Na mesma noite me despertei ofegante e suado, era apenas um sonho, mas porquê o Paulo estava nele? Aquilo me pareceu tão real que ainda podia senti-lo em meus lábios. Me repreendo mentalmente no mesmo instante, somos apenas amigos, ele gosta de garotas e me vê apenas como um bom amigo. Insistia a mim mesmo com essa frase.
Olhei em volta, os pacotes de salgadinhos ainda estavam por cima da cama intocados dentro da sacola. Eu tinha apagado sem nem mesmo perceber. Pouco depois pude ouvir a porta de casa se abrindo. Mesmo estando com medo, desci para ver o que era e fiquei na ponta da escada. Era meu pai adentrando o local e novamente estava bêbado. Meu coração acelerou e o medo ficou com mais forte que antes.
Como pude me esquecer de que já era sexta-feira? Meu corpo ficou trêmulo m*l podia me mexer, a respiração estava acelerada e podia sentir o suor frio escorrer pelo meu rosto. Assim que Steve passou em frente a escada parou e ficou me observando com aqueles olhos do d***o.
Notei em suas mãos o cinto com sinal de que queria me bater, a única coisa que fiz foi correr em direção ao meu próprio quarto e trancar a porta. Como se isso adiantasse alguma coisa; logo atrás ele veio subindo as escadas. Podia ouvir seus passos grosseiros subindo, cada vez mais perto.
─ Mi-ka-el! ─ Dizia em voz alta, quase que num cantarolar medonho enquanto dava uma leve risada. ─ Por que se esconde? Está com medo do seu pai, Mikael?!
Juro que havia tentado me esconder naquele cômodo pequeno, e até mesmo a hipótese de pular pela janela passou por minha cabeça. Mas a casa era de dois andares, e mesmo possuindo apenas dois, não era nem um pouco baixa eu com certeza iria quebrar muita coisa com a queda. Mas logo ouvi a porta ser estremessida pelas enormes mãos que seguravam em sua maçaneta do outro lado, a forçando para se abrir.
─ Abra essa porta Mikael, eu só quero conversar! ─ Ele insistia em dizer a medida em que a força sobre a porta só aumentavam. Meu coração parecia já não caber mais em meu peito pela tamanha agilidade em que mantinha os batimentos, tentei me manter o mais calmo possível e raciocinar o mais rápido, afinal, aquela porta velha não aguentaria muito. Olhei para todos os lados do quarto, nada ali me esconderia bem, até que meus olhos pararam sobre o guarda-roupa.
─ JÁ ESTOU PERDENDO A PACIÊNCIA MIKAEL, ABRA ESSA PORTA! ─ Não tendo nenhuma resposta da minha parte, Steve batia na porta com murros e ponta pés. A porta já estava quase sendo arrombada tendo tempo somente de me esconder dentro do guarda-roupa. Quando ouvi a porta se abrindo brutalmente, tampei imediatamente a boca para abafar o som da respiração e um grito devido ao susto; pela greta da porta pude vê-lo procurando debaixo da cama e entre os móveis, uma tensão e tanta já que nem a respirar eu me atrevi no momento. Foi quando ele se virou para o guarda-roupa e colocou um sorriso demoníaco em seu rosto que pensei ser meu fim de verdade.
─ Então tá... você quer brincar de esconde-esconde com o papai não é Mikael? Pois bem, vamos brincar, se eu o encontrar vou exigir minha recompensa. ─ Ele começou então a abrir as portas do guarda-roupa, uma a uma e eu sem saber pra onde correr, quando chegou na porta que realmente eu estava, abriu e sorriu largamente como nunca, me segurando pelo pescoço. ─ Aqui está você seu menino levado!
─ P-por favor pai, não! ─ Sem se dar ao luxo de escutar minha súplica me tacou na cama, pela forma em que fui jogado e a agressividade do mais velho, acabei batendo com a cabeça na cabeceira. Senti um líquido quente escorrer entre os fios de cabelo e minha visão embaçar, mas por um momento ignorei aquele detalhe direcionando o olhar para o homem que subia em cima da cama me forçando contra o colchão enquanto que sua mão apertava meu pescoço uma vez mais, e a mão livre desabotoava a própria calça.
"Seja um bom menino" ele dizia enquanto se masturbava por cima de mim, e eu lhe implorava para que não prosseguisse com tudo aquilo mais uma vez. Mas, ao invés de compaixão da parte do mais velho, um murro em minha face foi desferido.
Tamanha foi sua força contra minha face naquele momento, que simplesmente não tive reação alguma, apenas o olhava, com a visão oscilando entre nitidez e turva, ouvindo apenas zumbidos enquanto que os lábios do mais velho se moviam em palavras que eu não compreendia e suas mãos vinham em minha direção rasgando-me a blusa e retirando o resto das roupas.
─ Pai, por favor... ─ Pronunciei sem saber ao certo se minha voz saía pelos lábios e ele escutaria, já que o zumbido ainda atormentavam meus tímpanos. Enquanto levava uma das mãos sobre o rosto que latejava de dor, Steve simplesmente a retirou dali e segurou meus braços deixando-os erguidos e amarrados com o tecido da blusa rasgada na cabeceira da cama.
Meus olhos já se encontravam completamente lacrimejados enquanto tentava me soltar daquela amarração e reagir de alguma forma, não aguentava mais, somente desejava a morte a ter que aguentar uma vez mais aquele inferno. Contudo, de nada adiantou. Meu pai apenas me segurou fortemente pelas dobras das pernas que ligavam a coxa ao joelho, as mantendo abertas até o meu limite enquanto que, sem preparo algum, consumava aquele ato covarde e repugnante.
A posição desconfortável somente favorecia as dores que sentia pelo meu corpo, ainda sendo afetado pelo murro e a pancada na cabeça.
Eu queria fugir daquela situação, achar um porto seguro que me fizesse sentir menos m*l naquele momento e me ajudar a mais uma vez aguentar tudo aquilo, de repente aparecem em meus pensamentos o que Paulo havia feito comigo em sonho, e eles iam bem mais além do simples beijo. Seus toques, sua doce voz, seu calor... era como se eu pudesse senti-lo de alguma forma e por um breve momento perdido em minha mente, todos aqueles pensamentos e imagens me fizeram corar e sentir uma leve ponta de prazer e sem querer soltei um gemido.
Meu pai parou na hora e me encarou com um olhar de ódio, como se o que eu tivesse feito naquele momento fosse algo terrívelmente repugnante. E para ele eu realmente o fiz. Um grave erro já que as regras eram bem claras para meu pai: Dor, medo e pavor pra mim, total prazer pra ele.
─ Você gemeu Mikael?! ─ Questionou socando aquela coisa fortemente contra o meu interior me fazendo arquear as costas ao que tentava negar aquilo.
─ N-não! ─ Balancei a cabeça em negação.
─ Sim, com certeza você gemeu Mikael... ─ Enquanto falava ele pegava o cinto, e o dobrava em sua mão fazendo um breve estalo ecoar pelo cômodo, em consequência um arrepio gélido percorreu pela minha espinha.
─ Não pai, eu não gem- ─ Antes mesmo de terminar fui interrompido ao sentir meu rosto ardendo novamente, ele havia me batido com o sinto.
─ CALE-SE SEU MISERÁVEL, QUEM TOCOU EM VOCÊ ALÉM DE MIM? ─ Chorando eu o respondi que ninguém havia me tocado, e mesmo jurando ele não acreditou. Não era de um todo mentira, já que Allex somente me roubou um beijo e tudo mais eu apenas tive em sonho, mesmo assim nada além, nem eu mesmo me tocava. ─ MENTIRA!!! SEU DESGRAÇADO COMO PÔDE GEMER, COM QUEM MAIS VOCÊ SE DEITOU DIGA LOGO! ─ Por mais que a verdade estivesse sendo dita naquele momento, ele não me ouvia. O ódio e a possessão pareciam estar em total domínio sobre seu corpo o levando a me marcar cada vez mais, eu só pude sentir as dores e os vergões se levantarem sob minha pele.
Como uma criança aos prantos por levar uma surra de seus pais eu implorava pra que ele parasse com aquilo tudo, e jurava de toda minha alma não ter me deitado com mais ninguém, t**o fui ao pensar que minhas palavras pudessem surgir efeito. Eu já sabia onde tudo aquilo iria dar, ele simplesmente não acreditou em mim e continuou a me bater. Murros, socos e ponta pés, fora seu maldito cinto, foi assim durante um bom tempo até ele perceber que meu corpo estava com feridas fundas e sangrando, e até que eu já não tivesse mais voz para gritar.
Ele cuspiu em meu rosto e terminou o abuso, sim, mesmo machucado ele me violou impiedosamente, até que tivesse ejaculado dentro de mim. Depois de feito, ele saiu do quarto batendo a porta, e eu fiquei deitado pois não haviam mais forças em meu corpo.
Ali eu lamentava e berrava internamente comigo mesmo perante toda aquela dor que se apossava de mim e me amaldiçoava por não ter morrido no lugar de minha mãe.
Eu tentei me levantar mas acabei caindo da cama e isso piorou ainda mais a minha situação, com muito esforço, quase que por apenas impulso do corpo em si, eu me arrastei pelo chão conseguindo chegar até o banheiro e ligar o chuveiro, pude ver o sangue escorrer de meu corpo pelo ralo enquanto estava encostado ali na parede. A pior decisão que já pude ter tomado em minha vida já que as gotas de água mais se pareciam espinhos afiados caindo em minhas feridas, então fui me arrastando de volta até minha cama onde estava suja e enxarcada de sangue, não liguei muito pois meu corpo rejeitava meus comandos e já estava pesado de mais para mim. Ele só pedia descanso, meus olhos estavam pesados, e acabei apagando ali mesmo.
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