os olhos ─ Bom, desculpe, já estou indo, até segunda professor... ─ Me despedi e por fim saí dali o mais rápido que pude ouvindo um "Até" meio sem jeito vindo do mais velho. Talvez eu pudesse pedir desculpas por aquilo futuramente já que eu estaria me apunhalando internamente devido aquela atitude i****a com alguém que só queria ser legal, mas tive que sair correndo, não queria problemas, se meu pai me visse com outro homem ele me mataria. Ao menos esperava que ele não tivesse bebido hoje. Ah! como odiava finais de semana.
Meu trajeto até em casa, teria sido bem mais calmo. Diferente do que havia passado naquela manhã. Eu andava tranquilamente e até a passos lerdos para que não chegasse em casa tão cedo. Mas infelizmente estaria a frente da mesma cedo ou tarde.
[•••]
Assim que o cheguei em casa o cheiro de álcool invadiu minhas narinas, fazendo um arrepio gélido invadir todo o meu corpo. Olhando ao redor me deparei com meu pai deitado no sofá, camisa semi-aberta e com a gravata frouxa em volta do pescoço junto a uma lata de cerveja em mãos.
"Droga! Droga! Droga!!!" Pensei desejando jamais ter entrado por aquela porta.
Engolindo a seco, tentei subir as escadas sem que ele percebesse, mas por azar do destino acabei pisando em um degrau que rangia, o barulho ecoou pelo cômodo e pude ver seu semblante franzir, em seguida sua canhota foi direto ao rosto podendo murmurar alguns palavrões.
─ Onde pensa que está indo? ─ Questionou o mais velho com a voz totalmente alterada devido ao nível alto de embriaguez. Podia sentir na pele o quanto aquilo me custaria.
Respirando fundo, fechei os olhos e me virei com medo, ainda trêmulo abri novamente já vendo o homem a minha frente tacando a latinha de cerveja para o lado.
─ P-pro meu quarto senhor, tenho prova na semana qu- ─ Falhamente havia tentado pronunciar algo na esperança de que ao menos uma vez a sorte estaria do meu lado. Mas o vi desabotoar o cinto e logo ele me interrompeu, autoritário e direto como sempre.
─ Tire sua roupa! ─ Meus olhos já se encontravam marejados e o suor frio escorria pelo rosto enquanto ele começava a desabotoar a calça.
─ M-mas pai eu... e-eu...
─ Eu mandei tirar suas roupas Mikael, não me faça perder a paciência e tirar eu mesmo. ─ Eu estava com medo e acima de tudo, não desejava nada daquilo, mas não podia desobedecê-lo ou seria pior. Então comecei a tirar a roupa, minhas mãos estavam tremendo m*l podia desabotoar o uniforme, sentia meu corpo pesado e a respiração estava acelerada, era uma sensação horrível e angustiante.
Depois de ter finalmente tirado a roupa, o mais velho então começou a passar as mãos em meu corpo, também pegou minha destra forçando a apalpar seu m****o e a masturba-lo, era nojento e repugnante reconhecer o corpo do meu pai daquela forma. As lágrimas queriam saltar para fora dos meus olhos mas eu não podia fazer isso, não na sua frente.
Para piorar ainda mais minha situação, o cheiro do álcool me dava ânsia de vômito. Talvez não fosse pelo álcool, e sim mim mesmo e minha "fraqueza" no momento, se sujeitando a tudo aquilo. Podia ver em seu rosto o prazer que sentia me vendo daquela forma, o que fazia me sentir ainda pior.
Meu pai gemia enquanto ele mesmo pegava a minha mão para passar em seu corpo, pensei que naquele dia lhe tocar seria o suficiente. Mas logo ele me agarrou pelo braço e me arrastou até o sofá. Tacando-me sobre ele me forçando a ficar de quatro. Senti abrir minhas pernas para ter uma visão total da coisa toda, e então consumar o ato desprezível sem preparo algum. Era sempre assim, sem dó ou piedade e quanto mais dor eu demonstrava sentir, mais prazer parecia causar nele.
Eu não podia gritar, ou gemer de dor, era forçado a aguentar tudo com apenas lágrimas silenciosas, já teria perdido a conta de quantas vezes senti o gosto metálico do sangue em minha boca, ao morder minha bochecha inferior para abafar os sons, ou os dentes sensíveis por ranger de mais. E caso eu tentasse denunciá-lo de qualquer forma, era ameaçado de morte. Algo que jamais duvidaria que seria capaz de fazê-lo contra mim e já tendo mostrado ser capaz disso inúmeras vezes, mesmo sem nunca realmente o fazer.
O pior de tudo não era suportar em silêncio ou ser ameaçado todas as vezes, era simplesmente o fato de que eu era obrigado a chegar ao ponto de gozar para ele, caso contrário aquelas ações não cessariam tão cedo e já teriam me ocorrido de não conseguir e aquilo durar imensas horas tortuosas que mais se pareciam dias.
[•••]
Depois do sexo, o mais velho acabou dormindo, um porco imundo jogado ao chão da sala. Então peguei as minhas coisas e fui para o banheiro tomar banho, so lá conseguia chorar o quanto quisesse sem ninguém por perto para ver. Sentia nojo de mim mesmo e queria que minha mãe estivesse ali comigo, talvez isso não acontecesse, e mesmo que acontecesse alguém estaria ali pra me ajudar.
Depois do banho fui tentar descançar um pouco, mas meu corpo doía muito como se alguém estivesse me rasgando por dentro e os meus remédios para dor já haviam acabado, acabei tendo uma péssima noite m*l dormida. Pois quando finalmente tinha conseguido cochilar, ele invadiu meu quarto.
Foi assim o final de semana inteiro, ele parecia não se cansar de fazer aquilo, quanto mais fazia mais queria, no domingo a tarde ele já se arrumava para partir novamente. Bem que ele poderia sumir de vez, me dou melhor sozinho. Sempre me dei bem em sua ausência, não me importaria se algum dia ele partisse de vez.
Ao menos estava aliviado ao vê-lo — Pela janela do quarto — finalmente entrando no carro e partindo dali, teria mais cinco dias de descanso, e céu! Como queria que durassem uma eternidade.
No outro dia tinha aula que por azar teria horário de educação fisíca, e tínhamos avaliação física/corporal do professor ou seja: tirar a blusa de frio e usar a camiseta para esportes, muito azar, já que meu corpo estava cheio de ematomas e a única saída era chamar Anna pois ela sabia disfarçar muito bem os machucados com maquiagem, mas naquela noite tudo o que eu queria era descansar, então acabei dormindo.
[•••]