Capítulo 1

1951 Words
VANDA Sou a Vanda, tenho 26 anos e sou médica, isso mesmo que você ouviu, sou médica. Eu sou muito realizada profissionalmente, amo essa profissão; eu tenho muitos amigos, um pai incrível… não tenho do que reclamar ou pelo menos não deveria ter, mas a verdade é que eu tenho sim! Eu cresci na casa dos Alencar, uma família muito especial, eles são ótimos e tratam todos os funcionários como família. Eles têm um filho, o Arthur, ele é perfeito! Ele é lindo, inteligente, é um profissional muito competente e mesmo tendo terminado a faculdade de medicina junto comigo, ele já é reconhecido, está entre os melhores cirurgiões do San Magno, o hospital onde trabalhamos. Porque eu sei tanto sobre ele? Primeiro porque cresci na casa dele, segundo porque eu sou completamente apaixonada por ele. Eu o amo desde sempre, mas ele não sente o mesmo por mim, como eu sei disso? Porque ele me deu um fora bem no dia da nossa formatura. Eu criei coragem de me declarar depois de ser incentivada pela senhora Eloise, a mãe dele, levei um fora de categoria. Nunca vou esquecer esse dia. **Memórias on** —Você está linda, minha querida — senhora Eloise falou com a voz doce de sempre. —Muito obrigada! Eu estou me sentindo como a Cinderela e a senhora é a fada-madrinha. Só faltou o príncipe encantado —brinco. —Eu acho que não falta o príncipe não —ela sorri olhando a porta —no quarto ali da frente tem um certo rapaz muito gato, que nesse momento deve está muito bem vestido em seu smoking. Ele pode ser seu príncipe. Eu sinto meu coração saltar no peito, olho a porta e posso apostar que minha cara está bem i****a, mas eu não consigo controlar. A senhora Eloise sabe que eu sou apaixonada pelo Arthur, amo aquele homem e isso tem tempo. A melhor parte é que ela sempre me apoia. —Bem que eu queria, mas não tenho chance — falo sinceramente. —Você já tentou? Vanda, olha só pra você, você é linda, inteligente, meiga. Eu tenho certeza que meu filho não vai recusar uma princesa linda dessa. Eu fiquei me sentindo a maravilhosa, claro! Ouvir um monte de elogios da mulher que eu quero como sogra é o sonho de toda jovem apaixonada, mas nesse caso, o difícil é o filho e não a mãe. —Ele me vê apenas como amiga, não tem nada além disso. —Você já perguntou isso a ele? —Não, mas eu sei que ele não me vê com esses olhos. Senhora Eloise, eu sei muito bem como o Arthur age quando está interessado em alguém. Ele nunca olhou diferente pra mim. —Vá lá e confesse seu amor. Vanda, o amor requer coragem e até alguns sacrifícios, se você nunca ir atrás do meu filho e dizer o que sente, nunca vai saber se dará certo ou não. As mulheres também podem ir atrás, isso é atitude. Eu fiquei super empolgada, emocionada e muito iludida também. Eu resolvi seguir o conselho, resultado? Me ferrei. Paguei o maior mico, foi um fora épico. Ela me ajudou a finalizar a maquiagem e assim que terminei de me arrumar, saímos do quarto. O Arthur já estava nos esperando na sala e estava lindo. —Meu filho, como você está lindo! —senhora Eloise falou indo até ele. —Olha como vocês dois ficam lindos juntos, o príncipe e a princesa. —quase engasguei, ela está querendo me matar de vergonha? O Arthur está parado na minha frente e não falou nada, isso mesmo, ele nem se quer elogiou meu vestido ou cabelo, parece que nem me viu, m*l deu um boa noite seco. —Arthur, a Vanda não está linda? —Sim, ela está muito linda. —Ele respondeu e finalmente me olhou atentamente, meu coração iludido se derreteu. —Muito obrigada! —falei animada. —Você também está lindo. A formatura foi um sucesso, meu pai chorou feito um bebê e eu não fui muito diferente. Nós recebemos nosso diploma e seguimos para o baile. Meu sonho de princesa se realizou parcialmente nesse momento, eu dancei com o Arthur! Imagina o tanto que eu fantasiei sobre esse momento. Na minha cabeça romântica o fato dele ter me tirado para dançar é porque sente o mesmo que eu. Depois da nossa dança eu o segui até um corredor afastado, acho que ele queria um tempo de todas aquelas felicitações e elogios, o Arthur é o primeiro da turma, se formou com notas altíssimas, ele é ótimo. Assim que ficamos sozinhos eu vi a oportunidade perfeita e tomei a decisão de falar: —Arthur, eu posso falar com você? —Puxo seu braço. Ele me encara arqueando a sobrancelha. Por um segundo pareceu que ele já sabe o que quero falar. Eu me aproximo ficando bem na sua frente, que vontade de beijá-lo. —Pode falar, o que foi? —Ele falou seco. —Arthur, eu… eu só… queria… —gaguejo mais do que falo. Estou muito envergonhada. —Vanda, eu acho que sei o conteúdo dessa conversa, mas eu… —Arthur, por favor me escute primeiro —o interrompi, se eu não falar agora, não falo mais —eu sei que nós só temos 17 anos, eu tenho né, você tem 18. Mas eu tenho que falar. Eu gosto de você, gosto muito, na verdade eu te amo! Termino minhas palavras com minha respiração acelerada, estou super nervosa, excitada, envergonhada, tudo ao mesmo tempo. Ele não responde imediatamente, apenas me olha. Tudo bem que ele está surpreso, mas precisava ficar me olhando assim? Ele me olha como se eu tivesse falando um absurdo completo. Eu tento tocar seu rosto, ele segura minha mão, seu toque firme me dá até arrepios. Ele respira fundo e finalmente fala: —Vanda, não cria essas ilusões na sua cabeça. Eu estou estudando ainda, vou começar meu curso de medicina agora e não quero relacionamento. Eu não sinto nada além de amizade por você, não temos nada a ver. Eu abaixo minha cabeça e já sinto todos os meus sonhos românticos indo pelo ralo. Minha fantasia romântica acabou de ter um fim trágico. A Cinderela aqui, ao invés de ser perseguida pelo príncipe no final do baile, acabou levando um belo fora. —Você não sente nada, nem mesmo desejo por mim? —Perguntei decepcionada. Tudo bem, isso é o cúmulo da falta de amor próprio, mas eu sou louca por esse homem. —Vanda —ele segura meu queixo e me faz olhar pra ele —você é uma mulher bonita, isso é inegável. Eu te acho uma gata, mas isso não quer dizer que eu sinto atração s****l ou qualquer tipo de desejo por você —queria que o chão se abrisse para eu me enterrar — eu te vejo como uma irmã, nós fomos criados juntos. Não continue com essa história, não tem sentido nenhum. —Arthur, eu… —Vamos voltar para o salão? —interrompeu minhas palavras —vamos esquecer essa conversa e você não toca mais nesse assunto, ok! **Memórias off** Só de lembrar disso eu sinto raiva, raiva e vergonha. Nós passamos pelos anos de faculdade, ele esfregou na minha cara os namoricos dele, enquanto eu não consegui esquecer esse amor. Estou tentando? Sim, agora eu também estou tendo meus momentos, estou em uma amizade colorida com o Brandon, mas o problema é que não consigo tirar o Arthur do coração. Eu e ele somos como cão e gato, ele agora resolveu pegar no meu pé, está sempre chamando minha atenção. Eu estou muito cansada. Hoje o hospital deu muito movimento, sabe aqueles dias que parece que tudo está meio bagunçado e a gente não consegue se organizar? É assim que estou. Desde que a Alicia foi embora eu perdi minha única amiga, nós ainda estamos tentando encontrá-la, quero dizer, o Oliver, o Arthur e o Brandon também, estão todos procurando; eles estão usando todos os recursos que tem e são muitos, já que os três são milionários, mas ainda não tem respostas. Hoje meu plantão acabou bem tarde e meu pai não pode vir me buscar, então eu tenho que esperar um táxi. —Seu pai não vem te buscar hoje? — Ouço a voz do Arthur atrás de mim. —Não —Respondi seca. Hoje mais cedo eu e o Arthur tivemos mais uma discussão, na verdade o Arthur me chamou a atenção, foi coisa boba, mas me deixou bem chateada principalmente porque ele fez isso na frente de todo mundo. O Arthur está sendo um dos melhores médicos da nova equipe médica do hospital e por ele ser o mais aplicado e ter mais experiência o diretor do hospital deixou ele como chefe da equipe, ou seja ele é quem nos organiza para os trabalhos. Ele é ótimo, super de boa, tanto que o pessoal adora ele, mas comigo ele está sempre chamando a atenção, reclamando, tem uma implicância fora do normal comigo. —Você está com raiva porque eu chamei sua atenção hoje? —Ele solta um longo suspiro. —Não estou. —Vanda, eu conheço você. Você está com raiva, mas sabe que eu tenho razão em falar —bufo —não precisa fazer essa cara Vanda. Você precisa prestar atenção no serviço, semana passada você errou um diagnóstico, isso é muito grave. —Arthur, eu estou nesse hospital há dois anos e eu errei semana passada, você está sendo muito drástico comigo, eu sou humana! —Falo com raiva. Eu sei que estou errada, mas é muito injusto ele só pegar no meu pé. Na semana passada eu não estava muito bem porque apareceu uma amiga de infância dele lá e pra completar a mulher é médica e famosa ainda por cima. Eu lembro dessa mulher, ela vivia direto aqui quando era criança, ficava se jogando pra cima do Arthur. Até hoje ela está interessada nele, eu vi o jeito que ela olhou para o Arthur e ele estava todo meigo com ela, abraçando, dando beijinhos no cangote. Eu fiquei com a cena dos dois na cabeça e acabei ficando meio aérea, daí deu essa merda. —Vanda não adianta vir com esse papinho, você sabe que estava errada e só por isso eu falei com você. Você acha que eu quero seu m*l? Eu só estou tentando ajudar. Eu dou uma risada sarcástica, até parece que ele se importa. A minha situação com o Arthur piorou muito depois que ele foi me buscar lá na delegacia, sei lá, ele parece querer manter distância de mim e quando ele resolve falar comigo é para reclamar ou brigar. —Entra aí que eu vou te dar uma carona. Eu olho pra ele, que revira os olhos sem paciência. Hoje ele nem me deu um mísero sorriso pelos corredores do hospital, nem mesmo na sala de descanso ele falou comigo e agora vem oferecer uma carona? Esse é bipolar. —Anda logo Vanda, eu não tenho a noite toda ! Eu não me faço de difícil, aceitei logo a carona, já estava morrendo de vontade de aceitar mesmo. Eu amo andar no carro dele, tem o cheiro dele em tudo aqui, um cheiro gostoso que me faz viajar longe, nas minhas fantasias. Ele coloca uma música dos Beatles e eu fecho os olhos imaginando nós dois em uma cena romântica e com essa música de trilha sonora. —Ei, acordar! —Eu abri os olhos e vi o rosto do homem mais lindo do planeta na minha frente, dou um sorriso —Você vai ficar rindo feito uma i****a aí ou vai pra casa dormir! Continua...
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